O sentido de um filme visto pelas entrelinhas. Câmeras
estáticas em lugares em movimento, um observador calado que testemunha as
coisas simples e novas tendências do mundo em relação ao trato social,
preconceito, política, imigração e outros assuntos. Fruto da mente visionária
do cineasta palestino Elia Suleiman
(do excelente O Que Resta do Tempo),
onde ele mesmo faz o papel de observador protagonista, O Paraíso deve ser Aqui explica sentimentos por imagens e situações
cotidianas com pitadas saborosas de comédia em muito dos casos. É uma saga de um
calado protagonista e suas percepções do mundo tentando entender e encontrar um
lugar para descansar.
Exibido na última edição da Mostra Internacional de Cinema
de SP, somos testemunhas oculares dos passeios observadores de um homem (Elia Suleiman) e sua busca por
respostas sobre o quão diferente ou não pode ser o mundo e suas tendências. É
um pouco viagem as vezes, é sim! Mas fruto de uma tentativa clara e objetiva a
todo instante de ser original e esse mérito são para poucos no cinema mundial
contemporâneo. O filme foi o Indicado da Palestina ao último Oscar, na
categoria melhor filme estrangeiro, além de ter sido indicado à Palma de Ouro
em Cannes no ano passado.
No universo criativo de um diretor de cinema, enxergamos um
mundo completamos diferente do que imaginamos. A sequência inicial em Paris com
a trilha de I Put a Spell on You é
belíssima, parece que estamos vendo um desfile de forças de gerações e os
contrapontos do que pensamos e a atualidade. Um tapa na cara da indústria cinematográfica
também não fica de fora, a cena com o produtor francês dizendo que o filme não
era tão palestino é algo que chama a atenção e obviamente reflete a mentalidade
capitalista de muitos dos que mexem com a arte nesse instante do mundo.
Um observador necessita de um mundo, suas verdades e seus
conflitos. E nós meros espectadores precisamos refletir e refletir às oportunidades
que a arte nos traz.