As entrelinhas da monotonia de um cotidiano sempre em crise.
Utilizando a tática do ‘ritmo labirintesco’, o que de fato se aproxima da
realidade, Sommer vorm Balkon, no
original, lançado faz 15 anos na Alemanha e dirigido pelo competente cineasta Andreas Dresen explora as ações e
consequências de uma classe média perdida em uma europa em constante
transformações. Os contrapontos entre as idas e vindas dentro das situações da
vida das duas amigas protagonistas coloca o que vemos sempre em pontas opostas,
mostrando dor e sofrimento com pitadas de esperança. O roteiro assinado pelo
alemão Wolfgang Kohlhaase se pergunta
a todo instante, implicitamente falando: afinal, o que é felicidade?
Na trama conhecemos Katrin (Inka Friedrich) e Nick (Nadja
Uhl), duas inseparáveis amigas que estão perto dos 40 anos e ainda não
conseguem encontrar rumos em alguns campos de suas respectivas vidas. Quando a
segunda, uma leitora assídua de Stendhal,
começa um relacionamento com um caminhoneiro que leva tapetes pelas estradas da
Alemanha, a primeira, que enfrenta forte preconceito por sua idade nas
entrevistas de trabalho que vai, entra em certo desespero mas aos poucos começa
a entender melhor toda a situação. Composto por pequenos recortes do cotidiano
dessas duas ótimas personagens, o filme navega pelos conflitos europeus bastante
atuais.
A classe média e seus problemas. Só por tocar nesse tema, o
projeto seria um grande palco para análise de antepassados economistas e
sociólogos. As reflexões do medo mas nunca deixar de tentar, transforma
jornadas em ações longe de uma perfeição nos vários campos da vida: no amor,
nas relações interpessoais, nas profissões. Há uma melancolia no ar que é
facilmente detectada pelos olhos mais atentos, como se as personagens abrissem
portas e sempre do outro lado tem a mesma coisa. Mas por conta disso a fita é honesta
e bastante próxima da realidade, afinal, aqui desse lado da telona o dia a dia
de muitos se reflete a enormes decepções e fragmentos de felicidade que se
tornam poeiras em pouco tempo.