Nossa convidada de hoje trabalhou durante duas décadas como
curadora na área de cinema e vídeo do Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de
Janeiro). A querida cinéfila Katia
Chavarry é formada em comunicação na década de 80 e sempre frequentou os
cinemas cariocas, sendo figura bastante presente em sessões históricas da
cidade maravilhosa.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
CCBB, Estação
Botafogo, Estação Net e Cine Joia.
Gosto da programação de filmes de arte, que não são filmes comerciais, mas sim
de obras exibidas em festivais e selecionadas para o público que prefere esse
perfil de Filmes. E são salas que combinam com os filmes e o público cinéfilo.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Tom e Jerry.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Tenho diversos diretores preferidos, bem difícil. Mas vou
ficar com Ken Loach com Meu nome é Joe e seu primeiro filme, Kess.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Lavoura Arcaica,
porque é uma boa adaptação do livro, a fotografia e cenografia me encantam e os
atores arrasam (difícil responder essa pergunta também...).
5) O que é ser
cinéfilo para você?
É viver assistindo filmes com estruturas, roteiros,
diretores etc diferentes e curtir essa diversidade. Ser cinéfilo é ter uma
paixão maravilhosa, que enriquece a vida.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
Os cinemas com esse perfil de filmes não comerciais sim. O
programador precisa conhecer diretores, filmografias, filmes de diversos
países, estar sempre pesquisando e assistindo a maior quantidade de filmes
possíveis.
7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?
Tenho horror de pensar isso, mas infelizmente quase todos os
cinemas de rua fecharam no Rio de Janeiro. E apesar dos streamings nada será
como a tela grande, que é a paixão dos cinéfilos. Torço para que nunca fechem.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
O Fundo do Coração,
do Coppola.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Infelizmente creio que não, apesar das saudades de ir ao
cinema.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Acho que o cinema nacional é bastante especial, reconhecido
internacionalmente, inclusive com diversos atores participando de filmes de
outras nacionalidades.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Nunca escolhi um filme nacional por ator/atriz, e sim pelo
diretor ou temática.
12) Defina cinema com
uma frase:
Como disse Samuel
Fuller em Pierrot le Fou, do Godard: “um filme é como um campo de
batalha. Amor. Ódio. Ação. Violência. Morte. Em uma só palavra: Emoção.”
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Quando eu era curadora de cinema no CCBB realizamos uma
mostra do Rosa Von Pronheim e no
meio da sessão de um filme que não lembro o nome alguém gritou “esse filme é
uma merda, só tem viado”! E outro expectador respondeu: “então por que você não
vai embora?”. Gargalhada geral. E uma vez no Cine Joia, na exibição de um filme de Jonas Mekas, o público foi saindo aos poucos e uma senhora, quase
na porta virou e disse: “Tchau, boa tarde.”
Foi bastante divertido.
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Infelizmente não assisti.
15) Qual o pior filme
que viu na vida?
Não gosto de Olga.
16) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Não necessariamente, mas conhecer filmografias diversas é
bastante enriquecedor.