22/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #54 - Leonardo Ribeiro

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é formado em publicidade e trabalha como redator na área. Apaixonado por cinema e pela escrita, decidiu unir as duas coisas como um hobby e em 2012 começou a escrever críticas em um blog pessoal, o Olhares em Película (https://olharesempelicula.wordpress.com). Leonardo Ribeiro, dono de pensamentos super engraçados e curiosos que coloca em sua timeline do Facebook, escreveu também para o site Cult Cultura, por cerca de um ano, e em 2015 foi convidado para ser um colaborador do Papo de Cinema, onde segue escrevendo até hoje.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Fico dividido entre o CineSESC e o Belas Artes. A primeira é a minha favorita como espaço físico, desde o bar/café até a tela gigante, e a seleção dos títulos, mostras e festivais é ótima também. Mas o fato de ser apenas uma sala não permite tanta variedade na programação diária. Nesse ponto, o Belas Artes leva vantagem (pela quantidade de salas) e tem também o peso histórico do lugar.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Tenho uma memória afetiva de Aladdin (primeiro filme que me lembro mesmo de ter assistido em uma sala de cinema), mas como lembrança mais consciente de “um lugar diferente”, acho que foi com Ronin, do John Frankenheimer. Filme que gosto muito até hoje e acho bem subestimado até.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Difícil não responder de cara Hitchcock e Um Corpo Que Cai, mas vou escolher outro que admiro igualmente: Michael Cimino. E como favorito dele, O Portal do Paraíso, que tive a chance de (re)ver justamente na tela do CineSESC. Talvez a melhor experiência em sala de cinema que já tive. E pra falar de um entre os que estão vivos, James Gray, com Amantes” sendo meu predileto.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

São Paulo, Sociedade Anônima, por conta do refinamento em todos os quesitos (estético, narrativo, crítico) que lembra uma mistura de Resnais com Rossellini, mas ao mesmo tempo com uma personalidade única. 

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho que é vivenciar o cinema para além do simples ato de assistir a filmes com alguma regularidade. Deixar que eles façam parte da sua vida em outras esferas e não apenas no momento em que se está diante da tela.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que boa parte sim, mas não a “maior” parte.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Por mais que o momento atual do mundo possa fazer com que repense um pouco, no fim, ainda acredito (e espero) que não. Acho que sempre existirão pessoas resistindo e defendendo a experiência de estar em uma sala de cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Quatro Noites com Anna, do Jerzy Skolimowski. Grande parte da filmografia dele, por sinal, merecia ser mais vista.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Mesmo sabendo, e lamentando, que as consequências possam ser definitivas, especialmente para os cinemas de rua, a preservação do bem-estar coletivo deve prevalecer.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho a safra nacional dos últimos anos muito boa. Bastante rica, diversa. Se abrindo mais ao cinema de gênero (como o de terror) e até mesmo conseguindo encontrar um equilíbrio maior entre o comercial e o experimental.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Júlio Bressane, talvez o último grande “inventor” do nosso cinema ainda em atividade.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O primeiro e o melhor refúgio.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema

Nâo me lembro de ter vivido nenhum momento muito inusitado, mas lembro de alguns divertidos, como uma sessão com apenas 5 pessoas na sala, incluindo uma mulher que se arrependeu de ter comprado um “Combo Jumbo” de pipoca e decidiu dividir comigo e com os outros 3 espectadores antes do começo do filme. A debandada geral (nos primeiros 5 minutos) de um grupo de senhoras que definitivamente esperava outra coisa de algo com o título Love (o do Gaspar Noé). Ou o atendente da bilheteria que ficou um pouco confuso na hora de vender um ingresso para um filme chamado O Próximo Filme, que foi exibido na Mostra SP de 2013.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Como nunca assisti na íntegra (apenas alguns trechos aleatórios no Youtube) definiria como “Um mistério ainda a ser decifrado”.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo? 

Para simplesmente dirigir, talvez não. Porém, para ser um grande diretor, sim.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Tem um marcante pra mim, pois quando era moleque me gerou expectativas, e já na época as frustrou: Mortal Kombat - A Aniquilação. Dia desses estava passando na TV e tentei rever por certa nostalgia, mas desisti na primeira meia hora.