Nosso entrevistado de hoje é formado em publicidade e
trabalha como redator na área. Apaixonado por cinema e pela escrita, decidiu
unir as duas coisas como um hobby e em 2012 começou a escrever críticas em um
blog pessoal, o Olhares em Película (https://olharesempelicula.wordpress.com).
Leonardo Ribeiro, dono de
pensamentos super engraçados e curiosos que coloca em sua timeline do Facebook,
escreveu também para o site Cult Cultura,
por cerca de um ano, e em 2015 foi convidado para ser um colaborador do Papo de Cinema, onde segue escrevendo
até hoje.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Fico dividido entre
o CineSESC e o Belas Artes. A primeira é a minha favorita como espaço físico,
desde o bar/café até a tela gigante, e a seleção dos títulos, mostras e
festivais é ótima também. Mas o fato de ser apenas uma sala não permite tanta
variedade na programação diária. Nesse ponto, o Belas Artes leva vantagem (pela quantidade de salas) e tem também o
peso histórico do lugar.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Tenho uma memória afetiva
de Aladdin (primeiro filme que me
lembro mesmo de ter assistido em uma sala de cinema), mas como lembrança mais
consciente de “um lugar diferente”, acho que foi com Ronin, do John Frankenheimer.
Filme que gosto muito até hoje e acho bem subestimado até.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Difícil não
responder de cara Hitchcock e Um Corpo Que Cai, mas vou escolher
outro que admiro igualmente: Michael
Cimino. E como favorito dele, O
Portal do Paraíso, que tive a chance de (re)ver justamente na tela do CineSESC. Talvez a melhor experiência
em sala de cinema que já tive. E pra falar de um entre os que estão vivos, James Gray, com Amantes” sendo meu predileto.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
São Paulo, Sociedade Anônima, por conta do refinamento em todos
os quesitos (estético, narrativo, crítico) que lembra uma mistura de Resnais com Rossellini, mas ao mesmo tempo com uma personalidade única.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Acho que é vivenciar
o cinema para além do simples ato de assistir a filmes com alguma regularidade.
Deixar que eles façam parte da sua vida em outras esferas e não apenas no
momento em que se está diante da tela.
6) Você acredita
que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas
por pessoas que entendem de cinema?
Acredito que boa
parte sim, mas não a “maior” parte.
7) Algum dia
as salas de cinema vão acabar?
Por mais que o
momento atual do mundo possa fazer com que repense um pouco, no fim, ainda
acredito (e espero) que não. Acho que sempre existirão pessoas resistindo e
defendendo a experiência de estar em uma sala de cinema.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Quatro Noites com Anna, do Jerzy Skolimowski. Grande parte da filmografia dele, por sinal,
merecia ser mais vista.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Não. Mesmo sabendo,
e lamentando, que as consequências possam ser definitivas, especialmente para
os cinemas de rua, a preservação do bem-estar coletivo deve prevalecer.
10) Como você
enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Acho a safra
nacional dos últimos anos muito boa. Bastante rica, diversa. Se abrindo mais ao
cinema de gênero (como o de terror) e até mesmo conseguindo encontrar um
equilíbrio maior entre o comercial e o experimental.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Júlio Bressane, talvez o último grande “inventor”
do nosso cinema ainda em atividade.
12) Defina cinema
com uma frase:
O primeiro e o
melhor refúgio.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema
Nâo me lembro de
ter vivido nenhum momento muito inusitado, mas lembro de alguns divertidos,
como uma sessão com apenas 5 pessoas na sala, incluindo uma mulher que se
arrependeu de ter comprado um “Combo Jumbo” de pipoca e decidiu dividir comigo
e com os outros 3 espectadores antes do começo do filme. A debandada geral (nos
primeiros 5 minutos) de um grupo de senhoras que definitivamente esperava outra
coisa de algo com o título Love (o
do Gaspar Noé). Ou o atendente da
bilheteria que ficou um pouco confuso na hora de vender um ingresso para um
filme chamado O Próximo Filme, que
foi exibido na Mostra SP de 2013.
14) Defina
'Cinderela Baiana' em poucas palavras...
Como nunca assisti
na íntegra (apenas alguns trechos aleatórios no Youtube) definiria como “Um
mistério ainda a ser decifrado”.
15) Muitos
diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme
um cineasta precisa ser cinéfilo?
Para simplesmente
dirigir, talvez não. Porém, para ser um grande diretor, sim.
16) Qual o pior
filme que você viu na vida?
Tem um marcante pra
mim, pois quando era moleque me gerou expectativas, e já na época as frustrou: Mortal Kombat - A Aniquilação. Dia
desses estava passando na TV e tentei rever por certa nostalgia, mas desisti na
primeira meia hora.