27/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #62 - Sergio Vaz


 O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo e tem na bagagem mais de cinco décadas de amor ao cinema. Sergio Vaz não é crítico. Ele apenas gosta de filmes. Cinéfilo raiz! Começou a assistir filmes a uns 50 anos atrás, fato que dá nome ao seu excelente blog sobre cinema (http://50anosdefilmes.com.br/). Para contar um pouquinho da história desse mineiro quase paulista apaixonado por sétima arte, conversamos com Sergio para esse especial feito de cinéfilo para cinéfilo.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

São Paulo, felizmente, tem boas salas de cinema com programação diversificada, bons filmes de bons realizadores de diversos países – muito cinema europeu, latino-americano, asiático, e não só os blockbusters de Hollywood. Temos o Reserva Cultural, o Belas Artes e os Espaços Itaú de Cinema em três diferentes endereços. O motivo da escolha já foi especificado: são salas que têm boa programação, diversificada, não apenas os grandes sucessos do cinemão comercial.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Essa é uma pergunta difícil de responder, Raphael. Comecei a anotar em um caderninho os filmes que via aos 12 anos, mas já ia bastante ao cinema antes disso, em Belo Horizonte, a cidade em que cresci, e que tinha bons cinemas. Não dá para lembrar de um filme específico, mas digo dois que me impressionaram demais quando eu era bem garoto: West Side Story e Giant.

 

3) Qual seu filme nacional favorito e por quê?

Todas as Mulheres do Mundo. É belo, inteligente, divertido, alto astral, bem feito em todos os quesitos.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Simples: é quem ama filmes. Quem não poderia viver sem ver filmes.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Há muitos cinemas que nem têm propriamente um programador. Pertencem a cadeias, são parte de uma engrenagem.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Talvez. No dia em que acabarem os jornais, os livros, o rádio, a televisão...

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Magnífico/Le Magnifique, de Philippe de Broca, de 1973. Uma pérola, uma delícia. http://50anosdefilmes.com.br/2009/o-magnifico-le-magnifique/

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que não. Ambientes fechados são extremamente propícios à contaminação pelo vírus.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Rico, variado, multifacetado. Infelizmente, está sofrendo um pesadíssimo golpe com o desgoverno Bolsonaro – e ainda teve e está tendo a pandemia para prejudicar quem faz cinema.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não tenho um preferido assim.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O cinema é a arte que reúne várias outras.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Final de uma sessão das 19h30 no gigantesco Cine Astor, em São Paulo, ali por 1966. O filme era Marnie, Confissões de uma Ladra, do Hitchcock. Enquanto eram abertas as portas para a saída, foram abertas lá atrás as portas para a entrada dos espectadores da sessão das 22h. Olhei pra trás, enquanto me encaminhava para a saída, e fiquei impressionado com a horda de gente que entrava. Vários jovens, para ganhar tempo e evitar os corredores lotados, pulavam por cima das cadeiras.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Rapaz, não vi a preciosidade.

 

 

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho estranho uma pessoa que não ama ver filmes escolher a profissão de fazer filmes. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vixe... Ah, são muitos... Não saberia escolher um só... Mas dou alguns exemplos de filmes que não consegui ver até o fim:

A Espera/L’Attesa, de Piero Messina, Itália-França, 2015.

Uma, de Benedict Andrews, Inglaterra-Canadá-EUA, 2016.

15 Minutos/15 Minutes, de John Herzfeld, EUA, 2001.

A Bela Junie/La Belle Personne, de Christophe Honoré, França, 2008.