O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo e tem na bagagem mais
de cinco décadas de amor ao cinema. Sergio
Vaz não é crítico. Ele apenas gosta de filmes. Cinéfilo raiz! Começou a assistir
filmes a uns 50 anos atrás, fato que dá nome ao seu excelente blog sobre cinema
(http://50anosdefilmes.com.br/).
Para contar um pouquinho da história desse mineiro quase paulista apaixonado
por sétima arte, conversamos com Sergio para esse especial feito de cinéfilo
para cinéfilo.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
São Paulo, felizmente, tem boas salas de cinema com
programação diversificada, bons filmes de bons realizadores de diversos países
– muito cinema europeu, latino-americano, asiático, e não só os blockbusters de
Hollywood. Temos o Reserva Cultural,
o Belas Artes e os Espaços Itaú de Cinema em três
diferentes endereços. O motivo da escolha já foi especificado: são salas que
têm boa programação, diversificada, não apenas os grandes sucessos do cinemão
comercial.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Essa é uma pergunta difícil de responder, Raphael. Comecei a
anotar em um caderninho os filmes que via aos 12 anos, mas já ia bastante ao
cinema antes disso, em Belo Horizonte, a cidade em que cresci, e que tinha bons
cinemas. Não dá para lembrar de um filme específico, mas digo dois que me
impressionaram demais quando eu era bem garoto: West Side Story e Giant.
3) Qual seu filme
nacional favorito e por quê?
Todas as Mulheres do
Mundo. É belo, inteligente, divertido, alto astral, bem feito em todos os
quesitos.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Simples: é quem ama filmes. Quem não poderia viver sem ver
filmes.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas
que entendem de cinema?
Não. Há muitos cinemas que nem têm propriamente um
programador. Pertencem a cadeias, são parte de uma engrenagem.
7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?
Talvez. No dia em que acabarem os jornais, os livros, o
rádio, a televisão...
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
O Magnífico/Le
Magnifique, de Philippe de Broca,
de 1973. Uma pérola, uma delícia.
http://50anosdefilmes.com.br/2009/o-magnifico-le-magnifique/
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Acho que não. Ambientes fechados são extremamente propícios
à contaminação pelo vírus.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Rico, variado, multifacetado. Infelizmente, está sofrendo um
pesadíssimo golpe com o desgoverno Bolsonaro – e ainda teve e está tendo a
pandemia para prejudicar quem faz cinema.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Não tenho um preferido assim.
12) Defina cinema com
uma frase:
O cinema é a arte que reúne várias outras.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.
Final de uma sessão das 19h30 no gigantesco Cine Astor, em São Paulo, ali por 1966.
O filme era Marnie, Confissões de uma
Ladra, do Hitchcock. Enquanto
eram abertas as portas para a saída, foram abertas lá atrás as portas para a
entrada dos espectadores da sessão das 22h. Olhei pra trás, enquanto me
encaminhava para a saída, e fiquei impressionado com a horda de gente que
entrava. Vários jovens, para ganhar tempo e evitar os corredores lotados,
pulavam por cima das cadeiras.
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Rapaz, não vi a preciosidade.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Acho estranho uma pessoa que não ama ver filmes escolher a
profissão de fazer filmes.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Vixe... Ah, são muitos... Não saberia escolher um só... Mas
dou alguns exemplos de filmes que não consegui ver até o fim:
A Espera/L’Attesa,
de Piero Messina, Itália-França,
2015.
Uma, de Benedict Andrews,
Inglaterra-Canadá-EUA, 2016.
15 Minutos/15 Minutes,
de John Herzfeld, EUA, 2001.
A Bela Junie/La Belle
Personne, de Christophe Honoré,
França, 2008.