26/08/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #61 - Maria Dulce Saldanha

O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

Nossa entrevistada de hoje é carioca, formada no teatro e na dança. Depois de participar de inúmeros espetáculos teatrais, Maria Dulce Saldanha passou alguns anos fora do país, onde começou a produzir cinema.  Ao regressar fundou no Rio a Cinelândia Produções, onde produziu dois longas de ficção: Meteoro de Diego de la Texera e Através da Sombra de Walter Lima Jr.  Com ambos percorreu inúmeros festivais tais como Festival de San Sebastián, The Chicago International Film Festival, Festival do Rio, Mostra de São Paulo, Festival de Toulouse, entre outros.  Produziu os curtas Beso de Bala, de Diego de La Texera, na Nicarágua e Na Cola do Sapateado, viajando pelo Brasil, que também dirigiu. No teatro produziu e escreveu o musical Na Cola do Sapateado, que está sendo adaptado para o cinema. Produziu o programa BRASIL DE TODOS OS RITMOS, que será exibido no Canal Music Box Brasil, em 2020. Produziu e lançou o livro Sandino! A última guerra bananeira, de Diego de la Texera e O Olho e a Mão de Sérgio Nazar David.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Espaço Itaú de Cinema.  É um cinema de rua, com salas super confortáveis e uma programação muito eclética, onde você assiste a filmes incríveis de arte e outros mais comerciais.  Mas sempre filmes bons.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Aventuras do Tio Maneco, dirigido pelo Flávio Migliaccio e produzido pelo Roberto Farias.  Eu era muito criança, e já tinha assistido algumas animações da Disney como Pinóquio e Branca de Neve. Mas esse era um filme brasileiro e com gente de verdade.  Fiquei arrebatada.  E assisti no RIAN, que era um cinema lindo na Avenida Atlântica.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Muito difícil responder essa pergunta, mas, Federico Felinni.  E o filme é La Strada.  Mas poderia citar mais muitos incrivelmente maravilhosos.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Há vários, mas o Central do Brasil sempre me arrebata com sua simplicidade e beleza.  Pra mim, um filme perfeito.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é sentir que a vida sem cinema não tem muita graça.   É aquele que gosta de ver um filme, mesmo quando ele é ruim, só pela experiência de ver um filme.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A maior parte dos cinemas de arte sim.  Mas é complexo, porque há muitos fatores envolvidos quando se faz a programação de um cinema.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Só se o mundo acabar.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram, mas é ótimo.

O francês Le Roi du Coeur, traduzido como Esse mundo é dos Loucos do Philippe de Broca.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho, mas não agora, pois estamos no auge da pandemia.  Tem que baixar muito antes das salas reabrirem e tanto administradores, como público têm que ir com muita responsabilidade.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Amo! Acho que temos grandes filmes, de gêneros variados, super bem dirigidos e produzidos.  Sou fã. 

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Walter Salles.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A maior diversão!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Duas dondocas da Zona Sul do Rio, que começaram a sair no tapa no Cinema Leblon I, por conta de um assento.  Foi surreal! Aliás aquele cinema era lindo, num dos bairros mais nobres do Rio e eu sempre ia, porque morava lá, mas tinha o público mais mal educado que conheci.  Era uma baixaria total.  Tinha um tarado assíduo, que tentou me assediar várias vezes, dos 11 aos 45 anos. Era quase que uma tradição. Tinha gente falando no celular aos berros, gente conversando, enfim, a cara da elite carioca.  Mas mesmo assim eu amava e ia quase todos os dias.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Muito engraçado. Um clássico! rsrsrsrsrs

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente um cinéfilo, mas se não tiver uma boa cultura cinematográfica, fica difícil. 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Meu Deus! São tantos! Cinderela Baiana, pode ser?

 

17) Qual seu documentário preferido?

El Salvador, el Pueblo Vencerá, de Diego de la Texera. Um documentário sobre a guerrilha de El Salvador.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Muitas vezes!  No documentário do Michael Jackson cheguei a gritar no meio da sessão.  Depois fiquei morrendo de vergonha.