O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nosso entrevistado de hoje é um fã incondicional de cinema. Rodrigo
Mendes ama devorar os filmes todos os dias. Um dia sem um filminho nem que seja
de 90 minutos é um dia cinzento. Adora escrever sobre cinema e sua maior paixão
são os filmes do mestre do Thriller Alfred
Hitchcock. Se formou em Comunicação Social em várias áreas, jornalismo,
rádio e televisão e produção editorial. Fez curso de cinema com Walter Webb,
expandindo seu conhecimento que nasceu dessa paixão cinéfila. Paralelo a isso,
foi blogueiro de cinema por muitos anos. Atualmente escreve no Facebook, mas
ainda tem uma página na internet sobre crítica cinematográfica: http://cinemarodrigo.blogspot.com.br/
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Petra Belas Artes.
Pelo cuidado em trazer filmes alternativos normalmente nunca exibidos em
cinemas de shopping. Tenho predileção pelo Cinema de Rua, mais íntimo e
charmoso.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Quando criança lembro de ter gostado de Os Caçadores da Arca Perdida, do Spielberg, tive essa sensação de ser transportado para um lugar
mágico e diferente da minha realidade, mesmo que tenha visto na TV aberta pela
primeira vez.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Alfred Hitchcock.
Ousadia perguntar (risos!) votarei em Psicose.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
O Bandido da Luz
Vermelha, do Rogério Sganzerla.
Um filme seminal em vários aspectos, original e ousado. Um Thriller de Ficção
policial com uma linguagem que nem mesmo Orson Welles faria melhor.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Amar os filmes e o cinema incondicionalmente. Acompanhar as
novidades, gostar realmente e sentir prazer em assistir filmes
despretensiosamente. Não se trata em saber mais que os outros, apenas conhecer
os filmes e mergulhar naquela história sendo contada na tela.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
Nos grandes circuitos comerciais, creio, ser algo raro. Não
conheço (pessoalmente de trocar ideias olho no olho) pessoas que trabalham
nesse ramo. Acredito que em shoppings a coisa seja mais mecânica. Filme X
arrasa-quarteirão trará lucro e, portanto, terá mais horários e salas. Filmes
independentes dependem de exibidores em cinemas de rua, com público específico.
7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?
Impossível. Só acabaram as arenas de Gladiadores (risos!). O
teatro, estádio de futebol, restaurantes e cinemas (e TV) são divertimentos que
fazem parte da história humana. Quando a televisão nasceu temiam a mesma coisa
e isso nunca aconteceu.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Corrida Sem Fim (Two-Lane Blacktop), 1971, de Monte Hellman.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
De maneira alguma. É uma questão de saúde pública. Não
precisamos desta histeria coletiva de voltar imediatamente para uma sala de
exibição em meio a uma pandemia.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Os filmes brasileiros nunca foram uma decepção para mim em
todas as suas fases históricas. É claro que existem alguns filmes irregulares,
mas isso independe da época de seu lançamento. Atualmente acho que os (as)
diretores (as) espelham um nível de produção mais comercial que outrora. E,
sim, os gêneros cinematográficos atualmente apresentam mais diversidade e ousam
um pouco mais com filmes que não seguem um padrão brasileiro. Sinfonia da Necrópole (2014), de Juliana Rojas é bom um exemplo.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Diretor? Kleber
Mendonça Filho.
12) Defina cinema com
uma frase:
Sentar na poltrona, apagar a luz e me entregar.... e vou
parafrasear Margo Channing: “Apertem
seus cintos. Vai ser uma noite turbulenta".
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Aconteceu numa sessão retrospectiva no "Clássicos Cinemark", o filme era O Poderoso Chefão. Uma senhora sentou
ao meu lado e me perguntou se dava para abaixar o volume por estar alto demais!
A anedota aconteceu no exato momento em que Michael Corleone atira no Capitão
McCluskey. Só respondi um educado NÃO com a cabeça!
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
"Me dê isso menina, você devia estar brincando e
estudando, não jogada na estrada, para ganhar uns míseros trocados pra matar a
fome. Vai passarinho, você como as crianças também tem o direito à liberdade.
De que adianta essas campanhas demagógicas, se essas crianças continuam aqui na
estrada e com fome. Todos os pequeninos merecem proteção, alimentação, amor e
paz". Depois é só SEGURAR O TCHAN!!!! [detalhe que a coreografia está fora
de sincronia com a música!]
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
O diretor deve conhecer o ramo em que atua e isso inclui
assistir filmes, muitos filmes! Estar antenado e conhecer bem o ofício e a
indústria cinematográfica. Acho vaidade não apreciar, reconhecer ou mesmo
criticar, falar sobre, numa boa, filmes de colegas e dos cineastas mais antigos
que inspiram gerações. Será que um maestro é capaz de reger uma orquestra sem
ter ouvido Mozart? Difícil.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
The Room (2003),
de Tommy Wiseau.
17) Qual seu
documentário preferido?
Cabra Marcado Para
Morrer (1984), de Eduardo Coutinho.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Nunca. Sou muito quieto numa sala de cinema e mesmo em casa.
Prefiro terminar a sessão em silêncio e só depois me manifestar. O mais legal é
fazer isso numa roda de amigos tomando cafezinho ou na internet, escrever sobre
o filme e promover os debates virtuais.