A comédia como forma de análise superficial sobre as dinâmicas mundanas. Não é de hoje que Seth Rogen procura trabalhos onde a comédia camufla críticas sociais que não são profundas mas que deixam lacunas interessantes quando enxergamos as analogias e ou entrelinhas daquilo que quer ser dito. Em An American Pickle, produzido por Seth e o tendo como protagonista, encontramos vários tipos de situações lógicas em relação a interpessoalidade, mídias sociais e trabalho na ótica inusitada de um homem que parou no tempo e retornou cem anos depois. Debutando em longas-metragens, Brandon Trost assina a direção.
Na trama, baseada numa história de Simon Rich (que assina o roteiro do filme) conhecemos Herschel
Greenbaum (Seth Rogen) um imigrante
que vai para os Estados Unidos em busca de oportunidades e acaba indo trabalhar
em uma fábrica de picles até se envolver em um acidente que o deixa preso em um
reservatório de picles durante cem anos. Quando acorda, de maneira bastante
inusitada, acaba sendo levado aos cuidados de seu único parente vivo Ben
Greenbaum (também Seth Rogen), seu
bisneto. Juntos, tentarão se entender em um mundo cheio de oportunidades mas
totalmente novo para Herschel.
O exercício quase estrambótico de An American Pickle tem bons momentos que nos levam a reflexões
mesmo que a dose ácida da comédia de Rogen acabe desviando aos poucos o foco do
pensar. Aborda temas como tecnologia, redes sociais, opinião pública, família,
trabalho, política de imigração... há uma certa crítica em todo o percurso dos
personagens. Os arcos são bem arrumados, de certo ponto até corridos, mas nada
que atrapalhe o ritmo. Pode ser que alguns se incomodem com alguns diálogos
repletos de palavras ao vento feitas para rir, mas esse riso do absurdo quase
sempre é camuflado por uma entrelinha interessante de analisar.
Navegando nos gêneros, como comédia funciona na maior parte
do tempo, como stand up de Rogen nem tanto, como drama é uma boa comédia.