Nunca, raramente, as vezes, sempre. Seu coração pode estar partido hoje mas amanhã à luz da manhã. Ganhador de prêmios esse ano nos Festivais de Berlim e Sundance, um dos filmes mais comentados desse ano atípico para a civilização mundial, Never Rarely Sometimes Always, escrito e dirigido pelo cineasta nova iorquina Eliza Hittman, traz ao público um recorte de um tema polêmico, o aborto, de maneira dura e necessária para gerar a reflexão de todos nós do lado de cá da tela. A protagonista, interpretada por Sidney Flanigan (em seu primeiro filme como atriz) é o retrato de muitas mulheres espalhadas pelo mundo, as escolhas que ela tem e as decisões que toma em um mundo de informações instantâneas mas tão distante para pessoas que ainda estão aprendendo sobre a vida. É um filme com cenas fortes, onde se expressa toda a dor e conflitos da protagonista. Impressiona a captação das emoções pelas lentes sensíveis de Hittman.
Na trama, conhecemos Autumn (Sidney Flanigan), uma jovem introspectiva de 17 anos que trabalha
como caixa de supermercado enquanto termina a escola e que está passando por
uma situação complicada e difícil, se sentindo sozinha, muito por medo de
contar à família, medo das reações dos que giram ao seu redor. Buscando
entender melhor a situação que vive, vai em busca de soluções que acha as que
tem que tomar, ouvindo especialistas em clínicas femininas. Como mora no
interior dos EUA, resolve embarcar em uma viagem para Nova Iorque, junto com
sua prima e única confidente Skylar (Talia
Ryder) para tomar decisões complicadas e tentar seguir em frente com sua vida.
As causas da reclusão emocional e suspiros de alegria pela
música, um cruzamento de sentimentos. Uma série de problemas ligados às emoções
estão contidas na vida da personagem principal, não só provocado pela situação
da gravidez que se encontra. O filme abre espaço para outros temas que machucam
as mulheres, principalmente sobre o assédio, exemplificado no da própria
protagonista e o no da prima, os exemplos são muitos que assim como no filme
nessa nossa sociedade ainda muito machista. Deixando claro argumentos profundos
e contextualizados sobre dores e escolhas Never Rarely Sometimes Always possui 100 minutos de muitas histórias, não só
desse recorte. Um filme importante para debates cada vez mais intensos e
necessários sobre os temas abordados. Um belo trabalho da diretora e roteirista
Eliza Hittman.