A busca inconsequente da hipotenusa. Com pitadas generosas de comédia, o longa-metragem argentino reúne o carisma de dois artistas consagrados para mostrar um fato inusitado que realmente aconteceu na Argentina, um dos maiores roubos à banco do planeta. Em O Roubo do Século, dirigido pelo cineasta Ariel Winograd (que estava na equipe do ótimo O Plano Perfeito (2006)) percebemos referências cinéfilas por todos os lados e principalmente a filmes sobre roubos, até a trilha sonora faz lembrar. O roteiro de Alex Zito e Fernando Araujo é bem definido deixando entendermos melhor os motivos (se é que existiam) e as personalidades dos envolvidos na ação. Os ótimos Guillermo Francella e Diego Peretti comandam as ações nesse simpático projeto.
Na trama, acompanhamos Fernando (Diego Peretti) um homem de meia idade, fumante, falador que vai ao psicólogo
toda semana buscando encontrar algum sentido para sua vida. Certo dia, após
sair da aula de Jiu Jitsu, próximo a uma locadora encapada por diversos filmes
clássicos do cinema, percebe que o banco que fica de frente à locadora pode ser
roubado e o dinheiro ser ‘resgatado’ por uma correnteza de água que passa por
debaixo daquela parte da cidade. Assim, resolve ir atrás de ajuda e acaba
encontrando algumas outras pessoas fundamentais para o sucesso do plano, entre
eles, Luis Mario (Guillermo Francella)
um trambiqueiro e ladrão conhecido da região.
Um pai de família, um casal, um experiente malandro e ladrão, um
religioso, um líder desajustado. A bordo de uma Kombi precária, os elementos
vão de um lado para o outro buscando a perfeição em um plano repleto de achismos
mas que de certa forma era possível com as informações que ele possuíam naquele
momento. O tom cômico acompanha boa parte dos diálogos o que faz tirar risos
improváveis (pelo nível de tensão alcançado em alguns momentos) do espectador.
Os insights de um líder atrapalhado. Muitos dos arcos
iniciais giram em torno da criação do plano, quase uma preparação com ritmo
mais balanceado do roteiro preparando para a arrancada final que podemos chamar
de conclusão. Nesse tipo de história, baseada em fatos reais, fica muito
difícil saber o que de fato foi verdade o que é fato e o que é licença poética
para o filme ter ritmo/andamento. Mas o que importa como cinema é que o projeto
funciona e agrada bastante.