O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Curitiba (Paraná).
Ana Johann tem 41 anos, é roteirista
e diretora, tem especialização em documentário pela Universidade de Barcelona e
é Mestra em Comunicação e Linguagem. Um
Filme para Dirceu (2012), seu primeiro longa-metragem documental foi prêmio
especial de júri no 45° Festival de
Brasília de Cinema Brasileiro. Notícias da Rainha (2013) ganhou o
prêmio de melhor filme no FENcine,
festival de diretoras mulheres do Chile. A
mesma parte de um Homem (2021), seu primeiro longa de ficção estreou na
Mostra Aurora do 24° Festival de Tiradentes e ela recebeu o prêmio destaque
feminino Helena Ignez. Com o roteiro do longa Terrestre foi selecionada para o Laboratório internacional da
Fundacion Carolina. É professora de roteiro desde 2013 em diversas
instituições. Para saber mais consulte www.anajohann.com.br
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Meu cinema preferido é o Cine Passeio que foi inaugurado há poucos anos na Rua Riachuelo.
Ele tem salas menores e fica na rua, tem café e espaço para conversar,
encontrar amigos, além de uma excelente programação de filmes.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Eu nasci e vivi na vila rural até meus quinze anos e fui
pela primeira vez ver um filme no cinema aos dezessete. Me lembro muito bem
porque me marcou. Vi Guerra dos Canudos de
Sérgio Rezende e como tinha apenas
visto filmes pela televisão, comecei a observar aonde terminava uma cena e
começava outra, o corte. Depois um filme que me marcou na sequência foi Paris Texas, de Win Wenders.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Não é uma pergunta fácil porque tem vários, mas vamos lá. A
minha diretora preferida é a Andrea
Arnold com o filme Fish Tank.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Durval Discos, de
Anna Mulayert. Esse filme pra mim é
uma potência de história, de estudo de seres e das relações assim como a
poética que ela desenvolve em torno do cavalo.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Ser cinéfilo é se encantar pelo modo como o cinema pode ser
um extrato de mundo e das relações.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
Eu imagino que sim, seja uma programação mais voltada para o
entretenimento ou para o cinema autoral, os programadores sabem o que estão
fazendo.
7) Algum dia as
salas de cinema vão acabar?
Eu acredito que as coisas não acabam, elas se transformam,
passam por revisão. Acredito que vai ficar cada vez mais restrito, mas o cinema
sempre será um lugar especial de experiência muito diferente de ver um filme no
computador, no celular ou na televisão.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Lazzaro Felice,
de Alice Rohwacher, inclusive
disponível no Netflix.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Não.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Nos vínhamos em uma ascendência com políticas de
desenvolvimento tanto para roteiro quanto para outros setores no cinema autoral
e de entretenimento. Mas no momento muitas ações em andamento foram interrompidas
de forma deliberada pelo governo.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Ana Mulayert, Jorge
Furtado, Karim Ainouz, Renata Pinheiro.
12) Defina cinema com
uma frase:
Cinema é um lugar de síntese e experiência do humano.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Infelizmente não me aconteceu nenhuma história inusitada
dentro do cinema.
14) Defina ‘Cinderela
Baiana’ em poucas palavras...
Passo essa pergunta.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Precisa gostar de ver filmes, de sentir o mundo desta forma.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Muitos.
17) Qual seu
documentário preferido?
Camelos também choram.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Já. Em festival de cinema isso acontece muito.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Adaptação de Charlie Kaufman.
20) Qual site de
cinema você mais lê pela internet?
Não tenho um em específico.