20/03/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #327 - Júlia Pulvirenti


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Porto Alegre (Rio Grande do Sul). Júlia Pulvirenti tem 25 anos, é jornalista e crítica de cinema pelo Canal Claquete e Cineplot. Ela também é Mestranda em Comunicação pela PUCRS e estuda a influência dos streamings nos hábitos de consumo dos espectadores e como isso afeta o cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Espaço Itaú de Cinema, no Bourbon Country. Tem sempre opções mais interessantes que não estão disponíveis nas salas tradicionais.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Mulholland Drive, do David Lynch. Vi em 2017 e até hoje segue sendo o meu preferido da vida. Foi minha porta de entrada a esse mundo lindo da cinefilia.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Ingmar Bergman. Filme favorito dele: Fanny e Alexander.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Falsa Loura - Carlos Reichenbach. O diretor mostra muito bem uma cidade em decadência, com um aspecto vulgar, e como os seus indivíduos estão ligados a isso. É sobre relações falsas, futuro incerto e as mentiras que contamos para nós mesmos. Só há um destino possível e não há como fugir disso. Obra-prima!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É mais do que gostar de assistir filmes. É realmente amar cinema. Muitas pessoas acham que gostam de cinema porque assistem muitos filmes. Mas isso não quer dizer que a pessoa está sentindo, de verdade, essa arte. É preciso entender o tempo em que cada obra foi produzida, compreender sua linguagem e se deixar levar pela intuição.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Os shoppings abrigam a maior parte das salas de cinema. Ou seja, é muito mais uma estratégia comercial do que amor ao cinema. Para isso, temos salas independentes em algumas cidades.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Debate complexo. Não sei ao certo. Porém, se isso acontecer, ainda vai demorar.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

La Belle Noiseuse - Jacques Rivette.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

De jeito nenhum! Saúde coletiva em primeiro lugar.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro é incrível! Infelizmente, vivemos em um país que não zela pela cultura e não incentiva as produções audiovisuais. Com isso, o grande público acaba não conhecendo a riqueza de nosso cinema, pois o que chega para as massas são as comédias da Globo e afins.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Juliana Rojas.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“Nenhuma arte passa a nossa consciência na forma como o filme passa, e vai diretamente para os nossos sentimentos, no fundo escuro das salas de nossas almas.” - Ingmar Bergman.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu e meu marido fomos assistir Piratas do Caribe, em 2017. Do nosso lado, tinha um homem muito inconveniente. Ele narrava todo o filme e dava gritos a cada cena mais “impactante”. Nós fazíamos pedíamos pra ele parar e nada acontecia. Era basicamente o Faustão do nosso lado.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Carla Perez: ídola da minha infância.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que não necessariamente. O próprio David Lynch afirma que não assiste a muitos filmes (eu acho que isso deve ser mentira, pois é clara a inspiração de outros cineastas em várias obras dele). Ele não precisa maratonar filmes, mas deve ter conhecimentos técnicos e de linguagem.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Esquadrão Suicida.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Jogo de Cena - Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Acho que não hahahah.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Acho que Wild at Heart - David Lynch.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Além dos que eu trabalho (Cineplot e Canal Claquete), acompanho muito o Plano Aberto e À Pala de Walsh.