16/04/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #373 - Karina Furtado


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Paulo. Karina Furtado tem 37 anos, é formada em Desenho Industrial, atualmente graduanda em Pedagogia, mãe de dois meninos, este ano voltou a morar em São Paulo, está esperando a pandemia passar para começar o estágio como professora, por causa do distanciamento social tem visto filmes com mais frequência e quando não, está desenhando, escrevendo e bordando. Adora frequentar cinemas de rua, não gosta de filmes de terror e ama o Antonio Banderas.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cine Petra Belas Artes, cinema de rua que fica na região da Paulista. Chorei, dei risadas, vivi muitas emoções neste lugar, o período em que ficou fechado doeu bastante porque não foram só bons filmes que assisti ali, o Belas Artes faz parte de uma história muito bonita da minha vida e eu não vejo a hora dessa pandemia passar pra eu ir até lá. Acho aquele lugar super charmoso!

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Demorei um pouco pra responder esta pergunta, mas acho que foi quando assisti “O rei Leão”. Minha mãe levou eu e minha irmã ao cinema e apesar da pouca idade, tinha 08 anos na época, me marcou muito. É possível viver muitas emoções com esta animação, a história é profunda, a trilha sonora marcante, a música “O ciclo sem fim” me emociona até hoje. Então acho que foi neste momento, numa sala de cinema, diante de uma tela enorme, com todas aquelas cores e com pessoas que gosto, dividindo as mesmas emoções, o encantamento de estar ali.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Com um certo aperto no coração te respondo que meu favorito é Alejandro González Iñárritu, mas ele divide o posto com outros diretores, amo Wim Wenders tanto quanto! Alejandro me impactou quando assisti pela primeira vez “21 gramas”, os filmes “Babel” e “Biutiful” eu assisti no Cine Belas Artes, mas meu filme favorito dele é “Amores Brutos”. Aliás, a trilogia da morte, nesta sequência – Amores Brutos, 21 gramas e Babel, é uma das mais viscerais e humanas que vi no cinema até hoje.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Bicho de sete cabeças. Vi no cinema, me emocionou muito, tem uma trilha sonora incrível, o filme é baseado no livro autobiográfico “Canto dos Malditos” de Austregésilo Carrano Bueno, que integrou a luta antimanicomial no país. Esse tema me toca muito, o filme conta a trajetória de Neto, que foi internado pelo pai no manicômio após o pai encontrar maconha em suas coisas. Toda vez que assisto me emociono muito. Os conflitos e as escolhas humanas são muito fortes neste filme, as questões de abuso dentro destes hospitais também. É um ótimo filme, mas não é fácil!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pra mim, que não possuo conhecimento técnico ou formação na área, ser cinéfilo é se entregar a experiência que o cinema proporciona sem amarras. É sentir amor por esta arte, é se permitir afetar pelas histórias, pela magia, pelo encantamento dos efeitos, da fotografia, a trilha sonora, é aprender o que os filmes dizem, ser cinéfilo é sentir o todo, se permitir conhecer filmes de diversos lugares do mundo e suas linguagens.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não! A maior parte possui programação comercial com pouquíssimas opções de escolha, dentro do que as distribuidoras determinam. Vemos filmes alternativos em mostras ou cinemas com este tipo de programação (que são poucos também).

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não (tomara que não)!

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Pode ser dois? Filhos do Paraíso, 1999, direção: Majid Majidi e Era o Hotel Cambridge, 2016, direção: Eliane Caffé.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não acho! Tanto que não consegui ir quando haviam reaberto as salas, mesmo com as restrições.

 

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro faz parte da nossa cultura, da nossa arte e da nossa história. Atualmente sofre com falta de investimento e apoio, possui pouco espaço de distribuição dentro do circuito comercial, fora que ir ao cinema é caro e o tipo de cinema mais acessível é o blockbuster americano ou as comédias brasileiras. Temos produções de todos os gêneros e diretores muito talentosos como Kleber Mendonça Filho, Karim Aïnouz, Laís Bodanzky, Fernando Meireles, além de filmes que fazem sucesso no exterior gerando repercussão internacional positiva, filmes de boa qualidade, filmes premiados, que precisam ser valorizados por nós e para isso precisam ser acessíveis também. O cinema brasileiro vem se afirmando, nos divertindo e nos fazendo refletir além de conquistar mais espaço de exibição como por exemplo os streamings, que é bom para o público ter disponível no catalogo filmes e documentários brasileiros, pois muitas vezes estes são exibidos somente em mostras ou festivais e tornar a produção nacional disponível ajuda na formação de novos púbicos e na valorização.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Irandhir Santos.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A frase não é minha, mas é tão perfeita para definir o que sinto sobre o cinema que eu vou citá-la: “O cinema é um sonho” – do filme Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore, um dos meus filmes favoritos!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Eu protagonizei uma história bem inusitada, mas não vou falar! hahahahaha... Foi na sala do Cine Belas Artes. Ah, e já dormi, o filme era ruim, acabei dormindo e acordei com o acender das luzes!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

hahahahahahahaha... É o tchan nacional!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acho! Ele precisa ser sensível, conhecedor técnico, mas principalmente humano! 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Na vida? Nossa, tem muitos, mas vou citar o último bem ruim que eu vi com meu filho, é com Adam Sandler e se chama O Halloween de Hubie. É bem ruim mesmo!

 

17) Qual seu documentário preferido?

Estamira, 2006, direção: Marcos Prado (tem outros preferidos).

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Já! Hahahahahahahahaha... Gritei, levantei, chorei e bati palmas! Adivinha? Foi na pré-estreia de Avengers – End Game.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A outra face, 1997, direção: John Woo.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Ultimamente tenho lido o institutodecinema.com.br e acompanho as postagens sobre cinema nos perfis que sigo pelo Instagram.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Uso Netflix e Amazon Prime da mesma forma, minha lista de filmes na Netflix é maior, mas tenho acessado as duas plataformas com a mesma frequência.