O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Piracicaba (São
Paulo). Kit Menezes tem 51 anos, mãe
da Carolina, do Rafael e da Gabriela. Dirigiu os curta-metragens “Volume Morto”
(2018) e "A velha" (2016). É roteirista e diretora do
mini-documentário "dos 80 aos 40, 50..." (2014), exibido em festivais
e mostras de cinema. Trabalhou como diretora de arte no curta Estranho Ímpar,
dirigido por Beto Oliveira (2015) e do longa-metragem Cães Famintos (2016), do
mesmo diretor. Atua com experimentações audiovisuais desde 1996 com
trabalhos reconhecidos de videoarte,
premiados no Mapa Cultural Paulista (1999 e 2000). É professora universitária,
performer e integrante do NUPECC - núcleo de pesquisa e criação da Casa do
pano, de Campinas. "Inscrições do Tempo no corpo presente", projeto
contemplado pelo PROAC em 2019, é seu primeiro longa-metragem. Atualmente vive
em São Pedro, interior de São Paulo e participa do ICine - forum de cinema do
interior paulista.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Já faz algum tempo que os únicos cinemas que temos em
Piracicaba são os do Shopping Piracicaba Infelizmente. Eu gostava muito do Cine Arte quando tinha, ficava no mesmo
prédio onde existe o Teatro Municipal. Era um cinema que passava mais filmes
alternativos, menos comerciais. Filmes de arte.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Eu acho que foi Indiana
Jones e os caçadores da Arca perdida. Foi um filme de aventura. Lembro de
ter ido com minha prima. Lembro do ritual: a pipoca e o filme e depois do filme
o sorvete no La Paloma. Acho que é mais a memória afetiva do que do filme em
si... não sei, está tudo misturado hoje...
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Eu gosto de várias diretoras mulheres. Gosto muito da Chantal Akerman, uma cineasta belga
incrível que dirigiu o maravilhoso Jeanne
Dielman, 23, Quai du Commerce, 1080 Bruxelles. Esse é meu filme favorito
dela!
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Difícil escolher um filme favorito... Gosto de muitos. Acho
que o que eu mais gosto hoje, dos filmes que tenho assistido recentemente é Vitalina Varella, do diretor português Pedro Costa.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Pergunta difícil, ardilosa... tem várias possibilidades de
respostas... eu acho que uma das respostas possíveis é dizer que é gostar muito
de assistir filmes, mas não qualquer filme. É gostar de assistir determinados
filmes que tem a ver com especificidades de repertório, de gosto, de tema, de
abordagem. Tem a ver com ser tocado/as pelo filme. Tem a ver com um desejo de
também fazer filmes. Porque ser cinéfilo é querer dialogar com o que se
assiste, com o que nos toca.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas
que entendem de cinema?
Acredito que o cinema é muito pautado hoje por uma relação
econômica. Isso não significa não entender de cinema mas entender por uma
perspectiva comercial. Existem outras formas de entender cinema.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Espero sinceramente que não.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Kbela, da Yasmin Tainá. É um curta, está no
youtube.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Não.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Eu acho a produção cinematográfica audiovisual brasileira
hoje maravilhosa!!!!!! Tem muita diversidade! E um imaginário muito rico de
possibilidades e experimentações.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Gosto do trabalho do João
Paulo Maria Miranda, que é de Rio Claro e tem uma trajetória interessante.
Mas gosto de muitos outros e outras diretoras também.
12) Defina cinema com
uma frase:
Amor.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
As histórias que eu poderia contar são inenarráveis!
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Um filme dos anos 1990?
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Não. Acho que para dirigir um filme é preciso sensibilidade,
respeito e repertório. Conhecer algumas técnicas é imprescindível mas muita
coisa pode ser criada a partir do que se tem.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Poxa... não sei dizer.
17) Qual seu
documentário preferido?
Gosto de muitos. Não sei dizer.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Sim. Bacurau. Foi
catártico.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Despedida em Las
Vegas.
20) Qual site de cinema
você mais lê pela internet?
Verberenas.