A fuga do sistema capitalista. Com filmagens ao longo de sete anos, Castelo de Terra, nos apresenta a jornada de uma jovem francesa de classe média que vem ao Brasil, descobre o amor e vai descobrindo aos poucos como viver dentro do sonho de uma vida autossuficiente. É a trajetória da própria diretora Oriane Descout, muitas vezes com a câmera na mão, combatendo ao capitalismo que vigora o mundo com suas tentativas de ações alternativas, de uma implementação do comércio local e ações coletivas ligadas à terra, sempre junta à seu companheiro, o brasileiro Marreco. A crise política do Brasil é debatida na superfície mas está embutida, de alguma forma, nas escolhas que são tomadas. Uma boa definição desse documentário que rodou festivais na Bélgica, na Austrália e em Portugal, é: uma luta diária dentro do contexto complexo de uma sociedade que não evolui.
Em Castelo de Terra,
conhecemos Oriane Descout e Marreco, um casal que se conheceu quando a primeira
chegou ao Brasil e logo se apaixonaram não só amorosamente mas também dentro da
mesma linha de raciocínio de viverem uma vida autossustentável com ações
sociais simples mas que impactam a todos que buscam fugir da loucura capitalista
do mundo de fora. As dificuldades são imensas, ao longo dos anos, vamos vendo
todas as tentativas que fazem. Na terra dos outros, sem saber se vão conseguir
ficar ali à longa prazo, a mudança de pensamento (ou dúvidas) sobre a questão
do coletivo as várias tentativas de implementação desse sonho, o caminho é
árduo e cheio de obstáculos.
As encruzilhadas do coletivo são um bom campo de reflexão,
antes ‘tudo feito por muitos para todos’ era uma forma básica dentro da utopia
imaginada mas com o passar do tempo, e, nisso entram experiências interpessoais
sobre as ações, a ajuda e o trabalho, a questão da diretora e seu companheiro
viverem como uma família toma conta se importando mas nas ações coletivas
quando em mutirões ou decisões de uma possível associação.
Uma luta pela terra? Sonho de uma vida autossuficiente? Qual
o apoio nisso? As opiniões da família da diretora são vistas por conferência
via conferência pela internet e quando a diretora volta à França para explicar
suas escolhas à sua mãe, fora uma visita no arco final. Ela que na França
militava pelos imigrantes sem documentação e trabalhava em uma associação busca
equilibrar a razão com a emoção dentro de uma admirável sensibilidade para
transformar a utopia em exemplo.