19/05/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #420 - Djulye Cerri


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Djulye Cerri, tem 22 anos e está se formando na faculdade de Cinema, onde já realizou mais de 15 curtas-metragens acadêmicos e autorais. Trabalha como diretora de arte, roteirista e produtora. Atualmente está se aprimorando no ramo de série e está desenvolvendo o projeto de série documental “De bar em bar”, além de criar conteúdo no canal do youtube Zona de Pipoca (@canalzonadepipoca), onde fala sobre desenhos, filmes, séries, premiações de cinema, reality e livros.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

A minha sala favorita é a UCI do Barra shopping. Pela grande quantidade de salas, eles conseguem colocar mais filmes e mais sessões disponíveis, então por mais que você não consiga um horário, nunca vai ter ido atoa.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Não sei se foi o primeiro filme exatamente, mas Matilda é um filme que faz parte da minha vida, além de ser um dos filmes que mais vi. Com certeza foi um dos maiores influenciadores que me fez pensar que cinema é um lugar diferente, mágico e capaz de nos levar para lugares e histórias envolventes.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

O meu diretor favorito é o Tim Burton e o meu filme favorito dele é A noiva cadáver.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O auto da compadecida. Porque é um filme atemporal, genial, genuíno e com uma história que te leva à altos e baixos que eu nunca tinha visto antes. Nesse filme não tem UM elemento que seja fora da estética proposta, todos os elementos somam um no outro a fim de entregar a obra que temos hoje. Além de ter uma das cenas, que para mim, é uma das melhores do cinema nacional: a cena do juízo final com Maurício Gonçalves como Jesus, Luis Melo como o demônio e Fernanda Montenegro como Virgem Maria.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é embarcar no que os filmes tem de melhor: suas histórias. É deixar ser levado pela proposta do filme, ficar imerso, se entregar e aproveitar todos os elementos que o cinema tem a oferecer em tela. Ser cinéfilo é ter uma paixão tão grande pelo cinema, que transborda, que te faz dedicar horas falando sobre isso, escrevendo sobre isso e até mesmo estudando sobre isso.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que entendem sim de cinema, mas não se preocupam com a repetitividade do conteúdo na programação. Assisti a uma palestra de um exibidor na faculdade e eles entendem de cinema, mas o foco deles é no público. Cinema é uma obra rentável, mas que também pode dar prejuízo e eles vão focar no que aumenta o lucro deles. Os cinemas mais “cults” como o Estação Net, aparentam focar mais no conteúdo, mas isso gera uma quantidade menor de disposição de salas e de programação.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Tenho para mim que não vão, pois não tem nada igual a experiência de ir ao cinema. Ir ao cinema é uma experiência única. O ato de chegar, comprar ingresso, comprar pipoca, esperar ansiosamente o filme começar, observar as pessoas reagindo ao seu redor e sair realizado é algo que o streaming não vai conseguir replicar. Ter os filmes acessíveis em casa facilita e incentiva, mas para ter uma experiência cinematográfica completa, precisa de uma sala de cinema, até porque, em casa a imersão pode não acontecer por ficar fácil de se distrair e poder pausar. Gosto de ver o filme inteiro, no escuro, com o som alto, sentada na poltrona e vendo a grande tela, então espero que nunca deixem essa experiência acabar.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Vou indicar um documentário que tem no Youtube e que as pessoas precisam ver, chamado Meninas, de 2006, dirigido por Sandra Werneck que acompanha a história de 4 meninas que se tornam mães na adolescência. É simplesmente genial.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Apesar de estarem abertas, não sou a favor, pois o cinema é um ambiente fechado e tem um risco muito alto. A vacina está cada vez mais perto, vale a pena esperar e poder curtir o cinema sem correr risco algum.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Sou uma grande admiradora do cinema brasileiro e os cineastas brasileiros são ótimos contadores de histórias, não somos rasos, temos conteúdo e sabemos como contá-los. Acho que generalizam muito os filmes brasileiros pelas comédias comerciais, mas que também tem o seu valor e o seu público, senão não estariam sendo feitas. Acho que o cinema brasileiro precisa ser mais apreciado e divulgado, pois muitos filmes incríveis não chegam na grande massa por falta de oportunidade no mercado, mas quem se joga nos filmes brasileiros de um modo geral sabe o quão gigante é o nosso cinema, Bacurau é uma recente e ótima prova disso.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Era o Paulo Gustavo que infelizmente nos deixou pra uma doença que já tem vacina. Ele levava a minha família inteira para o cinema e nunca perdíamos um filme dele. Estendendo um pouco também digo Fernanda Montenegro, que é a minha ídola do cinema brasileiro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A arte que abrange todas as outras artes.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não sei se chega a ser inusitado, mas já assisti uma sessão de Detona Ralph 2 com uma turma inteira de crianças em passeio da escola. Foi bem difícil prestar atenção, mas foi interessante de observar as reações das crianças cena após cena.

 

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras...

Nem a Carla Perez topou promovê-lo...

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Para mim, sim. Estou finalizando a faculdade de cinema e para ser diretor, é preciso entender um pouco de cada área além de tudo. A busca infinita por informações, estudos e referências, não é possível se não amar a sétima arte profundamente e não gostar de ver filmes.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Um simples favor, eu saí do cinema querendo “desver”.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Nossa são tantos, documentário é uma das minhas maiores paixões. Foi difícil decidir, mas Edifício Master, do Eduardo Coutinho é um documentário que eu recomendo para todo mundo e vejo sempre que preciso estudar. É uma aula.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, Bacurau.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Só me vem à cabeça Presságio.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Perdi um pouco do hábito de consumir sobre cinema em sites, mas sempre que preciso uso o AdoroCinema e o Omelete.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix.