09/05/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #410 - Aninha MP


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Recife (Pernambuco). Ana Maria Pereira, tem 38 anos, é Historiadora pela FFPNM/UPE, Graduada em Cultura Pernambucana pela FAFIRE e Estudante De Cinema UFPE. Publicou o Livro “O Vermelho na Tarde” em conjunto com a escritora Maria Pereira de Albuquerque (2004). Teve os contos “Carne de Sol” e “Farofa” publicados no Suplemento Cultural do Diário Oficial do Estado de Pernambuco (2008). Foi fundadora e produtora do Nós Pós. Realizou a execução de uma série de vídeos vinculados na internet, em conjunto com Elefante Branco Produções, intitulado Impressões, material de divulgação para o lançamento do Livro “Os Mortos Não Comem Açúcar” de Alexandre Furtado. É produtora cultural do Dama de Copas Produção em Artes. No disco Rua Canção de autoria da Banda Mexidinho, compôs a letra de Devoção com melodia de Olivia Fancello, o disco será lançado este ano, com incentivo da FUNDARPE.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Desde que comecei a entender cinema com seriedade, aos 15 anos, a sala da Fundação Joaquim Nabuco é e tem sido a sala lugar de quem viu os filmes alternativos ao cinema comercial que invadiam os shoppings depois do fim dos cinema do centro da cidade e dos cinemas de bairro.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

As aventuras do Barão de Münchausen, ainda no Veneza um dos cinemas do centro da cidade que não existe mais.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Nossa! Difícil... sou muito eclética mas tenho uma queda por sangue e violência, então vamos dizer que Tarantino e seria Bastardos Inglórios, mas nessa sequência também gosto de um pastiche, então Robert Rodrigues e Eli Roth. Mas preciso dizer, esse é apenas um recorte de mim. Poderia ser Almodóvar com quase todos os filmes. Ou David Fincher com quase tudo também, inclusive a série Mindhunter.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Não Por Acaso de Phellipe Barcisnki. algo que talvez nunca tenha sido escolhido, mas explico. Fala sobre eventos sincrônicos, casualidades, o que seria diferença caso tomássemos diferentes caminhos na vida de uma forma muito interessante. Me lembra Os Amante do Circulo Polar de Julio Meden filme que também me marcou muito pelo mesmo motivo.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

“Filia” indica doença, algo incontrolável e também prejudicial. Acho que a relação que tenho com o cinema , hoje é mais saudável, mas já tive um desequilíbrio que não era interessante. Agora estou em guerra com a “filia” em relação ao formato seriado que também não é de agora, alguns consideram o formato cinema outros não, mas tenho visto obras maravilhosas, principalmente as minisséries. Amo Ryan Murphy e Brandon Falchuk por exemplo. “Hollywood” é uma obra de arte, assim como “Ratched”.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A maioria dos cinemas não está preocupado com o que vai se exibido. A exibição é meramente mercadológica, mas os pequenos cinemas os alternativos , os cineclubes, esses sim.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. O Poder de distribuição e exibição para filmes de grande impacto financeiro, os blockbusters, é praticamente indestrutível. Os grandes estúdios sempre existirão e cada vez mais fusões ocorrerão tornado até as produções restritas a poucas produtoras e estúdios.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

”Coisas Belas e Sujas” Diretor: Stephen Frears/ Roteiro: Steven Knight

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

No Brasil,não. Somos o epicentro da doença no mundo e a população não parece perceber o que isso significa.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Com bons olhos. Desde Central do Brasil, final dos anos 90, temos entendido que existem formas diversas de contar histórias. O cinema pernambucano, por exemplo, entrou por uma vertente interessante, mas tênue. Um cinema casual, onde não há muito começo meio e fim de um enredo, ao exemplo de Boi Neon, ou O Som ao Redor. São situações que em nada parece querer nos levar à um clímax ou ao um desfecho. No entanto experiências do cinema brasileiro como O Animal Cordial me agradam bastante, pela acidez, dureza, frieza; dirigido por uma mulher.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Puxando a bola pra meu campo: Irandhir Santos.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“...para ser lesada em meus direitos autorais.”

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

As primeira vez que vi uma manifestação de extrema alegria de todo o cinema com uma cena antes mesmo de o filme acabar. Quando as personagens saem juntas do banheiro da escola no sueco Fuking Amal (1998) de Lukas Moodysson, todos bateram palmas e assobiaram, alguns de pé. Cinema da Fundação Joaquim Nabuco.

 

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras...

Se existe é porque tem quem veja!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. Mas precisa ser aberto para ver bastante coisa, do mesmo modo que um bom escritor precisa ler. Caso mão queira ser medíocre.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Claro que tem coisa muito pior, mas eu nunca havia saído de um cinema no meio de um filme: Hedwig: Rock, Amor e Traição. E não tenho problemas com musicais muito menos com o Rock. 

 

17) Qual seu documentário preferido?

Gosto muito de “Um Lugar ao Sol” de Gabriel Mascaro e “Jogo de Cena” de Eduardo Coutinho

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Como disse já bati até durante! Porém é mais costumeiro acontecer em festivais onde os autores estão presentes.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

16mm (porque gosto muito do gênero) mas podia ser qualquer outro ator no lugar dele.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cinemateca Brasileira, Críticos e Revista Rebeca.