O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Recife
(Pernambuco). Ana Maria Pereira, tem
38 anos, é Historiadora pela FFPNM/UPE, Graduada em Cultura Pernambucana pela
FAFIRE e Estudante De Cinema UFPE. Publicou o Livro “O Vermelho na Tarde” em conjunto com a escritora Maria Pereira de Albuquerque (2004). Teve
os contos “Carne de Sol” e “Farofa” publicados no Suplemento
Cultural do Diário Oficial do Estado de Pernambuco (2008). Foi fundadora e
produtora do Nós Pós. Realizou a execução de uma série de vídeos vinculados na internet,
em conjunto com Elefante Branco Produções, intitulado Impressões, material de
divulgação para o lançamento do Livro “Os
Mortos Não Comem Açúcar” de Alexandre
Furtado. É produtora cultural do Dama de Copas Produção em Artes. No disco
Rua Canção de autoria da Banda Mexidinho, compôs a letra de Devoção com melodia
de Olivia Fancello, o disco será lançado
este ano, com incentivo da FUNDARPE.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Desde que comecei a entender cinema com seriedade, aos 15
anos, a sala da Fundação Joaquim Nabuco
é e tem sido a sala lugar de quem viu os filmes alternativos ao cinema
comercial que invadiam os shoppings depois do fim dos cinema do centro da cidade
e dos cinemas de bairro.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
As aventuras do Barão
de Münchausen, ainda no Veneza um dos cinemas do centro da cidade que não
existe mais.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Nossa! Difícil... sou muito eclética mas tenho uma queda por
sangue e violência, então vamos dizer que Tarantino e seria Bastardos Inglórios, mas nessa
sequência também gosto de um pastiche, então Robert Rodrigues e Eli Roth.
Mas preciso dizer, esse é apenas um recorte de mim. Poderia ser Almodóvar com quase todos os filmes. Ou
David Fincher com quase tudo também,
inclusive a série Mindhunter.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Não Por Acaso de Phellipe Barcisnki. algo que talvez
nunca tenha sido escolhido, mas explico. Fala sobre eventos sincrônicos,
casualidades, o que seria diferença caso tomássemos diferentes caminhos na vida
de uma forma muito interessante. Me lembra Os
Amante do Circulo Polar de Julio
Meden filme que também me marcou muito pelo mesmo motivo.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
“Filia” indica doença, algo incontrolável e também
prejudicial. Acho que a relação que tenho com o cinema , hoje é mais saudável,
mas já tive um desequilíbrio que não era interessante. Agora estou em guerra
com a “filia” em relação ao formato seriado que também não é de agora, alguns
consideram o formato cinema outros não, mas tenho visto obras maravilhosas, principalmente
as minisséries. Amo Ryan Murphy e Brandon Falchuk por exemplo. “Hollywood” é uma obra de arte, assim
como “Ratched”.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por
pessoas que entendem de cinema?
A maioria dos cinemas não está preocupado com o que vai se exibido.
A exibição é meramente mercadológica, mas os pequenos cinemas os alternativos ,
os cineclubes, esses sim.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Acredito que não. O Poder de distribuição e exibição para
filmes de grande impacto financeiro, os blockbusters, é praticamente
indestrutível. Os grandes estúdios sempre existirão e cada vez mais fusões
ocorrerão tornado até as produções restritas a poucas produtoras e estúdios.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
”Coisas Belas e Sujas” Diretor: Stephen Frears/
Roteiro: Steven Knight
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
No Brasil,não. Somos o epicentro da doença no mundo e a população
não parece perceber o que isso significa.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Com bons olhos. Desde Central
do Brasil, final dos anos 90, temos entendido que existem formas diversas
de contar histórias. O cinema pernambucano, por exemplo, entrou por uma vertente
interessante, mas tênue. Um cinema casual, onde não há muito começo meio e fim de
um enredo, ao exemplo de Boi Neon,
ou O Som ao Redor. São situações que
em nada parece querer nos levar à um clímax ou ao um desfecho. No entanto
experiências do cinema brasileiro como O
Animal Cordial me agradam bastante, pela acidez, dureza, frieza; dirigido
por uma mulher.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Puxando a bola pra meu campo: Irandhir Santos.
12) Defina cinema com
uma frase:
“...para ser lesada em meus direitos autorais.”
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
As primeira vez que vi uma manifestação de extrema alegria
de todo o cinema com uma cena antes mesmo de o filme acabar. Quando as
personagens saem juntas do banheiro da escola no sueco Fuking Amal (1998)
de Lukas Moodysson, todos bateram palmas e assobiaram, alguns de pé.
Cinema da Fundação Joaquim Nabuco.
14) Defina ‘Cinderela
Baiana’ em poucas palavras...
Se existe é porque tem quem veja!
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Não. Mas precisa ser aberto para ver bastante coisa, do
mesmo modo que um bom escritor precisa ler. Caso mão queira ser medíocre.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Claro que tem coisa muito pior, mas eu nunca havia saído de
um cinema no meio de um filme: Hedwig:
Rock, Amor e Traição. E não tenho problemas com musicais muito menos com o
Rock.
17) Qual seu
documentário preferido?
Gosto muito de “Um Lugar ao Sol” de Gabriel Mascaro e “Jogo
de Cena” de Eduardo Coutinho
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Como disse já bati até durante! Porém é mais costumeiro
acontecer em festivais onde os autores estão presentes.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
16mm (porque
gosto muito do gênero) mas podia ser qualquer outro ator no lugar dele.
20) Qual site de
cinema você mais lê pela internet?
Cinemateca
Brasileira, Críticos e Revista
Rebeca.