O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Luíza Alvim tem 50 anos, é pesquisadora
de cinema. Doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ, cuja tese deu origem ao
livro "A música no cinema de Robert Bresson". É graduada em Cinema
pela UFF. Foi professora-substituta de História do Cinema Mundial na UFF. Tem
vários artigos acadêmicos sobre cinema e escreve o blog cineviagens.blogspot.com .
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
Minha sala preferida é o Espaço Itaú de Cinema, pois além de contar com boa programação, tem
instalações adequadas, diferentemente do que acabou acontecendo com o Espaço Net Rio depois da divisão das
salas superiores em duas, nas quais o som vaza de uma para outra. A proposta do
Espaço Itaú é ter uma programação que inclua tanto os blockbusters quanto
"filmes autorais" e de pequeno orçamento, incluindo muitos
documentários brasileiros. Como são 6 salas, dá conta razoavelmente dessa
proposta.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Não sei, mas talvez Marcelino
pão e vinho.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Não tenho diretor favorito nem filme favorito. Mas tenho
diretores e filmes/épocas de que gosto muito, como os filmes do Neo-realismo
italiano, filmes do Éric Rohmer (não
teria como dizer um favorito, mas o primeiro que vi deve ter sido "Noites
de lua cheia" e foi paixão), Ken Loach e outros diretores que fazem um
"cinema social", tenho gostado muito do cinema asiático
contemporâneo, principalmente de Hong
Sang-Soo. Quanto aos filmes brasileiros, vou ficar com um do contemporâneo:
Arábia de Affonso Uchôa e João Dumans.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Mesma coisa, não tenho como dizer isso. Escrevi na resposta
anterior o Arábia, mas há outros
filmes de que gosto muito: Limite",
"Terra em transe"
atualíssimo, A grande cidade (Cacá Diegues), documentários do Eduardo Coutinho.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
É amar o cinema, tentar acompanhar os lançamentos (no meu
caso, nas salas de cinema - sou uma grande defensora dessa experiência e por
isso o streaming me irrita) e conhecer os filmes do passado longínquo e
recente.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece
possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?
Não. São pessoas que entendem de dinheiro.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Espero que não. Tenho ido às salas que ora abrem e ora
fecham em plena pandemia desde outubro de 2020.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Acho que muitos filmes brasileiros se encaixam aí. Por
exemplo No coração do mundo, filme
de 2019, foi bem menos badalado que outros e, na minha opinião, foi um dos
melhores daquele ano.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Sim, inclusive, já frequento desde outubro de 2020. São bem
mais seguras que supermercado ou restaurante.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Acho uma qualidade muito boa, tanto na sua versão mainstream
das comédias quanto nos filmes de festival, como alguns que citei aqui.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Com artistas brasileiros, não tenho uma relação de
starsystem como em outras cinematografias, mas um ator bastante presente em
nossa cinematografia recente e de que gosto bastante é o Irandhir Santos.
12) Defina cinema com
uma frase:
Ah, isso é muito difícil... Cinema é arte.
13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa
sala de cinema:
Na sessão de Hoje eu quero voltar sozinho, o público,
majoritariamente homossexual masculino, vibrava intensamente com a deflagração
da paixão homossexual dos personagens. Foi muito interessante.
14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...
Não vi, não tenho como definir.
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Não necessariamente. Quando Agnès Varda dirigiu seu primeiro filme em 1954, não era cinéfila.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Não sei dizer, da mesma maneira que não saberia dizer o
melhor. Mas acho pior quando a gente espera alguma coisa do filme e ele se
mostra uma bomba, como o Longe deste insensato mundo que só fui
ver porque era dirigido pelo Thomas
Vinterberg. Bomba total.
17) Qual seu
documentário preferido?
Difícil demais. Vários do Eduardo Coutinho, Chris Marker, Alain Resnais e tantos outros.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Sim, Z, de Costa Gavras, em sessão especial em
plena ascensão do bolsonarismo.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Gostava dele nos filmes mais antigos, mas teria que rever.
Gostei da atuação num filme mais recente (mas nem tanto), Senhor das Armas (2005).
20) Qual site de
cinema você mais lê pela internet?
Antes da pandemia, o criticos.com.br.
Agora, o blog do Carlos Alberto Mattos.