Quando as interseções da vida surpreendem mais do que o habitual. Criado pelo roteirista e diretor espanhol Oriol Paulo, O Inocente, seriado disponível na Netflix, nos apresenta em sua primeira temporada um engenhoso roteiro que paralela duas profundas histórias refletindo pelo caminho questões sobre o perdão, a vingança, a corrupção na força policial. A questão da ótica e as estradas da vida que se encontram é feito arriscando deixar detalhes importante a todo instante mas que acaba apresentando um desfecho satisfatório com margem para mais temporadas. O elenco é ótimo, destaque para Mario Casas, Jose Coronado, Aura Garrido e Alexandra Jiménez.
Na complexa trama, conhecemos Mateo (Mario Casas), um homem que passou alguns anos preso por assassinato
de um jovem em uma briga do lado de fora de uma boate. Com seu futuro incerto
ele sai da prisão e busca algum recomeço ao lado do irmão em uma firma de
advogado. Paralelo a sua saída acaba encontrando Olivia (Aura Garrido) por quem logo se apaixona e promete nunca lhe
esconder nada. O tempo passa e as coisas começam a ficarem misteriosas quando
Mateo é perseguido por quem o julga até hoje pelo ocorrido na noite em que foi
preso e paralelo a isso sabemos que Olivia esconde um segredo que vai colocar
esse relacionamento em cheque a todo instante. Assim, embarcamos em uma trama
sangrenta cheia de misteriosos personagens, um cafetão, um policial corrupto,
uma freira que esconde seu passado e uma policial que treinou a vida toda para
ser detetive.
O elenco é impactante e leva o seriado nas costas quando o
roteiro ameaça falhar no seu discurso. Mario
Casas talvez seja o ator espanhol com mais filmes na Netflix brasileira (quem não lembra dele no ótimo e surpreendente Contratempo?), a ganhadora do Goya Aura Garrido e sua enigmática
personagem, Jose Coronado (de outro
seriado de sucesso na líder dos streamings, O Sucessor), a lenda do cinema espanhol, na pele de um dos vilões e
a intérprete da personagem que tem a dura missão de unir as duas estradas, a
excelente Alexandra Jiménez.
Mas o que mais chama a atenção nessa produção é que ao longo
de quase oito horas de história, dividida em densos oito episódios vamos
acompanhando o início de cada um desses pela ótica de um personagem ou pelo
menos nos preenchem de informações sobre como o respectivo personagem chegou até
ali. Tinha tudo pra dar errado, longe de uma tática de jogar migalhas pelo
caminho para tentarmos descobrir os seus mistérios, O Inocente nos convida para as reflexões que aparecem mais bem
detalhadas e nítidas no arco que envolve Mateo e sua busca por redenção e do
perdão dos pais do jovem que matou anos atrás, a partir daí inclusive que parte
da trama começa e termina, com um meio tumultuado por situações que levam os
personagens ao limite de seus dramas e suas formas diferentes que analisar o
que ocorre.