A verdade e a mentira podem andar juntas pelas coincidências que aparecem pelo caminho. Criado pelo roteirista Bert V. Royal, que assinou o roteiro de A Mentira em 2010, protagonizado por Emma Stone, Cruel Summer é um jogo de mentiras, de disse me disse, que explora o universo do psicológico em um High School norte-americano da maneira como já conhecemos: com situações constrangedoras, a eterna guerra entre populares e os que querem de alguma forma serem populares, o papel dos pais em toda essa rotina repleta de inflexões, a influência de quem tem o poder de ensinar... Há muitas variáveis a se analisar nesse quebra-cabeça formado onde basicamente é um confronto entre duas jovens em nos convencer de quem está falando a verdade. O roteiro ganha destaque pela forma como fora definido para apresentar os acontecimentos.
Na trama, ambientada em determinados dias/acontecimentos que
exploram três anos em sequência em meados da década de 90, conhecemos Jeanette
Turner (Chiara Aurelia) no início
uma jovem que sonha em ser uma garota popular e possui um certo fascínio pela
vida que leva Kate Wallis (Olivia Holt)
a garota mais popular do colégio. Jeanette tem basicamente dois amigos, que
conhece por toda sua vida, Mallory Higgins (Harley Quinn Smith) e Vince Fuller (Allius Barnes). Certo dia, Kate desaparece misteriosamente e
curiosamente quase que em paralelo Jeanette muda o visual, desfaz a amizade com
Mallory e começa a se relacionar com Jamie (Froy Gutierrez) que era namorado de Kate até o sumiço da mesma.
Alguns meses se passam e Kate é encontrada acusando Jeanette de saber onde ela
estava e não ajudá-la. A partir disso, começa um jogo de verdades e /ou
mentiras mostrando tudo que aconteceu na vida das jovens antes, durante e
depois do sumiço de Kate mas também como essa situação afetou a todos que as
cercavam.
Por mais que durante todos os dez episódios dessa série
ficamos presos a pergunta: ‘Quem é que tá mentindo?’ conseguimos de muitas
formas enxergar o caos provocados pelas ações das protagonistas na vida dos
outros e isso torna o seriado muito interessante, mesmo o roteiro não
conseguindo dar profundidade em todas as subtramas: a de Jamie por exemplo é
mal explorada com passagens quase jogadas sem muita compreensão de alguns
porquês, também o relacionamento entre Ben (Nathaniel Ashton) e Vince (Allius
Barnes) é meio que jogado na história sem muito desenvolvimento, e
principalmente a de uma figura chave na trama, a de Martin Harris (Blake Lee), o novo diretor do colégio
que aparenta ser uma pessoa que não é mas sem muito entendermos sua história
que acompanhamos somente pela ótica de Kate.
O papel dos pais nessa história é mais importante do que
aparenta. Focando em Jeanette, vemos seu pai com a mudança de postura mais
drástica não conseguindo entender as revelações que se sucedem, a destruição do
seu casamento e criando uma margem enorme de distância no relacionamento sempre
muito próximo com a filha. Já a mãe dela, encontra as respostas que a satisfazem
e toma rumos até mesmo extremos por talvez não conseguir conviver com o que
encontra como respostas. Focando em Kate, seu padrastro famoso vive um
relacionamento confuso com a mãe dela, uma mulher que gosta do status que tem,
uma espécie de primeira dama da região e faz de tudo para que nada atrapalhe os
planos de família perfeita mesmo a sua estando bem longe disso, principalmente
por seu relacionamento explosivo com a própria filha que pensa muito diferente
dela.
As protagonistas embarcam durante todos os meses após o
ocorrido em uma batalha, inclusive jurídica, mas tmabpem comportamental
buscando cada uma à sua forma se reconectarem por peças e/ou variáveis que
ficaram pelo caminho nessa trajetória dolorosa para ambas.
Cruel Summer responde
bem claramente quem mente nessa história. Mas mesmo assim as conclusões finais
sobre essas questões chegam muito mais pelas nossas próprias interpetações das
ações quando conhecemos as verdades dos fatos.