As leis da vida. Frustração de expectativa, um pai em busca de sua filha, um único dia para ser atualizado 15 anos de uma vida que não viveu, um homem honrado que entende a dor do outro, esses e outros elementos encontramos pelo caminho do longa-metragem turco Ama-me. Escrito e dirigido pelo cineasta Mehmet Ada Öztekin, o drama tem reviravoltas impressionantes transformando uma jornada de descobertas em um profundo recorte sobre as escolhas da vida. Um baita filme disponível na Netflix.
Na trama, conhecemos Musa (Sarp Akkaya) um homem que está preso faz 15 anos e tem a chance da
cadeia durante um dia para ir visitar a filha que mal conhece. Ele é escoltado
pelo agente penitenciário Sedat (Ercan
Kesal), um senhor já bem próximo da aposentadoria. Quando eles chegam até a
casa de Musa, algo parece não se encaixar e logo um dilema acompanhará os dois
personagens após saberem de algumas verdades.
O submundo das periferias ganham contornos no drama de Musa.
A falta de opções em um mundo marginalizado e violento não o deixou com possibilidades
de abrir outras portas. Por meio de flashbacks vamos entendendo melhor os
porquês que o filme já nos traz quando partimos de início. A trajetória dele é
repleta de escolhas que o fizeram ficar preso. O plot twist já nos arcos finais
é muito bem encaixado nos levando a outras óticas sobre o denso personagem que
totalmente sem esperança quando as surpresas lhe chegam embarca em uma jornada sem
rumo. Já Sedat é um homem bom, que possui um dilema com a filha que vai se
casar com um homem rico na Itália mas tem vergonha dele. Seu destino se cruza
com o do prisioneiro, um paralelo que o faz enxergar a vida de outra forma.
O recorte sobre pais e filhos é muito bem construído em
paralelo aos dramas pessoais de Musa e Sedat. Há vários pontos de reflexão
nesse ponto, cada um na sua ótica e nos valores que acreditam mesmo sendo de
mundos completamente diferentes. O alicerce do roteiro que ganha pontos pela
reviravolta escondida em uma trama que parece rasa mas não é. A direção é
detalhista, foca no olhar, na expressão para caminhar por lacunas não ditas.