O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nosso convidado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Pedro Reinato tem 41 anos. É
roteirista, script doctor e professor. Possui especialização em
Literatura pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2004), mestrado
(2008) e doutorado (2015) em Literatura Brasileira pela Universidade de São
Paulo – USP. Já criou conteúdo para diferentes plataformas dos seguimentos
editorial, publicitário e audiovisual. É professor da Pós-graduação da Fundação
Armando Álvares Penteado (FAAP) no curso de Roteiro Audiovisual. É coordenador
pedagógico e professor dos cursos de Formação de Roteiristas e Oficina de
Séries da Roteiraria. Também dedica-se ao desenvolvimento de roteiros para
longas e séries em diferentes núcleos criativos.
1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em
relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.
Aqui em São Paulo, há boas opções de salas de cinema de rua,
como o Cine Sala, o Cine Sesc e o Reserva cultural. Porém, as salas do Petra
Belas Artes na Rua da Consolação são as minhas preferidas. Há bastante
diversidade de títulos contemporâneos
nacionais e internacionais. Além da exibição eventual de clássicos do cinema.
2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e
pensado: cinema é um lugar diferente.
“A Clockwork Orange”, do Kubrick, acho que vi em um corujão
da Globo, quando eu era adolescente. Foi o primeiro filme que eu assisti e me
deu um nó existencial! Depois mergulhei nesse filme para entender como aquilo
era feito e como se dava a produção do efeito no expectador.
3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?
Essa pergunta sempre é difícil. Mas tenho uma relação
especial com o cinema do David Lynch. Sempre revejo os filmes dele. O
Eraserhead está no topo da minha lista.
4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?
“O pagador de promessas”, de Anselmo Duarte, é um paradigma
do cinema brasileiro. É uma adaptação do texto da peça excelente do Dias
Gomes. O filme aborda a fé a partir de
uma premissa popular e isso é muito potente. A direção do Anselmo Duarte é
esteticamente madura para aquele tempo. Até o Glauber foi lá no set ver como a
coisa estava sendo feita... depois ele criou polêmica, mas isso é outra
história...
5) O que é ser cinéfilo para você?
É ter mais horas de vida vendo filmes do que falando com
humanos.
6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você
conhece possuem programação feitas por pessoas
que entendem de cinema?
Com certeza não! Geralmente a programação é ditada pelo
marketing das distribuidoras, né? Business...
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
É uma experiência muito específica, por isso, acredito que
sobreviva a era dos streamings.
8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é
ótimo.
“The third man”, do Carol Reed. É um filme excelente e
clássico indispensável para qualquer cinéfilo.
9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes
de termos uma vacina contra a covid-19?
Não. Como diz a pedagogia de D. Bosco, “Prudência e água
benta nunca é demais”.
10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro
atualmente?
Acho que temos uma boa safra por aqui. Filmes como
“Temporada”, do André Novais, “A torre das Donzelas”, da Susanna Lira, “Tinta
Bruta”, do Marcio Reolon e Felipe Matzembacher, “O Sol”, da Lô Politti,
“Helen”, do André Collazzi, e o próprio
“Bacurau” , do Kleber Mendonça Filho, são exemplos da diversidade vozes e da
potência da produção cinematográfica brasileira contemporânea.
11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.
Ator, Othon Bastos. Realizador, Gabriel Mascaro.
12) Defina cinema com uma frase:
“É a suspensão da descrença”.
13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa
sala de cinema
Fui ao cinema assistir “Cast away”, do Robert Zemeckis. O
cinema estava lotado. Bem atrás de mim, tinha um senhor que tentou adivinhar o
que ira acontecer no filme todo e dava pitacos sobre o roteiro! “Olha, agora
vai acontecer isso...”, “Ele é muito
burro, se fosse eu...”, “Não acredito que ele está falando com uma bola...”
Enfim, uma experiência e tanto!
14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...
Não é um filme: é um delírio.
15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir
um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?
Acho que não é requisito não. Nem todo diretor é o Scorsese!
O importante é que o realizador conheça aquelas obras com as quais a sua arte
dialoga...
16) Qual o pior filme que você viu na vida?
O inspetor Faustão e o Mallandro, do Mario M. Bandarra. Esse
é foda.
17) Qual seu documentário preferido?
Jogo de Cena, do Eduardo Coutinho.
18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma
sessão?
Ah, não! Não tenho perfil para isso não! hahaha
19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?
Ah, com o Cage, o “Mandy”, do Panos Cosmatos, é um filmão!
20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?
Gosto do “Palavras de cinema”, que tem um conteúdo ótimo.
21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste
filmes?
MUBi !