Os confrontos com o eu, o seu, o meu. Disponível no catálogo da Apple Tv +, O Canto do Cisne possui um roteiro engenhoso onde é preciso muita paciência para um entendimento completo do que acontece. Falando sobre família, escolhas, dores e amores, o projeto escrito e dirigido pelo cineasta irlandês Benjamin Cleary nos leva a uma jornada existencial em um futuro não longe daqui. No papel principal um dos mais competentes atores do momento Mahershala Ali que mais uma vez emociona do início ao fim na imersão profunda de um personagem extremamente complicado.
Na trama, conhecemos o artista Cameron (Mahershala Ali) que se encontra em anos no futuro perdido em uma
notícia que abalou seu pensar: ele está com uma doença terminal e não sabe como
contar para sua família. Assim, acaba explorando uma possibilidade que chega
por meio da doutora Jo (Glenn Close),
que é criarem um clone dele para esse viver o resto da vida que ele não pode
viver ao lado da família e por consequência defendendo da dor da perda sua
esposa Poppy (Naomie Harris) e seu
filho pequeno. Uma escolha complexa, cheia de variáveis precisará ser tomada.
Repleto de caminhos representativos em torno do luto, da
perda, o filme nos levar a pensar em variáveis criativas que acabam vindo com
uma responsabilidade, também desestrutura qualquer alicerce emocional. As
facetas do personagem, desde seu lado amoroso, a construção de seu amor pela
esposa, pela família, até os dias atuais, em contraponto, onde sofre
praticamente sozinho por conta da doença que não quer conversar são mostradas
em detalhes deixando a narrativa lenta em muitos revelando os sentimentos dos
personagens de forma profunda. Um trabalho emocionante e intenso de Mahershala Ali, passa emoção a cada
segundo em cena.
Os avanços tecnológicos ganham reflexões quando pensamos nas
ações da Dra. Jo ligadas à ética, e também do uso das gravações em lentes que
mesmo dinâmicas deixam o ser humano presos a informações gravadas artificialmente.
Também na questão clonagem e os paradigmas da passagem de memória, teorias que
filósofos do cotidiano nenhum podem negar ser interessante pensar.
Swan Song tem
cenas lindas, nos embates sobre as escolhas, como se nas dores encontrássemos caminhos
para o não sofrer dos que estão ao nosso redor. Com quase duas horas de duração
e atuações marcantes, o filme promete emocionar a muitos.