03/01/2022

Crítica do filme: 'O Canto do Cisne'


Os confrontos com o eu, o seu, o meu. Disponível no catálogo da Apple Tv +, O Canto do Cisne possui um roteiro engenhoso onde é preciso muita paciência para um entendimento completo do que acontece. Falando sobre família, escolhas, dores e amores, o projeto escrito e dirigido pelo cineasta irlandês Benjamin Cleary nos leva a uma jornada existencial em um futuro não longe daqui. No papel principal um dos mais competentes atores do momento Mahershala Ali que mais uma vez emociona do início ao fim na imersão profunda de um personagem extremamente complicado.  


Na trama, conhecemos o artista Cameron (Mahershala Ali) que se encontra em anos no futuro perdido em uma notícia que abalou seu pensar: ele está com uma doença terminal e não sabe como contar para sua família. Assim, acaba explorando uma possibilidade que chega por meio da doutora Jo (Glenn Close), que é criarem um clone dele para esse viver o resto da vida que ele não pode viver ao lado da família e por consequência defendendo da dor da perda sua esposa Poppy (Naomie Harris) e seu filho pequeno. Uma escolha complexa, cheia de variáveis precisará ser tomada.


Repleto de caminhos representativos em torno do luto, da perda, o filme nos levar a pensar em variáveis criativas que acabam vindo com uma responsabilidade, também desestrutura qualquer alicerce emocional. As facetas do personagem, desde seu lado amoroso, a construção de seu amor pela esposa, pela família, até os dias atuais, em contraponto, onde sofre praticamente sozinho por conta da doença que não quer conversar são mostradas em detalhes deixando a narrativa lenta em muitos revelando os sentimentos dos personagens de forma profunda. Um trabalho emocionante e intenso de Mahershala Ali, passa emoção a cada segundo em cena.


Os avanços tecnológicos ganham reflexões quando pensamos nas ações da Dra. Jo ligadas à ética, e também do uso das gravações em lentes que mesmo dinâmicas deixam o ser humano presos a informações gravadas artificialmente. Também na questão clonagem e os paradigmas da passagem de memória, teorias que filósofos do cotidiano nenhum podem negar ser interessante pensar.


Swan Song tem cenas lindas, nos embates sobre as escolhas, como se nas dores encontrássemos caminhos para o não sofrer dos que estão ao nosso redor. Com quase duas horas de duração e atuações marcantes, o filme promete emocionar a muitos.