As desilusões do vício. Disponível no catálogo da Netflix, Apostando Tudo nos mostra as profundezas de um homem viciado em jogos de azar que leva sua vida na inconsequência do dia a dia como se estivesse em uma linha infinita da qual não consegue ter controle. Dirigido pelo cineasta Joe Swanberg, o projeto nos leva a um profundo retrato na vida de um homem que não consegue encontrar o seu equilíbrio sem antes sofrer as consequências de uma vida sem pretensões.
Na trama, conhecemos Eddie (Jake Johnson), um homem perto dos 40 anos, sem emprego fixo, que
vive de trocos trabalhando em um estacionamento de um estádio de baseball e
gastando tudo que possui em apostas nas mesas de carteado clandestinas na
cidade. Certo dia, um amigo pede para ele guardar uma bolsa com dinheiro pois
irá passar um tempo na prisão. Eddie, em mais um daqueles dias alucinantes,
trocando o dia pela noite, de maneira impulsiva gasta parte do dinheiro do
amigo ficando com uma dívida que não sabe como pagar. Buscando alguma segunda
chance na vida, o protagonista consegue um emprego fixo, conhece uma enfermeira
mexicana super legal chamada Eva (Aislinn
Derbez) e tenta dar a volta por cima na vida mesmo que seu vício o coloque
sempre próximo de conflitos e confusões.
Largar de um vício nunca é fácil, seja ele qual for. A
estrada do protagonista aqui nos leva a pensar sobre as contramãos de uma
estrada repleta de comodismo sem inspirações de mudanças, fugindo de se
espelhar em palavras amigas (o irmão por exemplo) consumido pelos impulsos de
um mar de emoções confusas transformando o cotidiano em um verdadeiro caos. O
divisor de águas para Eddie vem a partir do cumprimento da consequência que o
leva a uma reconstrução não antes vivida, em novas maneiras de viver o mesmo
cotidiano só que agora sob uma outra ótica. O filme se aproxima da realidade
quando pensamos em tantos casos parecidos devem ter em tantas esquinas por aí.
A variável abstrata do amor chega como uma segunda chance,
talvez um impulso positivo de tentar tomar um rumo em sua vida. Não há
resoluções simplistas, o roteiro se mantém em uma profunda análise de um homem
buscando seu recomeço tardio mas provando que sempre é possível embarcar na
nave da mudança quando percebe que dar passos à frente é melhor que passos para
trás.