26/08/2022

Crítica do filme: 'Entre Rosas'


O que é a vida sem beleza? Exibido no Festival Varilux de Cinema Francês 2022 e dirigido pelo cineasta francês Pierre Pinaud, Entre Rosas é um longa-metragem com conclusões simples, que busca o duelo entre o pequeno produtor e as grandes corporações para trazer reflexões sobre fases da vida. A delicadeza do processo criativo no cultivo das flores é algo mostrado de forma detalhista, quase uma poesia em uma trama que muitas vezes fica presa aos conflitos de sua personagem principal sem conseguir alcançar grandes momentos. Mesmo assim, consegue ser emocionante principalmente em seu desfecho.


Na trama, conhecemos Eve (Catherine Frot) uma criadora de rosas que está em péssimos lençóis com seu empreendimento de toda uma vida. Repleta de dívidas e sem encontrar muitas saídas para reviver seu negócio, acaba topando a ideia de ter novos funcionários sem custos, pois eles estão em um projeto de ressocialização após serem presos. Assim, a mulher, que demonstra ser muito sozinha na vida, terá que passar lições para essas novas pessoas que podem ajudá-la a reerguer seu empreendimento.


A falência e a concorrência. Um dos primeiros pontos a se observar é exploração a inconsequência dentro de uma disputa capitalista. Beirando à superfície e abordando o empreendedorismo, o filme busca seu alicerce no conflito da protagonista em encontrar soluções para um negócio mal gerenciado, dentro de um egocentrismo evidente que atrapalha o desenvolvimento do lugar. O mercado competitivo das flores é o ponto inicial, assim vemos a empreendedora e também a principal funcionária (muitas vezes a única) de uma pequena empresa que está à beira de sumir do mercado, engolida pela modernização de outras pares do ramo.


Há o paralelo entre o processo de cultivo de uma flor e as fases, ou mesmo fragmentos, de uma vida. O plantar para nascer, o cuidado, o florescer. Nesse ponto somamos à chegada dos novos personagens, três pessoas que foram presas e buscam novos caminhos. Um deles, Fred (Manel Foulgoc) é o que tem a história mais desenvolvida, abandonado pelos pais encontra nesse novo e impensável trabalho uma porta a se abrir de forma positiva após anos solto em uma linha reta de destruição de qualquer sonho. Ainda nesse paralelo da vida e as flores, também se encaixa a protagonista, quase um renascer de seus negócios quando se abre a compartilha experiências com outros.


De qualquer forma que você enxergar essa trajetória, você alcança o refletir, seja sobre a vida e as dificuldades que temos pelo caminho de nossa existência até mesmo sobre o simples ato de contemplar as belezas que estão ao nosso redor e muitas vezes não conseguimos enxergar.