O que é a vida sem beleza? Exibido no Festival Varilux de Cinema Francês 2022 e dirigido pelo cineasta francês Pierre Pinaud, Entre Rosas é um longa-metragem com conclusões simples, que busca o duelo entre o pequeno produtor e as grandes corporações para trazer reflexões sobre fases da vida. A delicadeza do processo criativo no cultivo das flores é algo mostrado de forma detalhista, quase uma poesia em uma trama que muitas vezes fica presa aos conflitos de sua personagem principal sem conseguir alcançar grandes momentos. Mesmo assim, consegue ser emocionante principalmente em seu desfecho.
Na trama, conhecemos Eve (Catherine Frot) uma criadora de rosas que está em péssimos lençóis
com seu empreendimento de toda uma vida. Repleta de dívidas e sem encontrar muitas
saídas para reviver seu negócio, acaba topando a ideia de ter novos
funcionários sem custos, pois eles estão em um projeto de ressocialização após
serem presos. Assim, a mulher, que demonstra ser muito sozinha na vida, terá
que passar lições para essas novas pessoas que podem ajudá-la a reerguer seu
empreendimento.
A falência e a concorrência. Um dos primeiros pontos a se observar
é exploração a inconsequência dentro de uma disputa capitalista. Beirando à
superfície e abordando o empreendedorismo, o filme busca seu alicerce no
conflito da protagonista em encontrar soluções para um negócio mal gerenciado,
dentro de um egocentrismo evidente que atrapalha o desenvolvimento do lugar. O
mercado competitivo das flores é o ponto inicial, assim vemos a empreendedora e
também a principal funcionária (muitas vezes a única) de uma pequena empresa
que está à beira de sumir do mercado, engolida pela modernização de outras
pares do ramo.
Há o paralelo entre o processo de cultivo de uma flor e as
fases, ou mesmo fragmentos, de uma vida. O plantar para nascer, o cuidado, o florescer.
Nesse ponto somamos à chegada dos novos personagens, três pessoas que foram
presas e buscam novos caminhos. Um deles, Fred (Manel Foulgoc) é o que tem a história mais desenvolvida, abandonado
pelos pais encontra nesse novo e impensável trabalho uma porta a se abrir de
forma positiva após anos solto em uma linha reta de destruição de qualquer
sonho. Ainda nesse paralelo da vida e as flores, também se encaixa a
protagonista, quase um renascer de seus negócios quando se abre a compartilha
experiências com outros.
De qualquer forma que você enxergar essa trajetória, você
alcança o refletir, seja sobre a vida e as dificuldades que temos pelo caminho
de nossa existência até mesmo sobre o simples ato de contemplar as belezas que
estão ao nosso redor e muitas vezes não conseguimos enxergar.