Olho por olho, dor por dor. Em pouco mais de 80 minutos de projeção, Vingança Redentora nos leva para uma ampla e profunda análise sobre o castigo, a punição, acompanhamos a estrada de via única de um homem indo atrás de vingança após sua alma se deteriorar logo em seguida à uma tragédia. Dirigido pelo cineasta britânico Shane Meadows, o filme tem uma trilha sonora marcante além de uma atuação explosiva do excelente Paddy Considine.
Na trama, conhecemos Richard (Paddy Considine) um homem que teve que servir ao exército britânico
e assim deixou para trás sua família. Quem mais sentiu sua falta foi seu irmão
Anthony (Toby Kebbell), um jovem autista
que acabou em seguida se envolvendo com uma inconsequente gangue de outros
rapazes que moravam na região. Uma trauma acontece e quando Richard volta para
casa resolve se vingar de tudo e todos.
Um homem com apenas um objetivo. O roteiro dilacera o
sentido de vingança, usa do medo e dos conflitos emocionais para montar uma
série de sequências perturbadoras onde vemos um homem em conflito exatamente
porque seu lado bom não existe mais, num presente inconsequente onde se vê
enquadrado dentro de um paradoxo de anjo mortal. As leis dos homens já não são
mais suficiente para ele, levando-o a romper com os conflitos morais caminhando
em uma estrada sem volta. Essa desconstrução do personagem é nítida a todo
instante, a frieza nunca encontra um oásis para repousar. Um trabalho impecável
de Paddy Considine (em um dos seus
primeiros grandes trabalhos no cinema).
Vamos entendendo aos poucos a história, contada muitas vezes
através de lembranças de quem causou o trauma. Não há reviravoltas, tudo se
encontra no mesmo lugar e mesmo assim consegue-se uma profundidade
impressionante em cada cena. Não há redenções, pedidos de desculpas com tons de
verdade. Vemos dentro de uma crueldade as ações do protagonista. Indicado ao
BAFTA em 2005, esse chocante retrato sobre vingança, que usa do chocar como uma
ferramenta para reflexão sobre o abandono da moral, tem um desfecho simbólico. Vingança Redentora é um filme muito
objetivo, afinal não há espaço para quebra-cabeças emocionais onde não existe
arrependimento.