A dor que desperta movimentos. Exibido no Festival de Locarno em 2019 onde foi o vencedor do prêmio de Melhor Direção, Os Filhos de Isadora nos apresenta um recorte bastante profundo para as interpretações de um solo de dança pelo olhar de quatro mulheres. Escrito e dirigido pelo cineasta francês Damien Manivel, somos testemunhas de uma jornada que começa em outubro e acaba se mostrando algo infinito, cíclico, com o alcance da força do complemento da mensagem dos movimentos que virou arte através de uma eterna homenagem em forma de dança, uma tentativa de transformar uma dor inesgotável em beleza pelos olhos da arte. Um legado deixado para a dança moderna pela coreógrafa e bailarina californiana Isadora Duncan.
A narrativa gira em torno do legado de Isadora Duncan,
dançarina norte-americana percursora da dança moderna, e a tragédia que fez
parte de sua vida. Ela perdera os filhos pequenos em um terrível acidente às margens
do Rio Sena. Sem forças para um simples gesto, com o luto batendo na porta de
suas emoções sem folga, criou um solo chamado de ‘A Mãe’. Essa série de
movimentos ao longo dos anos tocou corações, profissionais da dança ou não, por
onde fora exibido. Aqui em Os Filhos de
Isadora, acompanhamos quatro mulheres e suas interpretações e sentimentos
sobre esse solo emocionante.
O poder da dança para se refletir sobre um momento. Na busca
de paralelos entre as artes, aqui a dança e o cinema, vemos uma série de
tentativas para se conseguir unir essa narrativa de dor e sofrimento em algo
próprio do artista. A força dos movimento parece dizer tanta coisa, sem uma
fala. Os caminhos de cada indivíduo é que os levam para suas interpretações
aqui atravessados pelas histórias de cada um.
A tragédia pode se tornar beleza? O abstrato ganha
contornos, como se as emoções ganhassem vida através da dança, assim chegamos
na saudade, na dor, no aprendizado, no elo de todo um caminho entre pais e
filhos.