O estopim oriundo da obsessão e do desejo. Minissérie caliente que busca uma reflexão no campo emocional de um absurdo e obsessivo relacionamento em paralelo ao rompimento da linha tênue entre o controle e o descontrole, Desejo Obsessivo navega a um passo da tragédia. Reunindo um protagonista com uma vida perfeita que encontra uma singular mulher, o roteiro levanta questões sobre desejo, a obsessão, onde os deslizes se tornam iminentes e a irrelevância de qualquer outro vira algo frequente. Esse embarque no desequilíbrio é o ponto de interseção que costura o roteiro para as ações e consequências dos personagens.
Na trama, conhecemos William (Richard Armitage), um cirurgião brilhante, de fala mansa, casado
com uma advogada, com dois filhos que o idolatram, que vive seus dias com um
enorme recente sucesso na carreira, fato que o leva a uma provável carreira
política. Tudo ia na mais perfeita harmonia e equilíbrio na sua vida até que se
vê envolvido, encantado, seduzido, obcecado, pela futura noiva do próprio filho,
a enigmática Anna (Charlie Murphy).
A partir do momento que ele se deixa levar por essa história, a vida
apresentará duros golpes em seu caminho.
A verdade tem mil faces. A relação que se estabelece é por
onde buscamos decifrar os momentos dos personagens. A dominação, controle psicológico,
o proibido, a necessidade da submissão do outro nos jogos sexuais impostos, são
alguns dos elementos que se tornam pólvoras para inconsequências. O controle e
a submissão, aqui ligados ao desejo, moldam os calientes momentos como se a
cada novo encontro um tijolo fosse colocado na bolha criada nesse tabuleiro de
sedução. Será algum tipo de amor? Será a necessidade de preenchimento de um
vazio ligado a desejos? Percorrendo milhas e milhas distante da linha que
divide razão e a inconsequência somos testemunhas de atos impensáveis, onde há a
troca do equilíbrio (razão) pelo descontrole (emoção).
A subtrama da família e toda exposição perante à situação não
consegue ser tão profunda, ficando em total segundo plano. Esse poderia ser um
elemento mais bem aproveitado. A deslealdade na relação com filho é o que deixa
marcas no desequilíbrio do protagonista, mesmo esse dominado pela obsessão onde
qualquer um que não seja Anna sejam jogados para escanteio. Na construção para
a estrada da obsessão aqui nesse projeto, logo percebemos ser uma rua de mão
dupla, onde um personagem se joga nesse oceano de inconsequências e o outro
busca soluções para sair dessa bolha angustiante que já lhe trouxe tragédias no
passado.
Mas afinal, quem tem mais culpa no cartório? Nessa minissérie de 4 capítulos disponível na Netflix, o lidar com a consequência dos próprios atos é a reta final de uma trama que busca ser envolvente e caliente, explorando os caminhos interpretativos do desequilíbrio.