As verdades e mentiras com ar teatral. Baseado em uma peça teatral escrita por Georges Berr e Louis Verneuil em meados da década de 30, o novo trabalho do ótimo cineasta francês François Ozon aborda a gangorra de emoções de uma jovem que vai da tristeza e anonimato até as flores e os aplausos após ser acusada de assassinato. Com diálogos ágeis, ritmo contagiante, e todo um ar teatral, o filme passa, de maneira superficial, por assuntos como: machismo, preconceito e até mesmo a cumplicidade moral em uma França perto da Segunda Guerra Mundial.
Em uma época onde os cinemas exibiam o filme Semente do Mal de Billy Wilder, conhecemos Madeleine Verdier (Nadia Tereszkiewicz) uma jovem atriz com uma carreira que não
decola, com conflitos na vida amorosa, sem dinheiro quase sempre, devendo
aluguel todo mês. Ela divide um apartamento no sexto andar de um edifício em Paris
com a amiga Pauline Mauléon (Rebecca
Marder), uma jovem advogada sem emprego que parece ser o único apoio de
Madeleine no presente. Certo dia, após passar horrores em uma reunião, a
protagonista acaba sendo acusada de assassinar um famoso produtor. A partir
daí, sua vida ganha novos rumos quando verdades aparecem.
Mais ou menos cinco anos antes de começar a Segunda Guerra
Mundial, em meados da década de 30, a França vivia dias de desenvolvimento artístico
e cultural muito forte, inclusive Picasso pintara um de seus famosos quadros
nessa época na própria capital francesa. O cinema se tornou cada vez mais
relevante o que fez de objetivos de muitos e muitas serem artistas. Nesse
contexto encontramos a protagonista, desiludida na vida, talvez até mesmo por
não ter talento para a profissão escolhida, sofrendo os horrores do machismo
por todos os lados. Quando sua vida muda, a partir de uma alegação de legítima
defesa, a narrativa embarca no olhar da mudança de perspectiva dela através de
olhares de muitos que a julgavam.
Comédia biruta? História sem sentido? Ritmo alucinado? Um
pouco disso mas há mais que isso! O espectador que não conseguir se conectar
com as poucas mas existentes reflexões que há nas entrelinhas, ir até o fim do
filme pode ser uma jornada sonolenta. Mas há pontos importantes para reter
nossa atenção, é só ter um entendimento do contexto, das referências que o
projeto traz.
Com filmagens que duraram apenas dois meses, com locações na
Bélgica e na França, O Crime é Meu tem
um ótimo elenco, que mescla artistas renomados como: Isabelle Huppert, André Dussollier, Fabrice Luchini e Dany Boon, com duas jovens artistas da
nova geração francesa.