O preconceito e a luta pelos direitos. Dirigido pelo nova iorquino Jonathan Demme, no seu filme de sequência logo após o impactante O Silêncio dos Inocentes, Filadélfia é um projeto emocionante, camuflado de drama jurídico, que transporta pra tela reflexões sobre vários assuntos bastante importantes, principalmente um que marcou a geração dos anos 80/90, a AIDS.
Mostrando os passos rumo as incertezas de um profundo
protagonista, que sofre com o preconceito constante, o filme tem a força de
também conscientizar e jogar pra longe a estigma sobre a doença. Esse é o
primeiro dos dois Oscars que Tom Hanks ganhou
em sequência (o outro foi por Forrest
Gump), algo somente conseguido pelo ator Jason Robards na década de 70. É um trabalho impressionante de Hanks, que inclusive teve que perder 26
quilos para algumas cenas de seu personagem.
Na trama, conhecemos Andrew Beckett (Tom Hanks), um brilhante advogado, homossexual, que vem crescendo
na poderosa empresa onde trabalha. Quando ele é demitido de forma surpreendente
por conta da descoberta pela empresa que ele possui AIDS, Andrew resolve
processá-los e para isso contrata Joe (Denzel
Washington), um advogado, homofóbico, que é o único que aceita o caso.
Levemente inspirado na ação movida por um jovem advogado
chamado Geoffrey Bowers, em um processo de discriminação contra a AIDS que
moveu contra um empresa multinacional, Filadélfia
amplia o campo de reflexão para falar sobre as facetas do preconceito em uma
sociedade conservadora e mal informada. A narrativa segue em parte como drama
jurídico, daqueles bons filmes com conflitos intensos de argumentações e júri
mas também não deixa de relatar toda a dor e sofrimento que passa o
protagonista, formando um discurso pulsante e envolvente.
A Aids é uma doença que ao longo do tempo foi ganhando um
melhor entendimento de todos mas na época em que se passa o filme era bem
diferente. O preconceito rolava solto e a desinformação era vista em cada
esquina. Até hoje essa terrível doença que ataca o sistema imunológico não tem
cura mas a evolução dos tratamentos possibilitaram uma qualidade de vida para os
portadores do vírus.
O filme tem várias outras críticas sociais, algumas dessas
que contornaram a história recente norte-americana e estão ligadas a orientação
sexual. Um dos maiores exemplos disso é a reflexão sobre a proibição de gays e
lésbicas servirem nas Forças Armadas dos EUA, algo que se seguia até meados da
década de 90, quando o filme foi filmado. Uma cena de festa já na parte final
do filme onde os personagens de Banderas e Hanks estão vestidos com uniformes
militares é uma referência, algo para gerar o refletir sobre a situação.
Lançado nos cinemas norte-americanos em dezembro de 1993 e
chegando no Brasil apenas em março de 1994 (pra vocês verem como demorava para
os filmes de fora chegarem aos nossos cinemas tempos atrás), o filme foi
ganhador de dois Oscars, para a potente canção Streets of Philadelphia de Bruce
Springsteen na categoria de Melhor Canção Original e Tom Hanks na categoria Melhor Ator.
Para quem se interessar em assistir a esse filmaço, está
disponível no catálogo a HBO Max.