O tesão e o arrependimento. Dirigido pelo experiente cineasta britânico Adrian Lyne, um diretor que ao longo de sua trajetória na carreira buscou em seus projetos trazer olhares sobre escolhas, desejos e a intimidade do que acontece entre quatro paredes, Infidelidade segue também nessa linha onde a bolha da traição se torna um consequente desespero. O longa-metragem lançado mais de duas décadas atrás é baseado em outro filme, do final dos anos 60, o francês La femme infidèle, de Claude Chabrol.
Na trama, acompanhamos Connie (Diane Lane), uma bela mulher que vive com seu filho e seu marido Ed
(Richard Gere) em uma confortável
casa situada no subúrbio de Nova Iorque. Certo dia, após ser surpreendida por
uma rajada de ventos, o destino coloca em sua frente o sedutor francês Paul (Olivier Martinez), com quem vive
intensos dias se tornando amante dele. O marido de Connie, logo começa a
desconfiar e contrata um detetive para investigá-la e situações complexas se
tornam iminentes.
A direção de Lyne é detalhista, busca trazer para as suas
imagens e movimentos todo o sentimento conflituoso que existe na linha tênue
entre a razão e o desejo que se consolida a protagonista. Um clima de tensão
muito bem produzido logo chega no avançar da trama, tendo a inconsequência como
uma luz que nunca se apaga durante toda a trajetória dos personagens. Diane Lane e Richard Gere, que já haviam trabalhado juntos em Cotton Club de Francis Ford Coppola, dão um show em muitas cenas. A primeira
inclusive sendo indicada ao Oscar por sua atuação em Infidelidade.
Sucesso em bilheteria, estreando em mais de 2.000 salas
norte-americanas em maio de 2002, Infidelidade
apoia sua narrativa nos misteriosos pensares ligados ao desejo, como se uma
porta fosse aberta para o público poder refletir sobre as escolhas e conflitos
que se sucedem escancarando a intimidade. Esse por si só é um assunto que
aciona a curiosidade, talvez por isso tenha conseguido gerar no público um
interessante por esse remake.
Algumas curiosidades cercaram a produção. Uma delas é que Diane Lane assistiu ao filme Aimée e Jaguar (1999) como forma de
preparação para algumas das cenas de intensidade amorosa, a pedido de Adrian Lyne. Outra é que o papel de
Paul foi oferecido para Brad Pitt
mas a produção resolveu escolher um ator francês (talvez por conta de ser um
remake de Chabrol?).
Quando pensamos em filmes sobre infidelidade esse
longa-metragem logo é citado, um projeto que consegue nos guiar através dos
recortes sempre muito conturbados do abstrato ligado ao desejo, algo sempre
complicado de refletir em cinema mas que aqui beira ao brilhantismo. Para quem
se interessar em assistir, o filme está disponível no catálogo da Netflix.