Tudo tem prazo de validade? Até mesmo o amor? Trinta anos atrás, o genial cineasta Wong Kar-Wai lançaria um dos seus filmes mais marcantes que traça uma análise pulsante sobre a necessidade de fuga do sofrimento, do pensar, com personagens solitários em conflito em meio a uma Hong Kong que não deixa um minuto de crescer. A narrativa se alimenta de um jogo de câmeras constante, próximo dos personagens, encontrando sentido em tudo que se movimenta. Uma obra-prima de um dos diretores mais impressionantes do oriente.
Na trama nos joga em um par de momentos. Primeiro um jovem
policial de pouco mais de 20 anos, à beira do desespero com um término recente
adquirindo inclusive hábitos estranhos envolto na sua loucura obsessiva que tem
seu destino cruzado em um bar onde conhece uma criminosa que se mete em uma
enrascadas após ser passada para trás. Num segundo momento, conhecemos um outro
policial que fora abandonado por uma aeromoça, um amor relâmpago visto de
formas diferentes pelos dois, que acaba tendo seu caminho impactado por uma
jovem que trabalha em um pequeno restaurante.
Mudar pode levar um tempo. Dividido em duas partes, como se
fossem dois filmes complementares na sua essência em um só, acompanhamos as
reflexões sobre o estado de solidão de pessoas que buscam soluções para seus
respectivos desvios do encarar de frente as dores, aqui também leia-se a
rejeição e o término. À espera de algo que nunca chega da maneira como imaginam,
precisam lidar com a imprevisibilidade ou mesmo um sopro de esperança em meio ao
dinamismo de uma cidade em evidentes mudanças.
Rodado em 23 dias e finalizado em apenas três meses, Amores Expressos foi filmado por dois
diretores de fotografia diferentes, cada um ficou com uma parte da história. A
estética do filme chama a atenção, um emaranhado de cores remete as aflições e
conflitos emocionais dos personagens. Fatores esses que colocam a narrativa na
sintonia do discurso e transformando esse projeto em uma obra-prima que inspira
até hoje cineastas de todo o mundo.