A decepção é um labirinto. Escondido no catálogo da HBO Max, esse poderoso drama que parte do recorte de um pai e sua conflituosa com o filho dilacera as mágoas do passado entre idas e vindas da liberdade até a oportunidade. Fim da Sentença, dirigido por Elfar Adalsteins, em seu primeiro longa-metragem, é um interessante road movie que caminha na melancolia para se achar um norte, uma direção, mas de forma próxima à realidade, humana, numa relação angustiante presa em um passado que não existe mais. John Hawkes e Logan Lerman estão sublimes nos seus respectivos papéis.
Na trama, conhecemos Frank (John Hawkes), um vendedor aposentado que passa seus dias de forma
pacata ao lado da esposa Anna (Andrea
Irvine) no estado do Alabama. Quando ela falece, vítima de câncer, Frank,
precisa realizar o último desejo da esposa: uma viagem para a Irlanda junto do
filho. A questão é que Sean (Logan
Lerman), que acabara de sair da prisão, não se dá bem com o pai. Embarcando
nessa viagem, muitas surpresas pelo caminho esperam pai e filho.
O controle sobre as coisas se torna um parâmetro importante
que define as personalidades de pai e filho. O primeiro um homem rígido, que
viveu para seu amor toda uma vida e se lamenta pelo abismo na relação com o único
filho. O segundo, um imaturo jovem que travou momentos conflituosos com o pai
ao longo da vida jogando nele toda a culpa pelo seu presente momento. Ao longo
dessa viagem, a oportunidade de verem lados nunca vistos de um e de outro, de
alguma forma, transforma essa relação. A narrativa costura muito bem esse olhar
num campo de interseção, nas peças que vão unindo os protagonistas.
Descobertas surpreendentes de um grande amor, as verdades
por trás das raivas que logo se mostram traumas de um passado repleto de
lacunas nunca respondidas, momentos com variáveis incontroláveis, o olhar para
a família e sua relação com o caos, tem de tudo nesse roteiro que antes de mais
nada se joga para cima do lado humano, dos erros e acertos que estão previstos
em todos os caminhos.