O catálogo do medo aos olhos da imaturidade. Roteirizado pelo genial Charlie Kaufman, a partir de uma adaptação de um livro homônimo escrito pela ilustradora e escritora britânica Emma Yarlett, a nova aventura com técnicas de animação da Netflix, Orion e o Escuro, usa a fantasia para abordar inúmeras incertezas que podem acompanhar o ser humano por toda uma vida. Primeiro trabalho na direção de um longa-metragem de Sean Charmatz, a aventura traz ao público um desfile de pensamentos sobre os conflitos mundanos ligados a uma variável constante: o medo.
Na trama, acompanhamos Orion (Jacob Tremblay), um menino de 11 anos desconfiado de tudo, cursando
a 5ª série, que vive pensando sempre nas coisas negativas que podem acontecer,
vivendo seus dias em constante aflição e com a mente repleta de imaginação.
Dentro esse leque de medos, o escuro é o número um. Certo dia, durante a noite,
acaba conhecendo o próprio escuro (Paul
Walter Hauser), uma criatura gigante que o leva para um tour fazendo o
protagonista descobrir uma visão diferente de muitos medos que tinha.
Qual a verdadeira beleza da vida? Explorando os conflitos
oriundos do medo, encostando na razão volátil do subconsciente na direção da
imprevisibilidade do que é certo ou errado, do que é certeza ou não, a formação
do discurso da narrativa se sustenta em personificações do abstrato
transformando essa jornada em uma divertida reflexão sobre o universo da vida. Elementos
ligados à noite: o silêncio, o sono, os barulhos, a insônia, dão sentido concreto
para esse discurso que são compostos também por personagens carismáticos.
Dedicado ao público infanto-juvenil, por aqui também há
espaço para os adultos conseguirem tirar lições. As surpresas do roteiro, que
traz um choque de linhas temporais surpreendente, formando um dinamismo fundamental
para alimentar o fôlego criativo, esbarram num existencialismo em busca de um
real sentido da vida. A fórmula dá muito certo, liga o terror do desconhecido às
novas maneiras de enxergar um conflito.
Orion e o Escuro e
seu lema ‘o nada é inimaginável’ estreou sem muito ‘oba oba’ na toda poderosa
Netflix e logo alcançou o top 10 na semana de estreia. É uma jornada divertida,
que também emociona, para você assistir com toda a família. As únicas histórias
que ajudam a entendermos melhor a vida são as que possuem um fundo de verdade.
E essa tem bastante!