Toda vida é preciosa. Inspirado em partes das experiências de vida da própria diretora Laura Chinn, em sua primeira direção de um longa-metragem, Suncoast lida com as variáveis de uma iminente tragédia aos olhos de uma adolescente com inúmeros embates com a mãe. O projeto, que estreou recentemente no catálogo da Star Plus e antes fora apresentado pela primeira vez no Festival de Sundance desse ano, aborda alguns assuntos delicados, reflexões que geram debates na sociedade.
Na trama, conhecemos Doris (Nico Parker), uma jovem que estuda numa escola particular cristã,
quase sem amigos, passando por um presente conturbado: com a iminência no adeus
ao irmão, a descoberta de situações ligadas à adolescência, e a falta de diálogos
construtivos com a mãe Kristine (Laura
Linney). Com a necessidade do irmão, com câncer cerebral, ir para um Centro
de Cuidados Paliativos chamado Suncoast, a protagonista embarca em novas
descobertas e tem seu destino cruzado com o do ativista viúvo Paul (Woody Harrelson).
Um dos pontos interessantes que são colocados nesse projeto
é a relação conturbada entre mãe e filha. Essa situação parece ser a base do
roteiro, algo que circula durante toda a narrativa. A primeira parece ter se
fechado em uma bolha, se dedicando por completo ao filho e esquecendo a filha. A
segunda, parece viver seu presente para novas descobertas mas com a perda da
referência, a imaturidade grita. As discussões são constantes, há muitas dores
de ambos os lados.
A narrativa, com seu ritmo lento, caminha pelo olhar
delicado de uma jovem em conflitos mesmo trazendo uma alta carga emocional que
liga o viver ao estado final da vida. Um fator na mexida do estado paralisado que
vive sua rotina vem com a chegada de Paul, um homem com uma enorme perda que a
faz entender melhor a necessidade do adeus e como pode ser difícil (porém
necessário) o seguir em frente, além da importância das escolhas no final de um
caminho. Paul preenche uma lacuna importante na vida de Doris, o da referência,
algo perdido nos desencontros com a mãe.
O olhar para o luto chega através do contexto da eutanásia,
algo que circula em uma subtrama não desenvolvida mas que gera debates com
pontos de vistas diferentes. O sentido de vida e morte se chocam, levando a
reflexões profundas sobre o tema.
Suncoast possui
uma leveza para ser melhor entendido, camufla as dores mas sem deixar de
mostrar que elas estão ali presentes. Um trabalho interessante da diretora Laura Chinn, com ótima atuação de seu
elenco.