Reflexões sobre as linhas tênues entre jornalismo e crime. Na década 90, tabloides sensacionalistas dominam as rodas de conversa de uma sociedade sedenta pela informação e ainda longe dos avanços das redes sociais que se tornaram uma certeza nos tempos atuais. Nesse período, no Reino Unido, um introspectivo e reservado repórter buscava seu espaço Ilustrando situações e transformando em interesse público, inclusive se passando por um falso sheik. Série documental de três episódios disponível na Prime Video, O Falso Sheik busca a reflexão ampla sobre o jornalismo e seus limites dentro da defesa de muitos do que seria liberdade de expressão.
Ao longo dos episódios, por meio de depoimentos de
testemunhas das ações, vítimas, advogados e colegas do antigo trabalho, vamos conhecendo
recortes da trajetória de Mazher Mahmood, descendente de paquistaneses, que
lutou para conseguir seu espaço no meio jornalístico numa época de protestos e
forte preconceito. Nos primórdios da internet, com poucos celulares, o
personagem principal dessa história se abraçou a um jornalismo investigativo que
cruzava limites fazendo quase de tudo para conseguir uma matéria. Ele
basicamente jogava a isca e esperava que mordessem.
Aos poucos foi se tornando conhecido, vencedor de prêmios
importantes dados para profissionais da imprensa britânica, assinando várias
matérias de alta repercussão, com capas do jornal que trabalhava, inclusive alcançando
o status de celebridade, mas sem nunca mostrar o rosto. Depois de muitas
matérias de grande repercussão acabou ele mesmo virando uma.
A narrativa é detalhista ao buscar um diálogo interessante
sobre o que fazia o protagonista, colocando na vitrine de reflexões o tipo de
jornalismo praticado. Por meio de flagrantes provocados, vidas foram destruídas,
jornais foram vendidos aos montes. A liberdade de imprensa usada como desculpa
para não impor limites ou passear na linha tênue com a imoralidade deixando em
ponto morto a ética é um elemento de discussão. O jornal britânico onde Mazher
Mahmood trabalhou a maior parte do tempo, o ‘News of the World’, um do mais
vendidos no mundo naquela época, chegaria ao fim por denúncias de invasões telefônicas.
Meios de comunicação na caça da imoralidade de rostos
conhecidos são vistos até hoje, esse tipo de conteúdo se propaga de forma
incontrolável, fator que diz muito sobre a sociedade em si.