As personificações para um chocar. Vencedor do Prêmio Especial do Júri no último Festival de Gramado e selecionado para o CineBH 2024, O Clube das Mulheres de Negócios propõe ao espectador um exercício provocativo onde de várias formas podemos enxergar o comportamento através de um uso ácido e debochado do arquétipo associado a personagens da nossa realidade. Suas possíveis várias leituras possibilitam ir do fato concreto ao imaginário. Não é um filme só de comédia, nem de suspense ou terror. É um liquidificador de emoções com tudo isso.
Na trama - que é bem difícil de definir uma sinopse simples
e objetiva - conhecemos personagens que entram em total conflito, quando dois
jornalistas resolvem entrevistar algumas poderosas mulheres envolvidas nas mais
polêmicas situações. Para agravar as tensões que surgem, a fuga de um animal
perigoso leva terror e medo a todos no lugar.
Ao buscar soluções para refletir sobre os absurdos, a
narrativa encontra dificuldades de se manter firme no forte discurso deixando uma
potencial premissa se perder. O exercício provocativo que o filme apresenta funciona
numa primeira parte, com mensagens óbvias de paralelos estereotipados de
figuras do mundo real. Nesse ponto, abre-se um leque de reflexões possíveis que
vão desde as divisões de gênero, de classes, até a corrupção e o machismo.
Num segundo momento, numa grande virada do roteiro, com a
chegada do abstrato e os delírios, o objetivo de apontar o olhar do espectador
para algum lugar transforma o filme em uma grande viagem sem rumo e redundante.
A partir desse ponto, as inspirações bem presentes dos recortes da política
brasileira dos últimos anos costurados na primeira parte são esquecidas virando
um show de desencontros do próprio discurso.
Com inúmeras críticas sociais envolvidas entre o riso e a
tensão, o projeto escrito e dirigido por Anna
Muylaert vai dar o que falar pelas salas de cinema de todo o país a partir
do dia 28 de novembro, quando estreia nos cinemas. É um daqueles filmes que
você ama ou odeia.