As dificuldades de uma perseguição social e moral. Trazendo aos olhos do público um recorte intimista através de uma carismática protagonista e seus desabafos, o documentário uruguaio Má Reputação estaciona nas possibilidades, focado na sua figura central, sem deixar de deixar a sugestão de bons debates. Ao longo de 78 minutos de projeção, o tema da prostituição, do ativismo e dos direitos trabalhistas se mostram presentes.
Começamos essa caminhada através da rotina de Karina, uma profissional
no sexo de quarenta e poucos anos que se joga dia após dia em uma estrada para
oferecer seus serviços. Com a experiência de um profissão tratada sem respeito
por grande parte da sociedade, certo dia ela resolve buscar a união para buscar
direitos que logo se transforma numa luta com uma forte representatividade,
através de uma associação para trabalhadoras do sexo – a Otras, Organización de
Trabajadoras Sexuales. Além disso, Karina se joga em uma jornada para talvez
enxergar novas possibilidades fora desse ramo.
Mostrando seu passo a passo até ali, seu relacionamento com
as pessoas mais próximas do seu cotidiano, além da visão de outras mulheres que
oferecem os mesmos serviços, vamos aos poucos entendendo as aflições da
personagem principal em relação a todo um amplo contexto social e a posição
marginalizada aos olhos de muitos. Há depoimentos de experiências passadas no
seu tempo de estrada na profissão que ganham fôlego para reflexões através do
olhar objetivo do que pode vir pela frente.
Dirigido por Marta
García e Sol Infante, a primeira
com vasta experiência no mercado de distribuição e a segunda como diretora de
fotografia de vários projetos – uma junção que dá super certo com um olhar
inteligente aos pontos que podem trazem reflexões – esse projeto não perde a
chance de ser objetivo em nenhum momento. É uma história que vemos em nossa
sociedade. Assim, Má Reputação adota
uma narrativa que busca envolver através de uma imersão às emoções que culminam
nas ações de luta de um presente repleto de desafios.