24/07/2021

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Pausa para uma série: 'The Mourning Show'


As complicadas linhas da ética e a luta contra o abuso. Abordando temas muito atuais como o abuso sexual, as linhas tortas do egocentrismo que se distanciam da ética da profissão, o universo capitalista centrado aqui em um competitivo programa badalado da televisão norte-americana, The Mourning Show pode ser visto por diversas óticas. Disponível no catálogo do streaming da Apple Tv+ , o seriado, já renovado para uma segunda temporada tem no elenco os ótimos Jennifer Aniston, Reese Witherspoon e Steve Carell.


Baseada no livro Top of the Morning: Inside the Cutthroat World of Morning TV do jornalista Brian Stelter, o seriado nos mostra os bastidores de um badalado programa matinal de entrevistas e reportagens da televisão norte-americana que fica no meio de um furacão quando um dos seus apresentadores, Mitch Kessler (Steve Carell) é acusado de assédio sexual. Assim, a responsabilidade sobra toda para a outra âncora, a jornalista Alex Levy (Jennifer Aniston), que em um ato impulsivo durante um evento acaba anunciando a contratação de uma outra âncora, a jornalista Bradley Jackson (Reese Witherspoon). Assim, essas duas jornalistas precisarão enfrentar suas diferenças no modo de pensar jornalismo e fazer do programa um sucesso.


As construções dos episódios possuem um ritmo lento, principalmente os primeiros episódios, mas nada que atrapalhe nossa interação, o projeto cresce demais do meio para frente. Possui muitos méritos por conseguir traçar paralelos entre os lados profissionais de seus protagonistas, e até mesmo muitos coadjuvantes, com os caminhos do que pensam sobre a profissão de jornalista. Conflitos é o que não faltam, principalmente depois do escândalo que é divulgado. Jennifer Aniston em uma atuação espetacular é o epicentro da trama, talvez a personagem mais enigmática da série, imprevisível. Mãe, esposa em pleno processo de divórcio, sem saber se continuará no programa que a tornou famosa no país, vários conflitos começam a se fechar levando-a quase sempre a inconsequentes ações. Bradley Jackson, interpretada pela também ótima Reese Witherspoon, é um contraponto à personagem de Aniston, travam batalhas épicas pelo que pensam sobre os limites do jornalismo e projeção na carreira. Bradley é uma ameaça à Alex mas também um porto seguro, uma quase amiga que se distancia talvez pelos modos de pensar sobre a vida totalmente em lados opostos em situações importantes.


O grande epicentro dessa história é o caso de assédio sexual e como todos que trabalham nesse noticiário encaram esse fato. Vemos os dramas das vítimas, como os outros enxergavam essa situação. Os amigos de trabalho sabiam que tinha acontecido isso? Se sabiam porque não fizeram nada para defender a vítima? Vários dilemas nós vemos ao longo dos dez episódios dessa primeira ótima temporada com um episódio final impactante. Que venha a segunda temporada!




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Crítica do filme: 'Sob o Pé de Toranja - A História de CC Sabathia'


A importância da família e a força de vontade na busca de ser um ser humano melhor para si mesmo e para os outros. Disponível no ótimo catálogo do streaming da HBO Max, Sob o Pé de Toranja - A História de CC Sabathia é um documentário muito interessante que nos mostra as conquistas e os dramas de uma lenda da liga profissional de Baseball norte-americana, o arremessador CC Sabathia. Ao longo de menos de uma hora e dez de projeção, vamos vendo sua forte ligação com a família, e o seu auge como atleta quando enfrentou um grave problema de Alcoolismo que o deixou à beira de perder tudo que conquistara até ali. Por meio de depoimentos, vídeos e imagens, vamos entendendo um pouco da vida desse talento raro.


Tudo começou em Vallejo (Califórnia), no quintal de sua avó. Ela tinha um imenso pé de toranja e o protagonista sempre que a visitava jogava as frutas que caia tendo uma cadeira como alvo. Ali, naquele lugar simples CC Sabathia (que viria ser um dos maiores esportistas das grandes ligas dos esportes norte-americanos), podia sonhar com tudo que queria em sua vida. Aos poucos ele cresce e os conflitos começam a aparecer na sua frente: o afastamento da relação com o pai após a separação com a esposa (mãe de Sabathia); mais perdas que viriam acontecer pelo caminho; suas dificuldades no casamento de muitos anos ao lado da esposa que ajudou como pode o jogador nos momentos mais difíceis; o grave e quase silencioso problema de alcoolismo que passou.


Segundo ele mesmo: “sempre que uma coisa boa acontecia, outra ruim vinha logo em sequência”. Nos mostrando parte de seu último ano como atleta, após 19 anos como profissional de um esporte muito querido pelos Estados Unidos e vestindo a camisa de um dos times mais tradicionais da maior liga de baseball do mundo, o documentário busca nos mostrar a maior parte da vida desse pai, marido que, quando estava longe dos estádios, das competições, muitas vezes não soube lidar com os problemas que apareciam na sua frente mas de muitas formas deu a volta por cima.


O filme gera seu impacto mas também grandes pontas de esperança. Belo projeto, que sirva de inspiração para muitos outros atletas ou não atletas.

 

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #484 - Alberon Lemos


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Recife (Pernambuco). Alberon Lemos tem 42 anos. É historiador e professor recifense, amante das artes. Antifascista, cinéfilo e leitor compulsivo.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cinema da Fundação. Tem uma programação alternativo ao circuito tradicional dos "cinemas de shopping".

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Ghost (kkkkk).

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Ingmar Begman. Gritos e sussurros.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Deus e o diabo na Terra do Sol. Acho inovador e provocativo até hoje.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Apreciar o cinema como uma arte e não como um produto.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Tomara que não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Era uma vez na Anatólia.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Falta criatividade e ousadia.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

José Dumont.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Imagem em movimento.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não me lembro de nenhuma.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Diarreia cinematográfica.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho essencial.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

O cantor de Jazz.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Cabra marcado para morrer.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Já.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

The Film Experience.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Mubi.

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23/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #483 - João Gabriel Kowalski


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Maringá (Paraná). João Gabriel Kowalski tem 30 anos. É Produtor, Roteirista e Diretor, formado em comunicação social pela ESPM(São Paulo), pós-graduado em Direção de Cinema pela UCLA e mestre em Semiótica Psicanalítica pela PUC-SP. Dirigiu diversas campanhas publicitárias e 5 curtas metragens, incluindo “Morre Diabo”(Die, Damnit!), finalista do My Rode Reel Film Festival e “O Cão Foi Quem Butô Pra Nóis Bebê, destaque na mídia brasileira em 2017. Está trabalhando em um documentário sobre uma garota com síndrome de down que sonha em se tornar cineasta, que foi contemplado em um edital na cidade de Maringá. Em 2021 irá lançar seu primeiro longa-metragem “Unframed”, que conta com Hugo Bonemer, Marcelo Menezes, Douglas Silva e Naruna Costa no elenco.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

O Cineflix do Maringá Park é o único cinema da cidade que traz filmes diferenciados para serem exibidos. Filmes que fogem do padrão blockbuster, mas mesmo assim tendem a ser hollywoodianos. Essa sala de cinema busca trazer filmes que fazem sucesso no Festival de Cannes e tem uma tendência mais comercial. Para uma região que só tem opções de blockbusters e franquias.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Fim dos Dias. O filme é totalmente esquecível, mas eu tinha 8 anos quando fui a uma sala de cinema em Curitiba com meus pais e tive a experiência de assistir a um filme que era censurado para a minha idade. Me lembro do meu pai se responsabilizando e forçando a minha entrada. Depois lembro de ver o filme e achar chocante. Foi uma revelação.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Não gosto de dizer que tenho um diretor favorito, pois é uma variante que depende muito da fase da minha vida. Já fui fanático por Scorsese, Woody Allen, Kubrick, Spielberg, Paul Thomas Anderson. Hoje me identifico bastante com os irmãos Coen e acho Fargo um espetáculo à parte.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Estômago de Marcos Jorge. Por ter uma conexão enorme com a gastronomia e me relacionar bastante com o tipo de humor que o filme emprega. Um humor que foge do que estamos acostumados a ver no cinema brasileiro, algo que vai mais pro caminho argentino, sarcasmo cru. É um filme que como roteirista e diretor, sonho em realizar algo no mesmo patamar.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É amar o cinema todos os dias. Não ter preconceito com filmes e ser aberto para assistir de tudo. De filme de heróis a grandes diretores como Fellini. Eu acredito que um cinéfilo de verdade é o que não julga os filmes que foram feitos para ser comerciais e também tolera os filmes autorais de cunho experimental.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que cada filme tem um objetivo e algumas redes estão dedicadas inteiramente ao lucro acima de tudo. Portanto, eles podem até entender de cinema, mas o verdadeiro ofício de alguns curadores é colocar na programação filmes que vão lhes trazer maior bilheteria.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Cinema é uma experiência única e diferenciada. É como se fosse um ritual para muita gente que sai de casa para ir ao cinema. A sala escura é praticamente uma certeza de desconexão do mundo exterior e as pessoas sempre irão buscar esse escapismo.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Acho que o melhor filme que assisti nos últimos tempos foi Retrato de Uma Jovem em Chamas e acredito que muitas pessoas não o assistiram.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eu particularmente não tenho frequentado salas de cinema desde fevereiro de 2020. Por ser um ambiente fechado e saber que existem pessoas que irão remover a máscara para comer pipoca, existe grandes chances de contágio. É um debate complexo. Porém eu realmente acho que a vacinação precisa avançar bastante antes de retornarmos a qualquer espécie de normalidade.

 

10) Como voce enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

 

Excelente. O Brasil nunca produziu tantos filmes bons e com tanta variedade de gêneros e tons. Obviamente tem muito a melhorar. Mas o cinema Brasileiro é respeitado muito quando lá fora e ao mesmo tempo temos grandes filmes comerciais "educando o público". Grandes produções da Netflix, Amazon, e outros canais só estão sendo possíveis graças a aceitação do brasileiro que só foi possível por conta das denominadas comédias "pastelão".

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro. Acho ela num outro nível de atuação e todo filme que ela faz é sinônimo de sucesso artístico.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é uma máquina que te faz sonhar acordado e dormir embriagado de ideias.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Fui assistir Relatos Selvagens no Frei Caneca em São Paulo. Não sabia nada sobre o filme e sobre o que se tratava. Havia um casal de idosos em minha frente e assim que o filme começou, vieram as piadas e eu fiquei me segurando para não rir, mas o casal fez a minha parte, eles gargalharam e isso foi demais. Ter assistido esse filme nessa sessão com a presença do casal foi demais.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Eu nunca assisti. Só algumas cenas no youtube. Mas deveria ser canonizado por ser tão ruim. É o THE ROOM brasileiro.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

 

Eu diria para esses diretores trocarem de profissão, porque é fundamental assistir a obra de outros artistas para encontrar a sua própria linguagem. Realizar um filme é uma guerra contra os clichês, você pode até usa-los, mas na medida certa. O que determina isso pode ser a quantidade de filmes e roteiros que você leu em sua vida. Um diretor que só assiste um tipo de filme está fadado a repetir os mesmos clichês e não sair da mesmice.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Acho que essa pergunta também pode variar. Na minha infância eu assisti Vanilla Sky e sempre achei que fosse o pior filme do Mundo. Mas na idade adulta ao reassistir, eu achei maravilhoso. Hoje considero Esquadrão Suicida uma verdadeira porcaria.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Professor Polvo. Eu sempre tive uma relação com o mar por conta do meu pai e esse filme é uma aula de como cativar.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Na exibição do primeiro filme do Homem Aranha, quando eu tinha 11 anos.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptação.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adorocinema.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Telecine.

 

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22/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #482 - Victor Quintanilha


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Gonçalo. Victor Quintanilha tem 30 anos. Formado em Cinema pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2011); escreveu e dirigiu curtas como “El Sonido del Silencio”, 3º melhor documentário no Curta Criativo 2011 e “Condição”, Première Brasil Festival do Rio 2012. Graduado em Som pela Escuela Internacional de Cine y TV (EICTV, 2015), dirigiu o som do curta-metragem “Iceberg”, World Premiere no International Documentary Filmfestival Amsterdam 2015 e Prêmio de melhor curta-metragem no Fribourg International Film Festival 2016, além de outros curtas premiados em festivais internacionais. Desde 2015 trabalhou como editor de som em 30 longas, como os premiados “Aos Teus Olhos” de Carolina Jabor, “Gabriel e a Montanha” de Fellipe Barbosa, e “Bacurau” de Kléber Mendonça Filho, além de documentários e séries de TV. Em 2020 escreveu e dirigiu o curta-metragem de ficção “Portugal Pequeno” com financiamento através do 1º Edital de Fomento ao Audiovisual de Niterói. Atualmente em circuito por festivais, o filme teve sua estreia internacional no 2021 Clermont-Ferrand International Short Film Festival, onde recebeu Menção Especial do Júri Internacional. “Portugal Pequeno” também recebeu Prêmio Especial do Júri e Melhor Curta Júri Popular no XVI Panorama Internacional Coisa de Cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Sou de São Gonçalo, mas moro no Rio de Janeiro desde 2016. Em São Gonçalo só existem cinemas de shopping, que exibem na sua maioria filmes de apelo comercial, geralmente norte-americanos. Eu não tenho muito costume de ir ao cinema, mas no Rio, geralmente encontro no grupo Estação os filmes não-comerciais que me interessam mais.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Tive que forçar bastante a memória, mas acho que foi Last Days, de Gus Van Sant.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Para mim é impossível ter um favorito acima de todos, são tantos diretores e diretoras incríveis nesse mundo... Mas sou muito fã de Michael Haneke e meu filme favorito dele é 71 Fragmentos de uma Cronologia do Acaso.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo. Por ser um filme aparentemente simples, mas de uma potência e beleza que emocionam.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Para ser sincero não me considero cinéfilo, tenho amigos que assistem muito mais filmes que eu, com uma frequência que eu não consigo ter. Por trabalhar principalmente como editor de som, passo a maior parte do tempo assistindo o mesmo filme repetidas vezes, então acho que por isso no meu tempo livre geralmente busco fazer qualquer outra coisa que não seja olhar para uma tela. A lista de filmes que quero ver é infinitamente maior que a lista de filmes que já vi, mas isso pode ser um sintoma de cinefilia também, não? (risos)

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que sim, "entender de cinema" pode ser um termo muito abrangente e fica complicado definir "quem entende e quem não entende". Acho que nos casos das grandes empresas exibidoras o entendimento do cinema reside numa abordagem mais comercial, numa ciência de saber programar os filmes que vendem mais, já que o objetivo principal é o lucro.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho improvável. Por mais que o consumo de material audiovisual tenha se transformado com o avanço da tecnologia e das plataformas de streaming, a sala de cinema continua sendo o templo do cinema, uma experiência sensorial e social impossível de ser reproduzida em um ambiente doméstico.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que muitas coisas deveriam estar fechadas ou com funcionamento (de fato) regulado, como bares, restaurantes e shoppings, mas isso é uma questão complexa com problemas muito mais profundos, sintomas diretos da péssima gestão do país.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro atual vive um grande momento em nível de qualidade e diversidade. Graças às políticas públicas desenvolvidas nas últimas duas décadas, tivemos uma democratização do cinema, do acesso às ferramentas e ao lugar de autoria. Isso permitiu o aparecimento de muitos artistas periféricos, descentralizando as narrativas e ampliando os olhares.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não perco um filme dos meninos da Filmes de Plástico.

 

12) Defina cinema com uma frase:

É a possibilidade de mergulhar profundo por alguns minutos em outros mundos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Uma vez fui assistir um filme no Cine Joia em Copacabana e na sala havia apenas eu e mais uma pessoa. Num momento no meio do filme essa pessoa gritou o nome do projecionista "Fulano, o foco!" e dentro de uns instantes o projecionista, que talvez estivesse cochilando, ajeitou o foco do projetor. Achei muito curiosa essa relação de quase intimidade, apenas possível em pequenos cinemas de bairro como o Cine Joia.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca assisti, apenas o trecho épico do final.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acho que um cineasta precise ser cinéfilo. Eu mesmo escrevi e dirigi um curta, chamado Portugal Pequeno, e não me considero um cinéfilo. Acho importante ter uma base teórica e prática de cinema, mas não existe requisito obrigatório para ser diretor. O importante é querer muito contar uma história e buscar ser o mais sincero possível consigo mesmo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Foi um filme em que trabalhei como editor de som, então não posso falar. (risos)

 

17) Qual seu documentário preferido?

O filme que me fez ter certeza de que queria trabalhar com cinema foi um documentário. Sans Soleil de Chris Marker. Mas gostaria de aproveitar o espaço para citar dois documentários excelentes:

Baronesa, de Juliana Antunes.

Chão, de Camila Freitas.

O Reflexo do Lago de Fernando Segtowick.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já fiz em sessão de filme em abertura de festival, mas nunca como algo espontâneo e sozinho.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Raising Arizona.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não tenho o costume de ler site de cinema.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Assisto boas séries no HBO Go, algumas coisas na Netflix, mas gostaria mesmo era de ter condições de assinar o Mubi.

 

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21/07/2021

Programa #39 Guia do Cinéfilo - Marcelo Ikeda


Episódio #39 do meu programa de entrevistas na TV Caeté, Programa Guia do Cinéfilo.

Nesse episódio entrevisto o cineasta, professor, escritor e crítico de cinema Marcelo Ikeda.
O Programa Guia do Cinéfilo acontece toda terça-feira, ao vivo, no canal da TV Caeté no youtube (https://www.youtube.com/channel/UC8bE...​).
#cinema​ #entrevistas​ #entrevista​ #filmes​ #filme​ #raphaelcamacho​ #cinéfilo​ #cinéfilos​ #movies​ #movie​ #cinemabrasileiro


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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #481 - Francisco Alves Jr.


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo.  Francisco Alves Jr. tem 34 anos. É casado e tem duas filhas, sendo uma de 3 anos e outra de 13 anos. Desde pequeno sempre acompanhou os games, animes e manga. Já fez cosplay e acompanhou bastante eventos de anime por volta dos anos 2010. Hoje, seu maior foco é acompanhar o universo Marvel. Sempre amou filmes e series. Mas gosta mais de ficção, ação e comédia. Não é tão ligado no cinema Brasileiro, mas respeita, gosta de algumas obras e sabe que tem muito a crescer.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Não tenho uma sala preferida, pois gosto do simples fato de estar no cinema e viver aquele momento único.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O meu primeiro filme, O Rei Leão que vi quando criança.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Joe e Anthony Russo. Capitão América 2 Soldado Invernal.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tropa de Elite.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pra mim é aquele vive todo o desenvolvimento de um filme. Desde a contratação do diretor, do elenco, o lançamento do primeiro trailer até o lançamento do filme.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, pois na verdade o cinema é tem mais o objetivo de mostrar filmes mais populares para que atinja uma grande quantidade de pessoas.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho que acabar não, mas existe a grande probabilidade delas diminuírem. Com a pandemia que vivemos hoje, muitas empresas estão optando por fazer os lançamentos nos cinemas e nas plataformas streamings.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Garota Exemplar.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Acho que devemos esperar um pouco mais para ter uma quantidade maior de vacinados no pais.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Em questão de cinema, acho que ainda está muito atrasado em questão de temas.  Mas tem muitas produções de séries que estão tendo evoluções maravilhosas, como as séries brasileiras da Netflix. Mas acredito que o Brasil ainda pode crescer muito.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Viver outra vida.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Durante o filme dos Power Rangers de 2017, durante o clímax final o filme parou. E ficou uns 5 minutos sem rodar o filme, e todo mundo começou a reclamar. Mas o filme voltou depois.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não conheço, mas Carla Perez era dançarina e não atriz. kkk

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que não precisa ser cinéfilo, mas o diretor tem que respeitar a obra.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Mãe.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Não tenho um documentário preferido. Não costumo assistir.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Star Wars Episódio 7.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Nenhum kkk. Mas gostava do filme A Outra Face que ele contracenou com John Travolta.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Vai muito por época. Agora é o Prime Video. Mas sempre varia entre, Netflix, PrimeVideo, DisneyPlus e crunchyroll.

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20/07/2021

Programa #38 Guia do Cinéfilo - Marcos Bernstein


Episódio #38 do meu programa de entrevistas na TV Caeté, Programa Guia do Cinéfilo.

Nesse episódio entrevisto o cineasta, roteirista e cinéfilo Marcos Bernstein.
O Programa Guia do Cinéfilo acontece toda terça-feira, ao vivo, no canal da TV Caeté no youtube (https://www.youtube.com/channel/UC8bE...​).
#cinema​ #entrevistas​ #entrevista​ #filmes​ #filme​ #raphaelcamacho​ #cinéfilo​ #cinéfilos​ #movies​ #movie​ #cinemabrasileiro

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #480 - Bruna Zordan


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Bruna Zordan tem 23 anos. Estudante de jornalismo. Apaixonada por cinema desde criança e por futebol nas horas vagas. Começou a criar conteúdos sobre filmes e séries em outubro de 2020 que se tornaram uma válvula de escape durante a pandemia. No seu Instagram (@brubszordan) você encontra indicações de produções, novidades e looks inspirados nesse universo.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Como sou carioca, antes da pandemia sempre marcava presença no cinema do Shopping Tijuca. As salas do cinema sempre foram muito confortáveis. O melhor lugar era no meio com a poltrona no canto para o corredor.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O cinema sempre fez parte da minha infância e do meu crescimento pessoal. Como vivia em locadoras por conta do meu pai, que também tinha uma, lembro que assisti King Kong (2005), do diretor Peter Jackson e achei fascinante. Assistir aquele filme em uma tela gigante com todos os seus efeitos especiais, me deixou fascinada!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Quentin Tarantino. Sou apaixonada por Bastardos Inglórios e Pulp Fiction: Tempo de Violência.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Não seria eu se eu não falasse qualquer filme que tenha Wagner Moura (risos). Mas sério, Tropa de Elite e Lisbela e o Prisioneiro são dois filmes que marcaram me marcaram muito e fizeram ter outro olhar para o cinema brasileiro.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é ter tantas vidas durante 1h30 ou 2 horas. É conhecer pessoas e gostosa, culturas e conhecimentos. É criar ligações tão fortes que só o cinema pode proporcionar.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que sim. Você não precisa ser um especialista no assunto. Cinema é paixão. Ter amor pela cultura, já faz com que você entenda a arte.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não. Temos vários exemplos com a chegada do jornal e o rádio, rádio e a televisão, cinema e streaming. Sempre achamos que o cinema acaba sendo ameaçado pelas grandes plataformas de streaming. Mas isso vai além. Vai ser muito difícil - e eu diria impossível até - que as salas de cinema possam fechar as portas. Só tendem a evoluir.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Paranoia (2007).

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Sinto muitas saudades do cinema. Mas estamos falando de saúde, cuidar do próximo. Para voltarmos a assistir grandes lançamentos, precisamos nos cuidar e cuidar do outro. E só vamos sair dessa quando todos tomarem a vacina e continuarem com os protocolos de segurança, usando máscara e não se aglomerando.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Incrível! O cinema brasileiro é resistência. Temos grandes produções de alta qualidade e só nós podemos valorizar isso.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é resistência e a arte mais bonita que eu já vi.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Fui assistir Hércules (2014) com o The Rock com a minha mãe, e o alarme de incêndio começou a disparar. Porém, ninguém se mexeu. Não sei se o filme realmente estava muito bom ou porque não sabiam se o filme ia parar e voltar do inicio, claro. risos

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca assisti, acredita?

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. Como eu disse, quando você trabalha com essa arte e realmente gosta das suas aventuras, você acaba se tornando um. Não pelos anos de estudos ou formação, é por amar essa arte e ter o prazer de assistir produções e se encantar com várias histórias.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Olha, tem muitos filmes ruins e que me desanimaram bastante. Porém, um que eu me decepcionei muito foi Os Novos Mutantes.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Não sou muito chegada a documentários, mas Dilema das Redes é ótimo!

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, em Vingadores: Guerra Infinita.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Motoqueiro Fantasma.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #480 - Bruna Zordan

19/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #479 - Alexandre Domingues


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Canoas, Rio Grande do Sul. Alexandre Domingues tem 19 anos e realiza filmes independentes desde os seus quinze anos.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Em Canoas, no Rio Grande do Sul, onde eu moro, cinema apenas nos shoppings, o que torna difícil até a opção de assistir algo no idioma original. Minha solução sempre foi pegar o trem para a cidade vizinha, a capital Porto Alegre, e ir na Paulo Amorim, na Casa de Cultura Mario Quintana.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Labirinto do Fauno, e curiosamente eu custei muito para ter coragem de assistir. É que meu vô, que nasceu na fronteira e por isso assistia umas coisas bem diferenciadas no Uruguai que não passavam pela barreira da ditadura, sempre teve uma atenção a mais pro cinema que eu não via nas outras pessoas ao redor de mim. Quando eu tinha uns quatro anos, ele chegou com umas revistas mostrando toda a fantasia que o Del Toro estava atingindo nesse filme, o que deixou meu avô louco pelo lançamento. E então ele morreu, umas semanas depois do dia que trouxe essa revista, e por anos, esse filme me assombrou como o peso de ser o filme que meu vô queria assistir antes dele morrer. 

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Ingmar Bergman. Amor à primeira vista, desde que assisti aquela cena do sonho do Morangos Silvestres e achei parecida com a atmosfera que tentei inconscientemente atingir no meu primeiro curta-metragem, O Observador. Por causa disso, minha relação com o cinema do Bergman acompanha diretamente meus próprios descobrimentos com os meus anseios como cineasta independente. (Imagina o choque que fiquei quando descobri que ele também faz aniversário dia 14 de julho. Vai ver o pessoal mais ligado com signos diria que essa conexão que eu sinto com ele é puramente por alinhamento de estrelas e essas coisas) Escolher um filme dele é difícil pra mim, o preferido varia com o meu humor. Talvez seja uma escolha um pouco óbvia, mas eu diria que Persona, porque até hoje eu não sei nem definir o que se passa na minha cabeça quando eu assisto.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Terra Estrangeira, do Walter Salles. O jeito que consegue abordar o contexto econômico do rombo deixado pelo Collor (um tema que, por motivos pessoais, me toca bastante) em meio a uma narrativa completamente intrigante é absurdamente genial.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Essa resposta é difícil para mim, já que eu já tinha um curta-metragem sendo exibido por aí antes mesmo de eu me considerar minimamente entendedor de cinema. Se entrarmos na etimologia e tratarmos o termo como apenas alguém que ama assistir filmes, então eu acho que a resposta já tá aí.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Eu acho que as pessoas por trás dos cinemas comerciais, como o exemplo dos de shopping como citei, não devem nem mesmo pensar que se tem algo a apreciar no cinema sem ser a grana que ele faz.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho que não, sinceramente. Eu acho óbvio que vão deixar de ser o foco principal dos lançamentos, mas consigo muito bem enxergar sendo frequentadas por pessoas que procuram a experiência tradicional. Como música em vinil, que ainda é bastante apreciada.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Eu não acho que eu assista muita coisa desconhecida, não me orgulho tanto disso. Mas um filme que me deixou absolutamente boquiaberto e não sei como nunca tinha ouvido falar antes foi O Ano Passado em Marienbad, do Alan Resnais. O jeito que o filme flerta (e se entrega completamente, em muitos momentos) com o surrealismo é algo que eu sonho em conseguir atingir um dia como diretor.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Absolutamente não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Desde que entrei nesse meio eu acabei conhecendo muita gente que também leva o cinema como sonho de vida, desde gente bem nichada cujas obras são completamente desconhecidas, como eu próprio, ou até quem já faz produções em outro patamar. Todas estas pessoas, apesar das toneladas de conversas que tivemos sobre como isso tudo parece estar trilhando um caminho quase impossível, tinham brilho nos olhos ao falar dos próprios filmes e de seus sonhos com o cinema. Por respeito a estas pessoas (e a mim mesmo), devo reconhecer que tem muita coisa de excelência sendo produzida.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não me orgulho disso, mas não me vem fácil nenhum na cabeça. Espero que eu corrija isso logo.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A arte de usar imagens e sons para manipular o espaço e tempo.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Bacurau, 2019. Estou eu saindo após a sessão da Casa de Cultura de Porto Alegre e um cara que também tava na sessão comenta com a esposa sobre como ele tinha achado o filme incrível, mas o problema é que "esse povo do nordeste é feio demais". Acho que não preciso nem citar a trágica ironia nisso.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca assisti. Seria este mais um dos meus tantos pecados que aqui confessei?

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Basta uma olhada rápida no catálogo de qualquer serviço de streaming e ver a grande quantidade de filmes que são puramente produtos mercadológicos para saber que a resposta é não.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Eu tenho bastante sorte e já faz tempo que tenho gostado de tudo que tenho assistido. Mas tenho a lembrança de ter ido com catorze anos no cinema com a minha tia e escolhido um filme de terror bem genérico que estava passando no cinema do shopping. A Casa dos Mortos, acho que é.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Elena, da Petra Costa. O quanto eu chorei com aquilo...

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Em sessão não. Soa meio estranho, mas volta e meia não consigo conter as emoções e faço isso assistindo algo em casa, mesmo estando sozinho.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Aquele do vidente. Esqueci o nome. Tudo bem que já fazem muitos anos desde que eu assisti, mas quando eu era criança eu achei incrível.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Mais um pecado para a lista. Eu escuto bastante podcasts, pelo menos, já que aí posso fazer isso no trabalho, e tem vários canais no youtube que eu acho fantásticos. Mas ler, leio pouco. Talvez eu devesse começar com este blog aqui? Pela olhada rápida que dei quando recebi o e-mail já me encantei bastante.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Eu só tenho acesso a Netflix e Prime. Netflix, hoje em dia, é bem raro algo me agradar. Costumo achar bastante coisa incrível no Prime. Nas olhadas que já dei no catálogo, o Telecine é o que mais teria tudo para me agradar, mas infelizmente o preço está fora do meu alcance.

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #479 - Alexandre Domingues

18/07/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #478 - Drielle Moura


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Nova Iguaçu (Rio de Janeiro). Drielle Moura tem 25 anos. É atriz, produtora, diretora e pesquisadora graduanda pela UNIRIO. Foi geradora da rede SapienScia, um site e canal de conteúdos em registro de rodas populares, batalha de rap, e intervenções teatrais pela Baixada fluminense, RJ. Desenvolveu junto ao Afroreggae - Núcleo Cantagalo, oficinas de contação de histórias e confecção de instrumentos com materiais recicláveis. Integra o núcleo Imersivo em Dança pela Cia 'Lia Rodrigues de dança' e Rede Artes da Maré e integra o Coletivo Matuba de pesquisa das manifestações populares brasileiras.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Se eu puder escolher uma sala de cinema favorita em relação à programação, não seria uma sala, mas, uma praça. Quando penso em um momento que me toca e me provoca até hoje na minha relação com o cinema é a lembrança de quando aconteciam na minha cidade, intervenções de Cinema na Praça dos direitos humanos em Nova Iguaçu, que fica na Via Light, principal Via da cidade. Na época organizado pelo Cine buraco do Getúlio, tinha como prática tanto a exibição de filmes de grandes produções quanto filmes e curtas de artistas locais.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Com certeza o filme Eles não usam Black tie de Guarniere. Eu me tornei cinéfila por causa do teatro, se deu como um encontro pra mim. Este filme foi uma peça antes de ser filme, então eu primeiro pude ler sobre aqueles personagens, aquela história e seus cruzamentos com o momento político do país na época, e depois, pude assistir a obra quanto concepção cinematográfica o que ampliou a minha experiência, o filme conta com presenças consagradas como Dona Fernanda Montenegro, Bete Mendes, Milton Gonçalves e o próprio autor Gianfrancesco Guarniere e me foi ali uma "virada de chave" no meu modo de olhar o cinema.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Visando os clássicos, eu diria o Alfred Hitchcock e o meu filme favorito dele é Janela Indiscreta que apesar de não ser considerado o melhor filme dele, é o meu queridinho. Além de ser impecável na fotografia, as escolhas dos quadros tem uma aspiração bucólica, mesmo se passando em contexto urbano, que me encanta. Também os detalhamentos da narração em relação a descoberta da lente me desperta quanto espectadora. Toda vez que reassisto descubro um detalhe a mais sobre os vizinhos de Jeffries.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Aqui me toca profunda e diretamente, porque eu só poderia dizer O Auto da compadecida na direção de Guel Arraes e autoria de Ariano Suassuna. Por ser um filme clássico popular, que desenvolve uma trajetória muito bonita entre a oralidade, a experiência de morte e vida, identidade de um povo e colabora para um retorno ao lúdico.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo pra mim é a qualidade de degustar histórias com os olhos, ouvidos, com a imaginação e as vezes com o tato e o paladar.  Rs.  Além de ser alguém que está atento às produções do clássico ao independente e grandes produções mesmo que com suas preferências.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não acho. Pensando em salas gerais espalhadas pela cidade, a maioria são compostas por uma organização de demanda comercial, não necessariamente declaram uma prioridade a arte do cinema, mas, sim ao comércio.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito que acabariam, apesar de haver uma diminuição de público as salas, talvez ela mude suas ferramentas, talvez não tenham mais bilheteiros, lanterninhas, atendente das lanchonetes que acompanham uma sala de cinema... questão que merece um debate profundo, comparações,  dados e inclusive sobre as salas de cinema pós pandemia.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

A história da eternidade.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não deveriam. Falo isto com aperto, mas, zelando pelo remanejo das atividades em função do bem estar e saúde. Estamos caminhando no número de pessoas vacinadas, e com isto já tenho visto o movimento de retomada das salas, pois eu espero decisões de segurança quanto a quantidade de cadeiras disponíveis, higienização e que sigam todos os protocolos de prevenção.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro é muito potente. Ele não é um gênero único, o cinema brasileiro são vários cinemas. E cada qual tem representado bem seus interesses.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Irandhir Santos é um ator que me inspira e quanto atriz, se vejo seu nome envolvido, com certeza irei assistir.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Vou usar Chaplin pra isso..

" Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação.” Charles Chaplin

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Em Copacabana existe uma sala de cinema antiga chamada Cine Joia, é uma sala que eu adoro, me sinto em casa. Os acentos são coloridos, foi lá que pela primeira vez eu entrei pra ver um filme tomando uma long neck de cerveja e onde eu me sentia à vontade pra marcar alguns dates.  Bom, é um espaço bem independente...  e pra um encontro que tive com um rapaz barrense, foi pra lá que eu o chamei. O filme era Aquarius, e cerca de 3 min depois que começou o filme, percebemos que o som não estava funcionando.  Então alguém que estava numa fileira mais a frente deu um grito pra técnica " Aloooou, tá sem som... O  SOOM ! ". E então o filme parou, a tela ficou escura e um barulho muito família ecoou pela sala. O som de alguém batendo fortemente em uma máquina, como quando a TV parabólica ou por antena parava de funcionar em casa e se batia nela com ódio. O que sempre funciona e também funcionou naquele momento porque a partir daí o áudio e a imagem entraram em concordância. Mas, eu e mais uns 3 senhores de outras fileiras tivemos uma crise de riso que durou até os 15 primeiros minutos do filme. Já a minha companhia não se divertiu tanto com o acontecimento, e foi aí que eu descobri que não ia dar em nada.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca nem vi.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Com toda certeza, eu acho que é preciso ser cinéfilo mesmo que não se assuma esta posição ou se escolha uma relação mais técnica do "por trás do cinema". Um filme se faz de muitas mãos, ser cinéfilo e ser diretor pode se dar com sucesso em vertentes muitas, e ser um diretor aborda impulsionar relações e experiências conquistadas pela prática.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

"Não sou capaz de opinar."

 

17) Qual seu documentário preferido?

No momento, é um documentário de 2018 disponível na Netflix, mas que eu só descobri agora.  Se chama Tales by light conta em 3 episódios a trajetória de fotógrafos e cinegrafistas  por civilizações distintas em busca do click perfeito. As imagens são lindas, os lugares carregados de símbolos e poéticas que mexem com o nosso imaginário e poder conhecer mais sobre a pratica e expectativa atrás do click é valorizar o trabalho da fotografia. Como podem ver eu sou uma apaixonada pela realidade da imagem.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, principalmente se for estreia e se as diretoras (o), as atrizes (o) e equipe estiverem presentes. Hahah Mas, o último filme que aplaudi e continuo, foi ' A Vida Invisível lançado em 2019 e direção de Karim Ainouz.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Gosto de Senhor das armas, Cidade dos anjos e Motoqueiro fantasma. Nessa ordem.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

O Adoro cinema é um lugar que desde que me lembro por gente, consumo informações e conteúdos sobre o cinema. Mas também o Cinema com rapadura, o Itaú Cine que 'vira e mexe' disponibiliza muitas críticas, análises e apontamentos sobre filmes. O próprio instagram também tem fortalecido muito na habilidade crítica, como o Cinematologia e o Guia de cinema.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix.

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