11/01/2025

Crítica do filme: 'Ad Vitam'


A balisa da moral aos olhos da justiça. O gênero policial e seus respingos na ação acabam encontrando uma fórmula bem executada no lançamento francês da Netflix, Ad Vitam. Com um bom desenvolvimento narrativo e dissecando os principais conflitos de um protagonista prestes a ser pai, embarcamos numa história repleta de variáveis que se sustenta na responsabilidade do dever.

Na trama conhecemos Franck (Guillaume Canet) e Leo (Stéphane Caillard), um casal à espera do primeiro filho. Eles fizeram parte de um grupo de elite do lado da lei (grupo de intervenção da guarda nacional) que um certo dia vêem seus destinos mudar numa operação mal sucedida que causou a morte de um amigo. Quando informações secretas do ocorrido colocam em xeque todo o contexto, Franck passa a ser perseguido para entregar a única prova do que realmente aconteceu.

A parte dramática, com camadas que vão se moldando em dois recortes de tempos, não deixam de serem um preponderante combustível para as ações dos personagens. Sob alguns olhares - principalmente do casal - a culpa, a escolha por ter filhos, um incidente político internacional se juntam como alguns dos pontos inseridos na trama que ainda tem ótimas cenas de ação mesmo escorregando em alguns clichês do gênero cinematográfico que se insere.

Havia muitas formas de contar essa história e pode ter certeza que a forma que escolheram foi uma das melhores. Os méritos começam na narrativa que usando um detalhado flashback ganha os espectadores com uma história - acima de tudo - sobre lealdade e responsabilidade, uma captação do espírito que se constrói quando entendemos a história dos personagens e sua ligação com o dever.

O resultado é um projeto satisfatório, com ótimas atuações, que não faz rodeios e vai instigando o espectador a ir direito para as lições de seu discurso. E o título também é certeiro, Ad Vitam significa: 'Para toda a vida', algo que preenche todas os conflitos na jornada do herói.


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10/01/2025

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Pausa para uma Série: 'A Grande Descoberta'


As mãos dadas da ciência com quem protege a sociedade. Trazendo os detalhes - de forma cirúrgica - de uma das mais famosas e extensas investigações de assassinato da história da Suécia, a minissérie true crime da Netflix, A Grande Descoberta, nos mostra de maneira incisiva e sem rodeios como a ciência e uma operação policial andaram lado a lado através da genealogia genética.

Ao longo de quatro episódios percorremos um amplo contexto sobre o ocorrido, desde o luto e dor das famílias atingidas pela tragédia, passando pelo pesadelo emocional e peso da responsabilidade do encarregado chefe das investigações, as linhas das leis de proteção de dados até a ciência que estuda a origem e a evolução de uma família. Tudo isso é exprimido em capítulos que se projetam cada um com uma base trazendo um ponto fundamental que como um todo interligam de forma certeira todas as questões.  

Na trama conhecemos John (Peter Eggers) um policial, ex-atleta olímpico, que é detetive na pequena cidade de Linköping, no sul da Suécia. Ele está prestes a ser pai pela primeira vez e ao mesmo tempo acaba sendo o encarregado principal de uma investigação sobre um duplo homicídio que chocou sua cidade. Conforme o tempo vai passando, a polícia vai se distanciando da solução e John acaba sendo consumido pelo caso. Mais de uma década e meia depois, John conhece Per (Mattias Nordkvist), um genealogista que pode ajudar a enfim solucionar o ocorrido.

Baseado no livro Genombrottet : så löste släktforskaren dubbelmordet i Linköping , escrito pela dupla Anna Bodin e Peter Sjölund, o projeto com curtos episódios – ótimo pra maratonar - consegue resumir um caso real que chocou a Suécia através de uma narrativa muita bem organizada em suas ideias que trabalha em direção ao passado sem esquecer de mostrar as consequências no presente. Através dessa imersão, e tendo o desenvolvimento da investigação como plano de fundo chegamos em camadas profundas do emocional ligadas à responsabilidades, o confronto com a dor e ao luto ininterrupto.

Se alguém ainda tem dúvidas sobre a importância dos streamings em trazer histórias interessantes e que geram reflexões em toda a sociedade, que nunca chegariam por aqui senão fosse através dessas plataformas virtuais, A Grande Descoberta chega para validar mais uma vez esse ponto.


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09/01/2025

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Crítica do filme: 'Herege'


A religião, o terror e as necessidades de sobrevivência. Com um vilão interpretado com maestria por Hugh Grant e buscando criar algo ‘fora da caixa’ mas sem deixar de se fortalecer com as altas cargas de tensão que todo bom longa-metragem de suspense precisa ter, no final do ano passado, chegou aos cinemas um filme que busca no seus diálogos profundos colocar em confronto a fé e os questionamentos sobre inúmeros aspectos da vida. Herege é um filme sobre o obscuro do psicológico cheio de caminhos para reflexões.

Na trama conhecemos Irmã Paxton (Chloe East) e a Irmã Barnes (Sophie Thatcher) duas jovens missionárias mórmons que vão até a casa de um homem para tentar convertê-lo à religião delas. A questão é que logo elas percebem estarem de frente com Mr. Reed (Hugh Grant), um pesquisador pra lá de maluco que as envolve em uma espécie de jogo macabro.

A fé e a tensão se tornam elementos importantes dentro de um contexto que busca nos pontos de vistas agregar paralelos. Sobre o primeiro ponto, uma enxurrada de críticas podem surgir mas o uso de uma direção nessa questão é para elucidar e fortalecer os contrapontos. Sobre o segundo, tudo é muito bem conduzido, com um estabelecido labirinto assustador vamos entendendo camadas dos personagens dentro de um desenvolvimento narrativo que prende a atenção.

Escrito e dirigido pela dupla Scott Beck e Bryan Woods, Herege busca seu próprio caminho em um gênero repleto de repetições. Isso é um mérito. Mesmo com o pecado de tentar dar definições conclusivas elaboradas para seus personagens - o filme termina quando parecia ir ladeira abaixo no seu conjunto de ideias - não deixa de ser um suspense inteligente e deveras intrigante.


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08/01/2025

Crítica do filme: 'A Hora do Silêncio'


Buscando chegar na tensão por meio de uma perseguição em um prédio quase desativado, A Hora do Silêncio, que chegou ao catálogo da Prime Video no finalzinho de 2024, atravessa o mundo das sensações através da perda de um sentido estabelecendo desde o início o velho e batido jogo entre heróis e bandidos. Dirigido pelo cineasta norte-americano Brad Anderson o projeto não é mais do mesmo mas também não alcança todo seu possível potencial.

Na trama acompanhamos Frank (Joel Kinnaman) um obstinado policial que após um acidente num dia de trabalho acaba perdendo a audição. O tempo passa e ele acaba se envolvendo num caso onde uma testemunha surda, Ava (Sandra Mae Frank), corre perigo. Depois de uma série de desencontros, ficam presos num prédio onde precisam encontrar uma solução de fuga lutando pela sobrevivência.

Um fator interessante é que o protagonista entra em desconstrução a partir do momento que percebe a aceitação da sua nova condição caindo das mãos, mesmo em um recorte não muito profundo. É válido as reflexões sobre o tema, mas novamente de forma trivial. As dores do sobreviver encaixam nas dúvidas do protagonista que precisa encontrar novas maneiras de enxergar e viver seu cotidiano estabelecendo uma camada de alguma forma sólida.

A narrativa não surpreende mas também não foge do que propõe: um 'polícia e ladrão' com os deslizes da moral como cereja do bolo. Acelerado para se estabelecer no gênero cinematográfico que mais veste a camisa, A Hora do Silêncio tem um discurso que encontra a narrativa durante todo o tempo e mesmo não causando impacto apresenta um recorte do gênero policial perto do satisfatório.


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07/01/2025

Crítica do filme: 'Temporada de Caça'


Um intrigante narrador anuncia uma espécie de prólogo para o que viria a ser uma jornada de angústia, sofrimento, loucura e escolhas onde um protagonista no limite das emoções dá as cartas. Lançado no final da década de 1980, Temporada de Caça aborda a obsessão e o psicológico - além de seus porquês - em meio a traumas de um passado com sequelas e um presente confuso. 

Na trama, ambientada numa cidadezinha fria no interior dos Estados Unidos, conhecemos Wade (Nick Noite) um policial local, com traumas familiares no passado, que vive um alvoroço no seu presente. Tentando se entender com a filha que vive com a ex-esposa e com os pensamentos sempre tumultuados sobre tudo que aparece em seu cotidiano, acaba ficando obcecado por um acidente de caça fatal, com um líder sindical, que acontece na região. 

O roteiro é primoroso. É uma trama muito bem amarrada, com um desenvolvimento impecável de um protagonista amargurado, dissecado por uma narrativa detalhista. Tudo funciona em cena: a atmosfera fria que dialoga com os acontecimentos trágicos que acompanhamos, além de potentes atuações de Nick Nolte e James Coburn. 

Em camadas profundas, vemos um raio-x de um perturbado psicológico e percebemos reflexões sobre as razões humanas. Nesse ponto, a violência familiar se torna a sustentação de argumentos que vemos nas atitudes de um homem à beira da loucura que em seu isolamento constante ultrapassa os julgamentos morais chegando ao precipício por não encontrar o sentido do viver. Tudo isso é mostrado com a tensão nas alturas. 

Indicado para dois Oscars - vencendo na categoria de melhor ator coadjuvante (James Coburn) - Temporada de Caça é um filme onde a história está toda no seu personagem principal que dentro do seu egocentrismo derruba qualquer barreira do trivial.  Baita filme.


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04/01/2025

Crítica do filme: 'Número 24'


Quanto vale a liberdade? Traçando reflexões do antes e depois, pelos olhos do mais condecorado cidadão norueguês, sobre mais um capítulo triste na história da humanidade, o longa-metragem Número 24 apresenta fatos verídicos em uma espécie de julgamento moral. Dirigido por John Andreas Andersen, o projeto caminha pelas linhas tênues e inconclusivas do que é certo ou errado em tempos de guerra, apresentando a visão de um mestre dos disfarces e sabotador que precisou fazer uma ruptura em sua trajetória encontrando uma nova maneira de viver e lutar pelo que acreditava.

Na trama conhecemos um senhor de idade que se aproxima de algumas centenas de jovens em um auditório e começa a falar sobre sua visão e vivência em uma das piores guerras da história. Seu nome é Gunnar Sønsteby (Erik Hivju/Sjur Vatne Brean), uma figura famosa durante o conflito, um sabotador temido, cheio de disfarces, que atrapalhou os nazistas de muitas formas. Ao longo das quase duas horas de projeção vamos entendendo toda a luta e missões desse personagem meticuloso, que fez parte da resistência norueguesa quando os alemães tomaram seu país durante a segunda guerra mundial.

É importante uma rápida contextualização. Mesmo declarado como neutro na guerra, a Noruega sofreu a invasão alemã em abril de 1940, muito por uma questão estratégica por parte dos nazistas com o objetivo de controlar os minérios de ferro vindos da Suécia. Mesmo sendo o país que mais resistiu aos ataques dos nazistas durante a guerra, a invasão se consolidou, em um período que durou até meados de 1945. Nesse tempo (até um pouco antes) é que vemos o recorte de Número 24.

Em um foco para o principal nome da chamada resistência norueguesa, acompanhamos uma narrativa repleta de detalhes que nos transportam para aqueles tempos onde a dor e o sofrimento viviam lado a lado com as formas de sobrevivência. Mas exatamente na maneira de como mostrar essa história é que vem a grande sacada dessa obra. Contada por um Gunnar mais velho, muito tempo depois da guerra, entrando num auditório repleto de jovens, voltamos ao passado para entender questões sobre suas mudanças de rumos na vida em favor de sua causa.

Buscando mais um recorte europeu da segunda guerra mundial, Número 24 se diferencia de muitos outros filmes por uma questão importante que faz a obra ganhar muito sentido no último ato. Um julgamento moral acaba tomando conta da história nos levando para num desfecho pra lá de reflexivo e convincente. Uma grata surpresa da Netflix nesse início de ano.



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Crítica do filme: 'Querida Zoe'


A tristeza do antes e o conseguir lidar com o depois. Lá em 2022 chegava em alguns cinemas pelo mundo um filme que possui no tripé: culpa, luto e tragédia elementos que andam acoplados num mesmo presente. A representação disso tudo chega numa desconstrução de uma jovem que se vê patinando nas referências que possui. Querida Zoe, adaptação de um livro homônimo escrito pelo romancista norte-americano Philip Beard, basicamente pode ser definido como um drama que nos leva até a história de um alguém que se vê num céu nublado sem saber como sair dele.

Na trama conhecemos Tess (Sadie Sink) uma jovem que passa por um momento difícil após uma tragédia e se distanciar da mãe Elly (Jessica Capshaw). Sem saber o que fazer, resolve ir morar com o pai Nick (Theo Rossi) por um tempo e nesse período busca entender a vida sob novas perspectivas. Ao longo da história vamos entendendo melhor alguns porquês dos conflitos da personagem.

Como uma espécie de ‘grito de socorro’ Tess é levada até outra realidade, a do pai, um homem amoroso mas perdido no lado profissional. Aqui o roteiro abre camadas para uma desconstrução através do olhar pelo outro. Entram em cena: um vizinho com problemas, a mãe presa ao luto, um padastro em crise emocional. Como tudo passa pelo ponto de vista da protagonista a história se enrosca na melancolia desabrochando de forma lenta mas com reflexões.    

Problemas todo mundo tem mas só quem sente sabe os abalos que podem causar uma dor. Buscando uma ampla análise sobre o tripé mencionado no primeiro parágrafo, a narrativa se embola um pouco querendo seguir algumas vertentes que dão voltas em torno das relações familiares. Com essa visão geral, o sentimento de dor moral associado a culpa parece a estrada mais sólida para entendermos o quebra-cabeça emocional que passa a protagonista. Querida Zoe mesmo com seus quebra-molas não deixa de ser um interessante retrato sobre respostas quando nada mais faz sentido.


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Crítica do filme: 'Irmãos Desastre'


As angústias e os aprendizados. Com um texto divertido onde pega-se visões pessimistas do viver se transformando em novos olhares, Irmãos Desastre pode ser definido como um recorte intenso e profundo de crises existenciais com foco em dois irmãos que se reaproximam. Um prato cheio para quem curte psicologia. 


Na trama conhecemos Maggie (Kristen Wiig) uma mulher que vive com o marido Lance (Luke Wilson) mas esconde de todos não estar nada feliz. Prestes a fazer uma enorme besteira, é avisada que seu irmão Milo (Bill Harder) está com problemas. Assim, após 10 anos se verem, os dois embarcarão em uma jornada de altos e baixos. 

Há muitos caminhos para as camadas desenvolvidas dos personagens com a terceirização da culpa como um obstáculo que não conseguem ultrapassar. As identificações serão muitas. As decepções da vida, o olhar para relacionamentos, a depressão, o trauma, a relação país e filhos. Esse é um projeto que aproxima a realidade do espectador. 

A narrativa não se esconde da amargura e melancolia, aproveita esses elementos de forma dinâmica guiada pelas ótimas atuações de Wiig e Hader. Dessa relação até o jeito de lidar com a vida, as derrapadas em sequência plantam sementes de aprendizados. Com os precipícios cada vez mais perto, fruto de uma imaturidade emocional que pode ter sido provocada pela família disfuncional que foram criados embarcamos nessa caminhada onde as crises existenciais estão por todos os lugares. 

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03/01/2025

Crítica do filme: 'Cosas Imposibles'


Tem muitos filmes interessantes escondidos no catálogo da Prime Video. Cosas Imposibles é um deles. Passando por fragmentos de uma construção da solidão, as marcas de um passado que atingem o presente conhecemos dois personagens, completamente opostos que embarcam em uma jornada da vida real e suas descobertas. 


Na trama conhecemos Matilde (Nora Velázquez) uma mulher mais velha que recentemente ficou viúva. Sem conseguir se desprender de lembranças ruins e precisando procurar emprego pra sobreviver, acaba se aproximando de Miguel (Benny Emmanuel), um jovem que está num caminho sem direção. Assim, encarando as consequências de atos que se somam, uma amizade nasce e traz muitas lições.

Esse longa-metragem mexicano tem uma narrativa que vai conquistando aos poucos. Tudo é pincelado preenchendo contexto, então paciência até as reflexões aparecerem. E elas chegam! Um encontro de dois mundos que vivem no mesmo lugar esbarra no escapar da realidade, no deixar para trás o que já era cinza. Tudo isso é contado de forma poética mas sem nunca deixar de se aproximar das muitas realidades por aí.

As camadas dos personagens se desenvolvem dentro da arte do redescobrir-se. Atormentada, com um transtorno psicológico constante convivendo com alucinações, Matilde chega aí fundo do poço. Miguel busca sobreviver através dos atos errados, do que é fácil, traficante sem direção possui um segredo que acaba sendo o trampolim para novos olhares. A amizade, ponto fundamental da vida em sociedade, é o fim do túnel que aos poucos vai se preenchendo com esperança de dias melhores. 

Cosas Imposibles e sua delicadeza ao mostrar recortes de nossa sociedade brinda o público com uma história forte mas que encontra os lapsos de um renovar. 



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02/01/2025

Crítica do filme: 'Todo Tempo que Temos'


O cinema, entre seus muitos pontos de observação e consolidação de uma obra, consiste numa harmonia entre discurso e narrativa. Exatamente esse é o problema de 'Todo Tempo que Temos' que busca a emoção pelas linhas do roteiro e se perde na melancolia de uma trama que se esconde numa não linearidade constante que deixa mais peças em inércia do que as que chegam como soluções. A direção é do cineasta irlandês John Crowley. 

Na trama acompanhamos Tobias (Andrew Garfield) um jovem recém divorciado que de forma inusitada - após ser atropelado - acaba conhecendo a chef de cozinha Almirante (Florence Pugh). Ao longo do tempo um intenso amor acontece entre os dois até que por circunstância do destino ela é diagnosticada com uma terrível doença. Precisando lidar com a situação, ambos buscam aproveitar ao máximo o tempo que tem. 

De forma não linear, a história anda por uma linha temporal que busca importantes recortes dessa relação. As dúvidas sobre a maternidade, as escolhas no tratamento da doença, os desencontros dos primeiros encontros, são alguns dos pontos que volta e meia circulam a trama que carece de um clímax. As cenas emocionantes, dentro da obviedade de uma situação aflitiva que por si só já toca os corações, não escondem as falhas de uma narrativa que não consegue a imersão se rendendo facilmente à melancolia. 

É sobre relacionamentos? É sobre o tempo que temos? Pode ser que algum desses ganchos consiga fisgar parte do público mas não camufla o confuso discurso, principal alicerce que liga um roteiro a construção da história, se encontrando em total apatia, beirando ao desinteressante por grande parte.


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