21/10/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #141 - Lílian Maróstica


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Jaú. Lílian Maróstica é amante da música, do cinema, das linguagens. Beatlemaníaca, família, sensível, chocólatra. Antes de tudo, professora. Por opção e coração. Graduada em Letras e Pedagogia, pós-graduada em Ética, Valores e Cidadania na Escola pela Universidade de São Paulo. Professora de Língua Inglesa desde 2006. Atua, no momento, como Professora Coordenadora de Língua Estrangeira Moderna do Núcleo Pedagógico da Diretoria de Ensino de Jaú/SP. Queria ser cineasta, virou professora, que é quase a mesma coisa: pode educar, explorar e mostrar o mundo, contar histórias, fazer sorrir, fazer chorar, fazer sonhar, descobrir talentos. E ainda tem uma vantagem: receber, bem de pertinho, o amor dos seus alunos.

 

1)  Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Logo de cara, um assunto que me deixa tããão triste. As duas únicas salas de cinema em minha cidade ficam em um shopping, e são dominadas por blockbusters. Nada especialmente contra eles, mas seria ótimo ter opções de escolha. Acabo indo em cinemas de cidades vizinhas, também em shoppings, mas com mais opções de filmes em cartaz.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Sexto Sentido, do Shyamalan.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Buster Keaton, A General. Mas ô perguntinha difícil, hein? São muitos amores.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Amor fiel, amor verdadeiro por nosso cinema. Vou citar São Paulo Sociedade Anônima (1965), do Luís Sérgio Person. Vi há uns 6 anos, nunca revi e até hoje me pego pensando nele.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Quando aparece o sintoma do sentir-se incompleto quando não vê um filme há dias, o diagnóstico não pode ser outro: cinéfilo!

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Definitivamente não!

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

 

Embora os serviços de streaming estejam crescendo a cada dia, o que é bem legal, não acredito no fim das salas de cinema. Tem a coisa da magia, né? Dizem que a experiência pode mudar quando se vê um filme em uma sala de cinema. E eu concordo.

 

 8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Tangerinas, do Zaza Urushadze.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, não. A saudade é grande, mas precisamos ter responsabilidade nesse momento tão único, tão difícil. Principalmente, em um país em que nada é levado muito a sério, rs.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro é uma pérola que, infelizmente, muitos ainda não descobriram, ou só conhecem a superfície. Talento e ideia a gente tem de monte! Mas falta apoio, falta incentivo, falta visibilidade.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello.

 

12)  Defina cinema com uma frase:

Cinema é descobrir-se.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

O ensaio fotográfico pré-casamento foi em uma sala de cinema, com pipoca voando pelos ares, pose nos corredores e a sala só pra gente!

 

14)  Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Clássico cult brasileiro, puro em sua essência e bem subestimado. Embora eu nunca tenha visto.

 

15)  Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não vejo como uma obrigatoriedade. É claro que diretores estudam cinema e filmes podem ser aulas, mas não vejo o academicismo, por assim dizer, não sei se é a palavra ideal para este contexto, peça chave para dirigir bons filmes. A inspiração pode vir de muitas fontes... 

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vou citar Malévola. Não suporto a ideia da personagem ser tão boazinha.

 

17) Qual seu documentário preferido?

As Canções, do Coutinho e Dear Zachary: a Letter to a Son About His Father, do Kurt Kuenne. Muito doloridos, ambos me atingem, de maneiras diferentes, com flecha certeira no coração.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Após Aquarius, contagiada pelas palmas dos colegas, pelo grito do marido preso na garganta, esgotados com a situação política do país.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Acho que O Sol de Cada Manhã. Preciso me aprofundar no quesito Nic Cage.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cineplayers. Mas leio de um tudo, inclusive comentários aleatórios de gente que não conheço no Filmow, rs

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Crítica do filme: 'The Wind Phone'


Se você amaldiçoar ondas em um oceano o vento pode amaldiçoar de volta? O simbolismo na hora complicada de lidar com a saudade de quem se foi. Baseado em fatos reais, The Wind Phone, curta-metragem escrito e dirigido pela cineasta Kristen Gerweck é profundo, emblemático. São 12 minutinhos das mais variadas emoções em uma espécie de confessionário ao ar livre de uma cidade que sofreu muito com uma tragédia anos atrás. Lindo filme que merece ser visto. Nessas horas é que perguntamos: porque será que não exibem curtas-metragens antes dos longas-metragens em nosso país ein?!


Em março de 2011, mais de 16.000 vidas foram perdidas no pior terremoto ou Tsunami da história do Japão. Uma cabine telefônica em Otsuchi (cidade japonesa localizada na província de Iwate) é visitada por milhares de sobreviventes. Detalhe: não há linha. Desabafos, busca por perdão, segredos nunca revelados, o poder desse simbolismo do dividir com alguém que não está mais por aqui é muito bem detalhado em cada uma das emocionantes conversas que somos testemunhas.


Daria para ser feito um longa-metragem sobre? Com toda certeza. Mas nesse pequeno recorte dessa inusitada e porque não dizer bonita situação, o sentimento transborda. The Wind Phone consegue em um pouco mais de dez minutos o que muito filme badalado não consegue em 90.

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20/10/2020

Crítica do filme: 'Alice Júnior'


A simples mensagem certeira sobre o direito de escolha aos olhos de quem ainda tem muito a conquistar nesse imenso planeta. Exibido no Festival do RJ e de Berlim no ano passado, Alice Júnior mostra o preconceito, as dúvidas, o olhar variado do próximo, a luta pelos direitos de uma adolescente trans que, por conta do trabalho do pai, sai de recife para uma cidade no interior do sul do país. Dirigido por Gil Baroni, com roteiro assinado por Adriel Nizer Silva e Luiz Bertazzo, o filme tem uma mensagem importante embutida em uma linguagem jovem com todas as atuais referências tecnológicas.


Na trama, conhecemos Alice Júnior (Anne Celestino), uma jovem super animada, trans, que precisa enfrentar novos desafios quando seu pai Jean (Emmanuel Rosset) precisa se mudar com ela (e a gatinha chamada Rinoceronta) para o interior do Brasil, em uma cidadezinha no Rio Grande do Sul para ir atrás de uma nova fragrância para seus produtos de beleza. Assim, Alice precisará conhecer novos amigos e enfrentar preconceitos vindos de vários lados, principalmente na nova escola.


Já disponível em algumas plataformas de streaming, Alice Júnior mostra o preconceito, as dúvidas, o olhar variado do próximo, os horrores das zoações que machucam pelas redes sociais, a luta pelos direitos de maneira simples e objetiva, com uma linguagem atual que busca o maior elo com o espectador. Fita super simpática, que consegue com muita eficácia e carisma enviar sua mensagem. Um dos ótimos pontos, interessante e simbólica a perspectiva do grande apoio do pai em relação as escolhas desde cedo da filha.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #140 - Diogo Rodrigues


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Curitiba. Diogo Rodrigues é funcionário público no horário comercial, cinéfilo em todos os demais horários possíveis e imagináveis. É crítico de cinema desde 2014. Em 2018, fundou o Nosso Cinema (Site: www.nossocinema.com.br || Instagram: @nosso_cinema) com o objetivo de dar aos leitores a melhor fonte de críticas de cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

É a do Espaço Itaú de Cinema, no Shopping Crystal. Eclética, acredito que é a que melhor mescla os filmes hollywoodianos com os cults, exatamente como eu gosto.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Pergunta difícil, a sala escura tem uma aura mágica que eu não consigo descrever bem, mas que eu sei que desde a infância me encantou. Provavelmente o primeiro filme que me motivou a ter um olhar diferente foi O Rei Leão. Assistia a muitos filmes da Disney quando criança (quem não?) e com certeza a minha formação como cinéfilo foi motivada fortemente pelas animações deles, que sempre têm uma mensagem edificante dentro de um enredo cativante.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Fácil: Alfred Hitchcock. Ninguém consegue me fascinar tanto quanto ele. O filme é Psicose, simplesmente magnífico.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Olga. Li o livro de Fernando Morais na adolescência e me interessei muito pela história, então o filme corporifica a personagem de que tanto gosto.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Acho que o cinéfilo, antes mesmo de gostar de cinema, é aquele que respeita a sétima arte. Infelizmente é comum gente marcando presença nas salas de cinema para conversar e mexer no celular, por exemplo. A pessoa pode gostar de filmes, nesse caso, mas não é uma verdadeira cinéfila.

A cinefilia engloba muito mais do que gostar de filmes, envolve uma paixão limítrofe entre a dependência e o êxtase, na qual a arte é um recorte do que nos rodeia e a sala de cinema é um templo onde a existência adquire novos significados. A cinefilia não é apenas amor, é devoção, um misto de sonho e realidade.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Certamente não. É feita por pessoas que têm por objetivo ganhar dinheiro, não por pessoas que entendem de cinema. Porém, prefiro pensar que essas pessoas têm um mínimo de consciência sobre o que a sétima arte representa para um cinéfilo.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

É uma pergunta que me faço muitas vezes. Não acho impossível, mas pouco provável. Os streamings têm abalado fortemente os cinemas, porém ainda existem cineastas e espectadores que preferem a sala escura. Então, considerando que acredito que sempre haverá pessoas desse tipo, sempre haverá salas de cinema. É a lei da oferta e demanda.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Francofonia: Louvre sob ocupação, um docudrama de 2015 de Alexandr Sokurov. Lembro como se fosse ontem a sessão a que assisti desse filme, em uma sala vazia no Espaço Itaú de Cinema. Foi simplesmente mágica!

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Com dor no coração, respondo que não. As salas de cinema são ambientes propícios demais para a disseminação do coronavírus, mesmo com todas as medidas de segurança. A questão é complexa, já que envolve empregos e muita circulação de dinheiro. Porém, a saúde deve estar em primeiro lugar, a meu ver.

 

10) Como voce enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Atualmente temos um cinema bom, com diretores como Petra Costa, Anna Muylaert e Kleber Mendonça Filho ganhando um reconhecimento justo. Ainda há muito para evoluir, principalmente no que se refere à visibilidade de filmes fora do clichê das comédias engessadas que têm grande bilheteria. Mesmo na comédia encontramos bons nomes, basta ver os filmes protagonizados por Ingrid Guimarães e Paulo Gustavo. A questão é que há muito mais do que isso na arte nacional.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro. Do nível dela não há mais ninguém.

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é objeto, instrumento e local: objeto de paixão imensurável, instrumento de prazer inefável e local de memórias inestimáveis.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Ocorreu quando vi Mãe!, do Aronofsky, no cinema. Algumas pessoas saíram da sala, inclusive um casal de idosos sentado à minha frente. O homem disse "vamos embora dessa pouca vergonha", no que a mulher respondeu "ah, mas eu estou achando divertido". Achei triste que eles acabaram saindo, mas realmente "divertido" não é o adjetivo que eu usaria para esse filme (que eu acho muito bom).

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Prefiro não comentar (risos).

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acho que precise ser cinéfilo, mas isso com certeza ajuda. Qualquer atividade exercida com prazer é melhor desempenhada.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Tirando o Atraso. Um ator do nível do De Niro não pode ter algo assim na sua carreira. É um filme ultrajante.

 

17) Qual seu documentário preferido?

What happened, Miss Simone, de 2015, sobre a Nina Simone. A cada vez que assisto a ele eu acabo gostando ainda mais.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Acho que não.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Feitiço da Lua. Um clássico!

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

IMDB conta?

 

 

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #139 - Arthur Vasconcelos


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado hoje é cinéfilo e Bacharel em Direito. Arthur Vasconcelos é criador da página Vou Pro Cinema no Instagram (@vouprocinema), onde posta notícias, críticas e indicações de filmes e séries.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Geralmente só assisto a filmes em João Pessoa, tenho a preferência pelo Centerplex, do Mag Shopping, por três fatores:

1- Um ótimo cinema; 2- Poucas pessoas frequentam (e agora na pandemia virou o principal fator); 3- Em dias de semana todos pagam meia-entrada.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que vi no cinema foi o Homem-Aranha (2002) de Sam Raimi. Vivi quase minha vida toda no interior (Goiana-PE), então não tinha o hábito de assistir filmes nas telonas, meu cinema era praticamente resumido a vhs e a dvd. Então, quando meus pais me levaram pela primeira vez foi uma coisa muito incrível... ver um homem fantasiado, com poderes e pulando pelos prédios era algo inimaginável. Meu amor pelo cinema começou ali.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Tenho muitos diretores favoritos: Steven Spielberg, Kleber Mendonça Filho, Martin Scorsese, Chris Columbus, Mel Gibson, James Gunn, Denis Villeneuve, Christopher Nolan, David Fincher, Jordan Peele, Spike Lee, James Cameron, Alfonso Cuarón, entre outros. Mas, atualmente, um diretor que me conquistou bastante nos últimos anos foi Zack Snyder, não apenas por amar seus filmes, mas por tudo que ele viveu na produção de Liga da Justiça. De fato, Zack Snyder é o meu diretor favorito hoje. 

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Se você me perguntasse há 1 ano atrás eu responderia Tropa de Elite 2, mas nesse tempo estreou Bacurau... e, sem dúvida nenhuma, foi uma das melhores experiências que tive no cinema. Um filme mais do que necessário pelos dias que estamos vivendo, abordando assuntos como xenofobia, a política temerária do Brasil, uso de armas, pobreza... É um daqueles longas obrigatórios que todos deveriam assistir um dia.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo, pra mim, é acima de tudo gostar de arte como um todo. Seja um longa-metragem, uma trilha sonora, um livro, uma pintura... ser cinéfilo é assim, apreciar a arte, a vida e, acima de tudo, discuti-la e defendê-la sempre.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que sim, é fundamental conhecer e entender o momento que vive o cinema. Por exemplo, hoje, quem domina as sessões são os filmes de heróis.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acabar não vai, mas acredito que vai diminuir. Com a chegada dos streamings tudo mudou, e vai continuar mudando, ir ao cinema, no futuro pós pandemia, será um grande evento.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Entre Nós, filme brasileiro dos diretores Paulo e Pedro Morelli. Pra mim, um dos melhores do cinema nacional.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

É uma questão bem complicada. De um lado temos muitas empresas fechando e várias pessoas ficando desempregadas, do outro tem o risco a vida das pessoas. Na minha visão, não era pra voltar, mas quando voltar eu vou entender, não aceitar, mas entender que a volta tinha que acontecer. Eu, particularmente, só volto ao cinema quando estiver vacinado.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Amo e defendo muito o cinema nacional, acredito que chegou em um patamar alto. Nos últimos anos, por exemplo, tivemos excelentes produções: Bacurau, A Vida Invisível e Democracia Em Vertigem, com esse último sendo indicado ao Oscar. 

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Uma arte política.


13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Curiosamente, não tenho nenhuma.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não gosto, acho bem ruim.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não acho, claro que você tem que conhecer grandes diretores e filmes que marcaram época. Mas ser cinéfilo, em si, acredito que não.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Já vi muito filme ruim na vida, mas pra mim filme ruim, de verdade, é quando você tem uma expectativa bem alta e quebra a cara. Então, é o Liga da Justiça do diretor Joss Whedon, com Star Wars: Ascensão Skywalker correndo por fora.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Democracia Em Vertigem. Boys State é um que assisti recentemente e gosto bastante.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Inúmeras vezes. Aplaudiria sempre, mas é uma coisa que geralmente só acontece em pré-estreias e estreias. 

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O Superman de Tim Burton. kkkk brincadeira. Gosto bastante de Asas da Liberdade e tenho carinho por Motoqueiro Fantasma.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete e Cinema Com Rapadura.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #138 - Marcos José


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Marcos José é estudante de cinema, sempre buscando aprimorar o seu conhecimento e amor pela sétima arte.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Não sou de variar tanto de cinema, gosto do cinema do New York (UCI), pois gosta da sala e preço é um pouco melhor que em outros cinemas mais próximos.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Speed Racer.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Propriamente não tenho um diretor favorito, tenho muitos que me marcaram de formas diferentes e muitos ainda para conhecer ou me aprofundar, mas para ficar em um, citaria o Sergio Leone e o Era uma vez no Oeste.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Eu ainda preciso me aprofundar mais no cinema nacional, mas um que vira e mexe me lembro como algo muito poderoso eu diria que foi o Rio, Zona Norte do Nelson Pereira dos Santos.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Eu diria que é estar aberto para tudo o que o cinema pode lhe proporcionar, sem destratar o passado dele com posicionamentos bobos e radicais o mesmo valendo para o momento contemporâneo, sem tentar buscar uma falsa ideia de pureza dentro da arte e sim compreender ela com todas as contradições do mundo e sociedade que se encontrarão nela de forma direta ou indiretamente e estar aberto a discussões que fujam a unanimidade.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não.

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não acredito nisso.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

The Myth of the American Sleepover do David Robert Mitchell, um dos mais bonitos Coming of age da década passada e um dos menos citados.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Está num período bastante produtivo, com belos filmes e outros nem tanto.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Marco Dutra.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A cultura de um país, com todos seus olhares diferentes para com o mundo em que se vive.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu citaria a vez que acabou a luz do cinema quando estava vendo O dia que a terra parou.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um filme especial.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, ele tem que entender o que ele pretende a partir do seu cinema.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não sei se é o pior, mas me deixou com muita raiva, foi o Depois de Lúcia.

17) Qual seu documentário preferido?

Para falar isso teria que me aprofundar mais no gênero.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Na sessão especial do Creed na CCXP, que era impossível não se contagiar pela aquela comoção.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Outra Face.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Acompanho algumas pessoas no Letterboxd, leio alguns textos que me interessam em alguns sites ou blogs (Cinética, Multiplot, Contrabando, Anotações de um ci
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Crítica do filme: 'O Romance de Morvern Callar'


O simbolismo das ações incontroláveis. Dirigido pela ótima cineasta escocesa Lynne Ramsay (Precisamos Falar Sobre o Kevin, Você Nunca Esteve Realmente Aqui), O Romance de Morvern Callar é um eletrizante recorte dramático de uma jovem que após um trauma, não busca objetivos, fica reativa ao que acontece no seu caminho. A personagem principal é completamente desnorteada e complexa, um desafio e tanto para a excelente atriz britânica Samantha Morton que mais uma vez mostra todo seu potencial. Destaque também para uma trilha sonora que explora a melancolia, a quebra da razão. Um trabalho interessante, pouco comentado por aqui.


Na trama, roteirizada por Ramsey e Liana Dognini a partir da obra de Alan Warner, acompanhamos a saga sem destino, sem direção de Morvern Callar (Samantha Morton), uma jovem que após o suicídio do namorado, resolve abandonar o emprego de caixa de supermercado e embarcar em uma viagem para a Espanha junto com a melhor amiga Lanna (Kathleen McDermott). Fora isso, nomeia o último livro do namorado como seu, recebendo oportunidades de venda por esse trabalho.


Através do inusitado, uma porta de possibilidades se abre na mente e razões da protagonista. As marcas do trauma a coloca em xeque nas relações com os demais nesse filme que possui inúmeras interpretações. Não é um filme fácil, as vezes parece um road movie sem profundidade mas o passado recente de Morvern a coloca inconsequente em seus atos onde há muito além da superfície quando analisamos os duelos entre traumas x oportunidades.

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19/10/2020

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Pausa para uma série - A Maldição da Residência Hill


A simplicidade na hora de contar uma boa história de suspense. O universo do suspense de pregar surpresas, fantasmas, maldições, passou por uma grande transformação ao longo dos anos quando pensamos em filmes e seriados que buscam no susto sua ferramenta de elo da trama com o interesse do espectador. Disponível na Netflix, A Maldição da Residência Hill , considerada essa a primeira temporada, de 10 episódios, é um seriado que utiliza do trivial dentro de uma sólida história sobre uma família amaldiçoada por terem morado em uma residência amaldiçoada durante a infância. Repletos de surpresas, idas e vindas na linha temporal, com um desfecho convincente e interpretativo, além de atuações excelentes, essa é uma das séries imperdíveis disponíveis no mais famoso dos serviços de streamings. Observação: caso ache que já conhece o ator Henry Thomas, que faz o papel importante do jovem Hugh Crain, você provavelmente já o conhece mesmo, é o Elliott de E.T – O Extraterrestre.


Na trama, conhecemos os Crain, a família de Olivia (Carla Gugino) e Hugh (Henry Thomas/ Timothy Hutton) e seus filhos Shirley, Luke (Julian Hilliard/Oliver Jackson-Cohen), Theodora (Mckenna Grace/Kate Siegel), Nell (Violet McGraw/Victoria Pedretti) e Steven (Paxton Singleton/Michiel Huisman) que se mudam para uma casa enorme que possui um passado que eles não sabiam. Lutando contra vários tipos de situações estranhas, a família precisará enfrentar seus medos mais delicados.


Enfrente seu medo! As linhas temporais se intercalam como uma misteriosa trajetória em busca de uma paz longe de assombrações. Um dos méritos do roteiro de Mike Flanagan ( o criador do seriado) é conseguir transmitir uma ótica bastante peculiar para dentro do seriado, onde os personagens descobrem os fatos do passado ao mesmo tempo em que o espectador. Isso forma um elo bastante interessante quando pensamos em interesse pelo que vai acontecer mais pra frente. As linhas do ótimo roteiro vão se transformando em uma estrada bem construída que aborda emoções, assombrações mas com um forte background de problemas familiares. Vale a pena conferir!

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #137 - Leonardo Silva


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, nascido e criado em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Leonardo Silva é estudante de direito da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos e atualmente trabalha em um escritório de advocacia. Desde de pequeno é apaixonado por filmes dos mais variados, mas apenas de alguns anos para cá tem se aprofundado e pesquisado mais sobre o cinema, por meio de críticas, livros e afins, por isso decidiu criar a Estação de Cinema no instagram (@estacao_cinema), para compartilhar os filmes que assiste e recomendar a todos que tiverem interesse. Não é especializado em cinema ou tem qualquer tipo de curso ou formação, é apenas um amante da sétima arte que é fascinado por assistir, descobrir e debater sobre o cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade só existe um cinema, o Cinesystem, que fica no shopping, a programação é padrão, com lançamentos que ficam algumas semanas em cada sala. Gosto muito de ir nos cinemas de Canoas e Porto Alegre, por terem salas com telas melhores e sistemas de som mais avançados.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Não lembro exatamente o filme que me fez pensar no cinema como um lugar diferente. Para mim, o cinema sempre foi um lugar especial onde eu gostava de ir acompanhado com amigos, mesmo quando éramos os únicos dentro de cada sala. Talvez o primeiro filme que tenha me despertado como a experiência de um filme dentro do cinema pode afetar as pessoas tenha sido em Harry Potter e As Relíquias da Morte - pt 2, lembro exatamente como saí da sala de cinema assim que o filme acabou e lembro vividamente das reações das pessoas ao meu redor.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Muito difícil para mim apontar somente um diretor e um filme dele que eu definiria como favorito, visto que muitos filmes me marcaram de formas diferentes pela vida. Acho que se eu fosse escolher apenas um, escolheria Martin Scorsese como diretor e, de sua obra, escolheria Taxi Driver, pois eu ainda me lembro que após assistir esse filme eu fiquei fascinado pelo diretor e mudou completamente minha visão sobre cinema.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cidade de Deus. Assisti esse filme quando era muito novo e me impactou bastante, mesmo eu ainda sendo jovem demais para entender completamente a mensagem. É um filme que mudou mostrou para mim que o cinema nacional não deve em nada para o cinema estrangeiro.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Cinéfilo, para mim, é ser alguém que ama e assiste filmes. Não acho que para uma pessoa se considerar cinéfila ela tenha que pesquisar, conhecer os clássicos e saber todos as grandes obras dos grandes diretores, acho que ser cinéfilo é amar filmes, simples assim.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Por experiência de onde eu moro, a programação dos cinemas não varia muito de lançamentos. Aqueles que trabalham não podem fugir muito do circuito comercial do qual estão inseridos. Sei que, até perto de onde moro, existem salas de cinema que passam clássicos e filmes culturais, se eles entendem de cinema, não posso afirmar.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acho muito difícil. Mesmo com o avanço dos serviços de streaming, vimos ano passado Vingadores Ultimato bater o recorde de bilheteria mundial, por isso, acredito que o cinema está bem. Acho que talvez haja uma reformulação dentro das salas e das formas de distribuição. Os preços, aqui no Brasil ao menos, não são os mais baratos, mas isso ainda não impediu que uma grande massa lote salas espalhadas pelo Brasil. Cinema, querendo ou não, é uma experiência diferente, e acho que as pessoas sabem disso, mesmo que no subconsciente.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Não tenho muita certeza do conhecimento geral deste filme, mas, como não vejo falarem muito dele, recomendarei Stoker, de Park Chan-wook.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Na minha opinião, nenhum lugar que haja o risco de ter aglomeração (academia, cinema, bares, casas de shows...) deveria ser aberto antes de termos uma vacina. Infelizmente, não é assim que o mundo funciona.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro tem qualidade e tem boas mentes por trás de filmes recente, basta ver Aquarius ou Bacurau. Acho que o que falta é investimento e interesse do público geral, que parece não valorizar a obra local. Acredito que, em alguns anos, o cinema brasileiro vá se tornar um expoente comercial mais forte e valorizado dentro do país.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Kleber Mendonça Filho.

12) Defina cinema com uma frase:

O Cinema é uma forma de imersão dentro de outras culturas e experiências que nos aproxima como pessoas.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando fui assistir Shazam com minha namorada, no meio do filme teve uma queda de energia geral no centro da cidade e o filme parou. Depois de muita espera, os funcionários avisaram que não retornaria por algumas horas e nos deram vales de pipoca e ingresso para podermos ver qualquer filme outro dia. No dia seguinte, fomos novamente ver Shazam, desta vez sem interrupções.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Quando falam que o cinema brasileiro não tem qualidade, geralmente é deste tipo de filme que se referem.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Minha definição de cinéfilo é alguém que ama filmes e ama assisti-los. Um diretor de cinema, acredito eu, ame filmes a ponto de querer criar sua própria obra. Acho que o que um diretor de cinema precisa ter, realmente, é paixão por criar uma obra que, para ele, signifique algo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Entre Cats, O Último Mestre do Ar e o filme live action de Dragon Ball, eu diria que já vi uma boa cota de filmes ruins nessa vida.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Como um amante de música, sou fascinado por documentários de bandas e artistas. Direi aqui dois documentários dirigidos por Martin Scorsese: Rolling Thunder Revue e No Direction Home, ambos sobre Bob Dylan.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Blade Runner 2049 foi o exemplo mais recente disso. Foram palmas lentas de alguém impressionado com o que presenciou.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Mandy.


20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Eu não leio muito em sites de cinema, acho que o único que eu gosto de acompanhar mais é o Cinema em Cena do Pablo Villaça.

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18/10/2020

Crítica do filme: 'Os 7 de Chicago'


O egocentrismo, a causa, os absurdos em um mundo em constante mudanças, formas de pensar e muita luta. Escrito e dirigido por Aaron Sorkin, Os 7 de Chicago é um filme feito para quem conheceu o epicentro da trama, as linhas do confuso roteiro gera dúvidas no espectador a todo instante principalmente pelo primeiro arco bastante confuso. Mas o elenco é fantástico e faz a diferença, muitas vezes segura as pontas do roteiro bem complicado escrito por Sorkin. Sacha Baron Cohen merece concorrer a prêmios por esse papel, baita atuação.


The Trial of the Chicago 7, no original, conta a história de alguns líderes de movimentos sociais dos Estados Unidos que são acusados pelo governo dos Estados Unidos por conta de um grave conflito relacionado à Guerra do Vietnam que resultou em uma batalha sangrenta entre a polícia e os manifestantes. Assim, com a ajuda do advogado William Kunstler (Mark Rylance), o grupo precisará enfrentar um longo julgamento em busca da absolvição total.


A excentricidade para mostrar a luta pelos direitos de mudança. É muito complicado para um filme retratar por completo uma história real de grandes proporções como essa de Os 7 de Chicago. Há muitas maneiras de tentar visualizar tudo, a porta aberta por Sorkin foi tentar criar um grande espetáculo cinematográfico, onde o drama e as pitadas cômicas se misturam de maneira confusa mas que pela força do elenco e o grande carisma visto tentam explicar todo o contexto envolta desse conturbado julgamento que atraiu a atenção de todos na época mas é um assunto ainda bem desconhecido de quem não vive em solo norte-americano. Talvez, para tentar entender por completo e quem sabe até compreender melhor as entrelinhas do que Sorkin quis mostrar, boas leituras sobre o tema deverão ser complementares.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #136 - Thiago Stivaletti


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, repórter e crítico de cinema. Thiago Stivaletti é formado em jornalismo pela ECA-USP e com pós-graduação em cinema na Universidade de Nanterre (França). Passou pelas redações da Folha de S. Paulo, Valor Econômico, Editora Abril, UOL e do portal Filme B, especializado no mercado audiovisual. Por oito anos, cobriu o Festival de Cannes para o UOL, e por dez anos trabalhou como editor do website e do catálogo de programação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Mais recentemente, atuou como roteirista em programas da TV Globo. Com Flávia Guerra, criou o podcast semanal de cinema Plano Geral, disponível nas plataformas digitais.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Cinesesc. Uma bela sala, melhor tela da cidade, programação só de filmes de autor e festivais.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Feitiço de Áquila (1985).

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

David Lynch, Mulholland Drive.

 

4) O que é ser cinéfilo para você?

Amar o cinema acima de qualquer coisa. Gostar de rever um filme muitas vezes. Amar um bom preto-e-branco. Quanto mais antigo um filme, melhor.

 

5) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Sim.

 

6) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acabar, acho que não. Mas cada vez mais sinto que o baque da pandemia vai ser forte. As pessoas estão perdendo o hábito de ir a uma sala.

 

7) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Trouble Everyday - Desejo e Obsessão, Claire Denis (2001).

 

8) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

9) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Nos últimos 15 anos, muito rica e variada. Mas com esse governo genocida, temo que a fonte seque.

 

10) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Karim Ainouz.

 

11) Defina cinema com uma frase:

Um sonho compartilhado.

 

12) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Aos 13 anos, eu e minha turma convencemos o bilheteiro a nos deixar entrar para ver Instinto Selvagem (1992), que era proibido para menores de 18, no Cine Iporanga em Santos. Já no quesito glamour, ver Clint Eastwood abraçar Manoel de Oliveira antes de uma sessão de Douro, Fauna Fluvial no Festival de Cannes em 2011, em homenagem aos 80 anos do filme.

 

13) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

A melhor comédia já feita no Brasil.

 

14) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Sim.

 

15) Qual o pior filme que você viu na vida?

Os Deuses Devem Estar Loucos 2 (1989).

 

16) Qual seu documentário preferido?

Nick's Movie, Wim Wenders (1980).

 

17) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Muitas vezes. Em festival, acho um exercício saudável.

 

18) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Outra Face, de John Woo (1997).

 

19) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

No Brasil, Adoro Cinema. Na gringa, Indiewire.

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17/10/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #135 - Rodrigo Torres


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é um grande cinéfilo, dono de um texto espetacular. Rodrigo Torres é formado em Letras pela UFRJ e ama dar aula, mas mudou de carreira em 2012, quando se tornou jornalista e começou a trabalhar com cinema. Hoje ele trampa com educação e marketing digital, diz que sua paixão por filmes e séries virou hobby, mas tem gente que discorda e garante que ele tem um novo projeto de cinema na manga.

 

Obs: querido amigo Rodrigão. Uma das pessoas mais inteligentes que conheço. Já até trabalhamos na mesma empresa durante um período. Seus textos são excelentes! Ele deveria escrever livros e livros. Flamenguista apaixonado, esse querido cinéfilo é um gentil cidadão que sempre lutou para transmitir ao público informações, notícias, opiniões sobre o fantástico mundo da sétima arte. Continue em frente Rodrigão! Precisamos sempre de pessoas como você em nosso país.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Eu amo o Estação. Um cinema que enfrentou dificuldades recentemente e se mantém como um refúgio do dito circuito de arte, ou alternativo, da cidade. E eu amo particularidades dos vários cinemas do Estação. Eu amo o hall do Estação Net, vivo indo lá pra comer um lanche, descansar, escrever... O Estação Botafogo tem o segundo espaço mais icônico da cidade em relação a cinema, que é aquela salinha de espera com uma imagem do Grande Otelo e Oscarito (só perde pro Cine Odeon). E tem o Estação Ipanema, que eu passei a frequentar muito depois que o metrô chegou ali próximo e eu me mudei pra zona sul, porque é muito aconchegante. Taí: o Estação sempre consegue combinar a melhor programação da cidade com uma ambiência maravilhosa também. Nesse momento eu tô lembrando do Estação e do cheirinho peculiar do cinema. Que saudade...

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Lua de Cristal. 1990. 4 aninhos. Eu costumo brincar que a minha maior prova de cinefilia foi ter superado essa primeira experiência sem trauma, hahaha. Até hoje eu lembro perfeitamente da cena do Sergio Mallandro de príncipe num cavalo branco e essa memória é afetiva — pasme! Outra lembrança muito vívida é de ver aquela tela prata gigante na minha frente e do meu fascínio diante daquilo. Amo cinema desde pequeno. Eu cresci indo muito ao cinema, me empolgando com As Tartarugas Ninja, me emocionando com O Rei Leão, com o cinema sendo o meu hobby favorito. E a experiência do filme também. Um dos melhores momentos da minha infância foi quando minha mãe chegou do trabalho com um presente pra mim e pra minha irmã, e esse presente era um videocassete usado e uma fita do Aladdin, que eu já visto no cinema e tinha amado. Recentemente a minha irmã fez uma sessão de cinema para as crianças da família e o fascínio delas vendo o filme me fez chorar (meus olhos estão cheios de lágrima agora) porque me fez lembrar desse dia. Depois disso eu virei uma criança rata de locadora, que pegava filmes "pro meu pai" que na verdade eram pra mim mesmo, e eu passava os fins de semana brincando com os amigos de dia, jogando videogame de noite e vendo filme antes de dormir — era de lei. E então, um belo dia, eu aluguei Coração Valente e, na cena que o Mel Gibson se recusa a pedir misericórdia e grita "Liberdade!", pela primeira vez eu chorei vendo um filme e a vida mudou pra mim. Ali eu entendi que cinema era, e é, algo diferente.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu não tenho um diretor favorito. São muitos. Tem o Hitchcock, tem o Scorsese, tem o PTA, tem também o Linklater... tem muita gente! Mas eu tenho um filme predileto: O Poderoso Chefão. Nenhum outro reúne tantos signos que me fascinem da forma que O Poderoso Chefão fez. A forma como o tema da máfia é desenvolvido é espetacular. A maneira como aspectos virtuosos como família, lealdade, respeito e riqueza se confrontam com o mundo do crime e o horror da violência é algo que me insere por completo na narrativa. Aquele é um universo muito crível, muito imersivo, e esse tipo de construção de universo e atmosfera é das coisas que eu mais valorizo num filme. Tem o elenco, que é uma verdadeira seleção dos melhores atores que eu cresci vendo (eu vi O Poderoso Chefão pela primeira vez com uns 18 anos, já tinha um bom conhecimento de cinema), e tem todo o contexto em que aquele filme aconteceu, da Nova Hollywood, que é a fase do cinema que mais me cativa e interessa, em que eu mais queria ter vivido.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Que engraçado: no cinema nacional, eu teria muita dificuldade de dizer qual é o meu filme predileto, mas respondo de bate-pronto qual é o meu cineasta predileto: Eduardo Coutinho. Eu gosto bastante de documentário e eu admiro muito a habilidade dele de ouvir as pessoas, e as mais humildes, e criar uma grande história baseada só nesse poder da audição, num primeiro momento, e, depois, numa capacidade absurda de narrativizar essas histórias real de modo a torná-las melhores que muita obra de ficção bem pensada e sofisticada. Cabra Marcado Para Morrer é espetacular, obra-prima, mas eu gosto de tudo que ele fez. Jogo de Cena, Edifício Master, As Canções... e também amo os menorzinhos, como Santa Marta, e o experimental Um Dia na Vida, todo feito de trechos de comerciais que ele via na TV.

 

Pra não estragar a sua pergunta, vou indicar um filme que eu amo de paixão e gostaria que mais pessoas vissem: Histórias Que Só Existem Quando Lembradas, da Júlia Murat. É uma dessas obras que te transportam pra outro lugar — pra dentro delas. Eu até digo numa crítica que você vê os personagens em cena e consegue sentir o cheiro do café que eles estão passando em cena. Uma graça de filme.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo pra mim é ver muito filme e ser um estudioso do cinema. Por isso eu não me considero mais um cinéfilo, pois tenho visto pouco filme e lido menos. Eu ainda vejo muita TV, mas muito esporte, um tanto de notícia também... Vejo programas no YouTube como nunca antes e algumas séries mais escapistas, mais bobinhas. Filme e série boa eu só paro pra ver quando consigo focar 100% na televisão, por isso eu tenho visto menos. Mas eu ainda escrevo sobre cinema, eventualmente, e eu me garanto justamente porque eu já fui muito nerd, já li muito sobre a história e a linguagem do cinema, e porque eu sigo bem informado a respeito do que tá rolando, mesmo quando eu não estou consumindo muito filme. Acho que essa é bagagem é mais importante para ser um bom crítico de cinema do que ser cinéfilo a vida inteira — você pode já não ser mais alguém que veja muuito filme e ainda ser um bom crítico.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Nunca pensei nisso, e qualquer resposta que eu dê será leviana porque eu não conheço muitos programadores (acho que só você, que eu sei que gosta e entende). Mas eu posso dizer com certeza que a programação não é montada para quem entende de cinema. Absolutamente não. Os multiplexes são moldados para quem vai ao cinema no fim de semana. O cinema é feito pra dar lucro. E, infelizmente, não existe uma política pública que valorize a arte como algo a ser consumido pela população. No meu mundo ideal, teria. Nem que fosse como acontece na Argentina, onde você encontra salas mantidas pelo Estado que só exibem filmes argentinos a preço popular. Imagina, que maravilha! Enfim, por causa dessa lógica capitalista que são raras as salas com uma boa programação na cidade. Por isso que eu amo o Estação! rs Infelizmente, a imensa maioria dos programadores atende a uma expectativa de lucro que não contempla o gosto mais requintado de um cinéfilo. E não tem muita gente interessada em criar novos espaços como o Estação, que atenda a um público menor, mas fiel.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não. Acho que não. Sempre haverá uma sala de cinema em algum lugar. E os multiplexes eu creio que serão sempre lucrativos, logo, não vão acabar. Mas tenho muito medo que as boas salas de cinema se tornem tão raras quanto são os cinemas de rua. Essas, sim, têm o risco de acabar um dia, e num futuro próximo, para a minha mais profunda tristeza.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Já que eu falei na Nova Hollywood e reclamei aqui em cima (indiretamente) das programações ruins baseadas na ideia de que o grande público só gosta de coisa popularesca ruim, vou indicar o Peter Bogdanovich pra galera. Um dos grandes cineastas daquele movimento, mas que é menos conhecido e um tanto subestimado. Essa Pequena é uma Parada, por exemplo, é uma das maiores comédias já feitas. Tem todo tipo de humor mais popular no texto (comédia física, comédia pastelão, comédia de erros etc) e é maravilhoso. Imperdível.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não acho que deveria, mas, sim, que poderia desde que com boas medidas de segurança. Inclusive, é do que eu mais sinto falta. Mas aí eu pergunto: quem vai querer lançar filme agora? Não sei se é uma boa ideia, não. Mas lamento muito por exibidores como o Estação.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Excepcional. Cada vez mais diverso, vide a ascensão do cinema de terror nos últimos anos. Tem muita gente talentosa fazendo filme. Gente guerreira. Representando bem a gente lá fora apesar de tudo. E vai seguir assim, apesar do desmonte perpetrado por Jair Bolsonaro. Ele não vai conseguir o que quer, o cinema nacional resistirá, tenho certeza.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

O saudoso Eduardo Coutinho. 

 

12) Defina cinema com uma frase:

Uma viagem de duas horas para um outro mundo.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Ihh, já vi muita coisa.... Coisas impublicáveis! Já vi pegação braba entre jornalistas. E uma coisas bad vibes, mas melhor deixar isso pra lá.

De curiosidade, eu já vi um filme inteiro no Festival do Rio com a legenda dessincronizada em 1 minuto e só percebi no final, porque o filme era oriental e meio experimental. Aliás, teve um festival que eu assisti inteiro me recuperando de uma infecção intestinal, uma coisa terrível. Por isso, eu não podia me alimentar de qualquer jeito como fazia todo ano, eu tinha que preparar minha comida e levar na mochila. E logo no primeiro dia eu tive a grande ideia de fazer uma salada de banana. Era um dia quente. Diz o Pedrinho Tavares que quando eu abri o pote, empesteei a sala inteira... Mentiroso safado!

 

Ah, lembrei de outras três, as três envolvendo o FestRio e diretores famosos:

 

1. O dia que eu fui ao mictório após uma longa sessão especial de Holy Motors. O banheiro era grande, tinha uns 10 mictórios, e um homem decidiu urinar justamente no mictório ao meu lado. Contrariado, olhei pro lado calmamente e quando me dei conta, o cara meio baixinho de óculos escuros que mijava ao meu lado era o Leos Carax.

 

2. Outro dia, outro ano, me deparo com um amigo que é professor de poesia e fã do cinema de Eugène Green.

 

— Pô, cara, ele tá aí — disse eu, minutos antes do início da sessão de La Sapienza. O hall do Estação Net Rio tava lotado!

— Eu sei, pô... Vim por isso! Mas duvido que eu vou encontrar ele aqui...

— Ele deve estar pra lá — e quando eu fiz o gesto apontando pra lá, acertei a cabeça de um senhor de bigode e cabeça branca. Esse senhor era o Eugène Green.

 

3. Essa história não é tão curiosa, mais foi a ocasião mais divertida: o dia que eu tomei cerveja, falei de cinema, música e Anitta com Pedro Costa.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

A melhor direção, o melhor roteiro e as melhores atuações do cinema brasileiro. Icônico. Obra-prima.

 

15) Você trabalhou no maior portal de cinema do Brasil, o Adoro Cinema, como foi essa experiência?

Boa enquanto durou. E durou até uns meses antes da minha saída. Quando, devido a problemas pessoais que se agravaram e foram resultar numa Síndrome de Burnout, eu parei de sentir prazer pelo que fazia e passei a sentir só o peso da rotina pesada, que mudara um tempo antes. É curioso olhar pra trás e ver que a minha saída foi um dos primeiros eventos daquele momento de transição que transformou o AdoroCinema no site que é hoje.

 

Tenho orgulho de ter feito parte da Era de Ouro do AdoroCinema. Um tempo em que a equipe montava as pautas com máxima liberdade editorial e construía o melhor conteúdo de cinema da internet brasileira, quiçá da América Latina, assim fazendo jus ao tamanho e à importância do site. Era jornalismo e cinema mesmo! Era bacana demais olhar pra redação e ver todo mundo ralando pra caramba num mesmo propósito. Era bacana demais olhar pro lado e ver como a equipe era diferenciada, diferente entre si e entrosada. Cada um tinha suas qualidades para cada tipo de filme que estreasse e a gente pensava e produzia o melhor tipo de conteúdo para aquele lançamento. Era foda!

 

Aí veio o vídeo...

 

Acho até que a gente se adaptou bem à ascensão do vídeo, fazendo do nosso jeito, mesmo quando a gente ainda fazia algo mais amador, e fomos amadurecendo. Eu sempre defendi que o AdoroCinema mantivesse a sua essência editorial no site, nos textos, e tivesse uma cara mais jovem nas redes mais jovens, como o YouTube, o Instagram e, agora, o TikTok. Essa nova diretoria que se apossou do site não entendeu assim e desmontou toda a equipe em prol de ser o que nunca foi e o que nunca será — uma pena. Pro leitor isso foi péssimo. E pro mercado não foi diferente.

 

Todo mundo sempre teve claro que o AdoroCinema era o site de cinema de verdade, com um conteúdo de melhor qualidade e mais jornalístico, enquanto o Omelete tinha uma outra pegada, uma coisa mais jovem, e que nessa linha vinham muitos outros: o Jovem Nerd, o Ei Nerd! e por aí vai. Hoje o AdoroCinema abriu mão de ser protagonista no que sempre fez de melhor, se descaracterizando completamente, pra ser coadjuvante em algo que não faz tão bem quanto a concorrência. É muito triste... E mais triste ainda é saber que não precisava ser assim.

 

O site se tornou gigante em acesso e faturamento com a cara dada pelo Francisco Russo. Não precisava abrir mão do que era. Podia ser ambos. Podia ser Estação e multiplex, o melhor de dois mundos, mundo ideal. Optou por um mundo que a mim parece o apocalipse.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #134 - Kimberlym Dias


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Carapicuíba. Kimberlym Dias é formada em Comunicação Social - Jornalismo pela UAM, tem técnico em Produção para Rádio, TV e internet, iniciará a Pós-graduação em Gestão da Comunicação de Mídias Digitais. Em seu currículo tem cursos de Jornalismo Cultural, Redação Jornalística, Locução de Rádio pelo Senac e Assessoria de Imprensa pela Faculdade Casper Líbero. Ao lado da amiga Kerolen Peres criaram o Produzminas (instagram @produzminas), um podcast feito por mulheres para falar sobre a produção audiovisual brasileira.  Juntas também produziram o curta A Menina e o Balão em 2019.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade tem uma única sala, infelizmente. E confesso que gosto bastante, mas não tem muitas opções de filmes.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O Rei Leão!

Até hoje eu assisto e me emociono com o poder do cinema/da arte em nossas vidas.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu não tenho um diretor favorito. Confesso. Consumo muita produção, é difícil escolher só um. Acredito que cada um tem sua característica, seu olhar.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Olha, como na resposta anterior é difícil dizer um único filme, porque vários marcaram a minha vida. Amo Elis, então o filme representou muito para mim. Gosto muito de A Cidade onde Envelheço, Elena, O Último Cine Drive-in, Califórnia...

Difícil escolher apenas um!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser uma pessoa que gosta da sétima arte. Que assiste, estuda, pesquisa e apoia o cinema.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Olha, essa é uma pergunta difícil. O que seria entender o cinema? Estudar sobre, ter anos de experiência? Infelizmente, não. Muitas programações são feitas com base no público, no que vai ter mais lucro. Logo, não significa que serão os melhores filmes.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Eu acredito que não. Nem as salas de cinema, nem a TV, nem o rádio. A magia de assistir um filme no cinema é única. Uma experiência difícil de ser substituída para quem gosta de cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Maudie: Sua Vida E Sua Arte.

Estrelado por Sally Hawkins, Ethan Hawke, Zachary Bennett. Ganhador de sete Canadian Screen Awards, incluindo o de Melhor Filme.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acredito que não, mas sei que existem formas de reabertura. É preciso ter o máximo de cuidado, infelizmente nem todos têm.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu vejo uma qualidade única no cinema nacional. A arte brasileira é muito rica. É preciso apenas de público, de que mais brasileiros consumam nossas produções. Tem muita gente incrível fazendo filmes incríveis.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

 

Tá aí, outra pergunta difícil! Hahaha mas vai, Selton Mello.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Emoção!

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Poxa!

Não presenciei nada inusitado no cinema...  Haha

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

A luta por uma vida melhor por meio da arte (dança), uma representação da cultura brasileira. A conquista, realização e a decisão de ajudar o próximo.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Precisa em primeiro lugar amar o cinema, pois só assim irá se dedicar pela sua arte. Por amar o que faz, buscará referências, vai estudar, pesquisar mais, e claro, vai apoiar produções nacionais. Acredito que assim poderá dirigir um filme!

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não vem nenhum em minha mente. Que bom! rs

 

17) Qual seu documentário preferido?

Vocês e as perguntas difíceis! Hahahah

Tenho vários, vamos de lista?

Estou Me Guardando Para Quando O Carnaval Chegar

Ser Tão Velho Cerrado

Vinicius de Moraes

Franca: Chaos and Creation

Guerras do Brasil.doc

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Siiiim, em O Rei Leão e Turma da Mônica: Laços (chorei).

 

 

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