25/01/2012

Crítica do filme - 'L'Apollonide - Os Amores da Casa de Tolerância'

O novo trabalho do diretor Bertrand Bonello retrata os momentos glamurosos e a decadência de L'Apollonide, uma casa de prostituição que possui bastante popularidade entre os homens da França em 1899. O grande problema de filmes com essa temática é o diretor ‘perder a mão’ da produção e escandalizar com o corpo das atrizes e os enquadramentos em cena. Isso não ocorre nessa produção, não há nudez desnecessária nesse longa.

Com uma ótima música de abertura, somos apresentados a algumas mulheres que vivem nesse belo casarão. Fora as aventuras sexuais, muita bebida e histórias (das mais diversas e peculiares possíveis) são contadas ao longo dos 125 minutos de fita.

As mulheres são muito carinhosas umas com as outras, uma relação de irmandade é visto em cada cena. Entendemos um pouco melhor da vida dessas prostitutas, e sua posição na sociedade no final do século 19, com a chegada de uma jovem que mandou uma carta solicitando permissão para trabalhar no lugar. Através dos olhos de Pauline vamos entendendo como é o dia a dia da vida naquele lugar.

Gostos peculiares dos clientes ganham contornos cômicos em meio ao drama da fita. Alguns são viciados em Champagne e gostam de ter relações em uma banheira cheia dessa mesma bebida, outros gostam de encenar ter relações com uma boneca (nesse caso, a prostituta escolhida imita uma). E assim, elas vão se revezando e satisfazendo cada um dos amantes.

A personagem que se destaca é Medeleine (interpretado por Alice Barnole), que tem sua rotina quebrada por uma maldade que um de seus clientes fez (maldade à la Coringa do ‘Batman’, vejam o filme que vocês vão entender). A vingança vem com a ajuda de suas amigas e um animal feroz, já no desfecho do filme que tem o roteiro assinado pelo próprio diretor .

A narrativa lenta não agradará parte do público mas é um filme que possui uma trama que tenta envolver, ótimas atuações e uma direção quase impecável de Bonello. A partir de Fevereiro nos cinemas do Rio de Janeiro.

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Crítica do filme - 'Os Descendentes'

Com um drama familiar repleto de bons personagens com um paraíso tropical como pano de fundo, Alexander Payne (‘Sideways’) comove o público com a história de um homem em busca de um recomeço após uma série de acontecimentos que mudarão sua vida e a de sua família para sempre.

Matt King é um homem com muitas decisões nas mãos. Vive no Havaí, sustenta sua família com seu trabalho de advogado e seu uniforme de trabalho é Short, chinelo e camisa florida. Tem uma vida que muita gente pede a Deus. Mas não é bem assim, a situação dele não é tão boa como parece: a mulher está internada, ele não consegue se entender com suas duas filhas, os primos o pressionam para vender as terras da família (de olho na bolada do negócio) e acaba descobrindo que a mulher estava em um caso extra-conjugal com o salsicha (personagem de trabalhos anterior do ator Matthew Lillard).

George Clooney tem uma atuação muito boa. Foi bastante elogiado por críticos de todo o mundo. Com esse personagem bastante real, comove e transporta o espectador para dentro da tela. Não sei se é o melhor trabalho dele mas está entre os grandes papéis do veterano ator com certeza. Ganha o Oscar com a cena de despedida à esposa na cama do hospital.

O relacionamento do personagem principal com suas duas filhas é péssimo. Não sabe ser mãe e acaba muitas vezes não sendo pai. A situação melhora com a inclusão de um personagem inesperado que dá um grande ritmo à trama. Sid é hilário. Acompanha a família em todos os lugares. Tem cenas impagáveis com o sogro de Matt King. Esse personagem é um ponto fundamental para o sucesso de público e crítica desse longa que é baseado no livro de Kaui Hart Hemmings. Méritos também para o jovem ator Nick Krause.

Alexander Payne sabe contar um drama comovente, sempre tem uma maneira de amarrar o público com suas doses de emoções cirúrgicas.  A história é narrada com a ajuda de um visual sensacional de um dos lugares mais bonitos dos EUA.

O ouvido cinéfilo é premiado com a participação super especial de Morgan Freeman já na subida dos créditos.

A partir do dia 27 de janeiro, o público se emocionará, se divertirá e sairá feliz das salas de cinema de todo o Brasil.
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23/01/2012

Crítica do filme - 'Reis e Ratos'

A idéia era interessante: reunir personagens excêntricos em um ambiente pré golpe militar no Brasil. Porém, Mauro Lima (diretor de ‘Meu nome não é Johnny’) faz um filme com o qual é difícil se conectar. O longa, que tem o roteiro assinado pelo próprio diretor, tenta envolver o público através de diálogos com toques de comédia escancarada (fórmula que poucas vezes dá certo). Com uma trama que tem espiões, um locutor muito esquisito, militares e outros personagens curiosos reunidos em uma época onde a palavra ‘Comuna’ era de uso diário das autoridades, as melhores partes do filme acontecem mesmo nas excelentes conversas entre Selton Mello e Otavio Muller.

‘Reis e Ratos’ é um longa Noir Brasileiro. Filmado em apenas 17 dias, a fita em P&B é uma mistura de filmes do Leslie Nielsen com o ambiente Noir de pano de fundo - pena que o roteiro não ajuda muito o andamento da história. Na trama, em meio a um cenário político conturbado, alguns personagens são envolvidos em um clima de conspiração.

Gregório Duvivier e Marcelo Adnet aparecem logo nas cenas iniciais e o público já os projeta para mais algumas cenas ao longo da fita. Os dois humoristas oriundos do Stand Up Comedy são sempre adorados pela platéia - pena ter ficado só no pensamento uma presença mais marcante deles na história. A primeira participação de Seu Jorge no longa é sensacional. Uma entrada triunfal, vestido de mulher, e nos vocais, parecendo uma Whitney Houston à brasileira.

Selton Mello fala um português arranhado no filme (com algumas expressões em inglês embutidas). Interpreta Troy Somerset, um americano (espião da CIA) casado com uma brasileira, que adora conversas sobre cultura e joga na tela raciocínios hilários sobre o mundo em que vive. 

O personagem de Cauã Raymond se perde na história. Aos poucos o público vai se distanciando do entendimento e da necessidade dele para a história. O desfecho é o de um Viking Espadachim completamente insano que não agrega qualquer sentido à trama - já é o segundo longa nacional do ano em que aparece uma espada gigante (a la ‘Kill Bill’) sendo manipulada por um dos personagens.

Rafaela Mandelli combina com a atmosfera Noir. Suas expressões e seu jeito de conduzir Amélia Castanho se destacam, o que faz a personagem permanecer em evidência praticamente em todas as cenas.
Rodrigo Santoro aparece pouco em sua interpretação de Roni Rato, um vigarista, ex-cafetão e viciado, cuja importância para a trama beira a inexistência.

Vale destacar também Otavio Muller e seu Major Esdras que possui boas sequências com o personagem de Selton Mello, em cenas que chegam a ser um Oásis para o espectador.

Ou seja, pôde-se perceber que talvez a pressa tenha atrapalhado um pouco essa produção que estréia dia 17 de fevereiro em muitos cinemas no Brasil. E que não reste dúvida: filmar em pouco tempo é um risco! 
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22/01/2012

Crítica do filme: 'O Acompanhante'

Com um roteiro bastante afiado (mesmo sendo um pouco complicado), assinado por Paul Schrader (um dos roteiristas do fantástico ‘Touro Indomável’), nos surpreendemos a cada cena, entre os bons diálogos que o personagem principal possui. A trama é envolvente, temperada com pitadas de clima Noir. Para dar vida ao protagonista, um veterano artista que sempre surpreende com seus personagens fantásticos, tornando essa fita um caso onde a interpretação chama mais atenção do que o filme propriamente dito.

A história é focada em Carter Page III que é uma espécie de playboy que tem como passatempo preferido acompanhar mulheres (com esposos importantes) na compra de um tapete ou simplesmente em partidas de baralho. Ele vive em clima de romance com um paparazzi da cidade. Quando é envolvido em um caso de assassinato, exatamente por confiar demais em uma dessas mulheres que sempre está junto, tem que provar sua inocência custe o que custar.

Woody Harrelson praticamente toma ao filme para ele. Entre um diálogo melhor que o outro seu personagem, debochado por si só, rouba a cena sempre que aparece. O modo de falar e o jeito de se expressar são muito bem conduzidos pelo grande ator em cada tomada. ‘O Acompanhante’ é um dos melhores trabalhos do artista americano.

Kirsten Scott Thomas é a coadjuvante de luxo. Sempre faz a alegria de cinéfilos, com ótimas atuações em seus personagens enigmáticos e cheios de sentimentos guardados (na maioria dos casos). Dessa vez não é diferente, sua personagem Lynn Lockner possui a chave para o entendimento completo da história. Coloca o personagem de Harrelson em uma trama que não sabemos se é de propósito ou por defesa. É um grande conflito que é levado até o desfecho, bastante simbólico, da fita dirigida por Paul Schrader

É um longa que reúne ótimas atuações, esquecidas nos imensos acervos de algumas das melhores locadoras de sua cidade. Alugue e comprove! Recomendado!
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19/01/2012

Crítica do filme - 'J.Edgar'

Em uma época onde a Informação é poder, Clint Eastwood constrói os caminhos para nos mostrar a vida e a mais importante realização do criador do FBI, J.Edgar Hoover. Aos poucos vamos andando pelos grandes fatos da história americana. Impulsivo e muitas vezes difícil de lidar, J.Edgar é interpretado por Leonardo DiCaprio. A obsessão pelo trabalho e as idéias criadas para o mesmo, além de outras características, mereciam ser adaptados para a telona. Mas será que valeu a pena?

Na trama, que conta com o roteiro de Dustin Lance Black (‘Milk’), mostra a longa trajetória do criador do Federal Bureau Investigation (FBI), J.Edgar Hoover, e os anos 48 anos de serviços prestados à órgãos federais americanos. Com o auxílio de lembranças, já que somos apresentados no início à um J.Edgar idoso e escrevendo sua biografia, percebemos o quão conturbada foi a vida desse homem. Quando o Sr. Tolson entra na história à trama ganha contornos emotivos e inesperados. Adepto de vitaminas após certa idade, encara difíceis perdas, e nesse ponto é onde o personagem mais cresce.

O foco do novo trabalho de Clint Eastwood era a vida pessoal desse complicado personagem. O grande ponto a se analisar, a partir dessa premissa é: Se o foco era esse, porque a trama parece ser tão superficial quando olhamos para a vida íntima dele?

É uma atuação muito segura e convincente de DiCaprio. O ‘veterano jovem ator’, pega com maestria os trejeitos e o modo de falar desse conturbado personagem da história americana. A personificação de sua mãe, vestido com as roupas daquela que foi sempre sua leal companheira é um momento marcante na história do personagem. Com repetidas frases de ódio ao acontecido, pronuncia sem parar “Eu mato tudo que amo”... Ali vemos que o artista cresce e se torna o grande ponto alto da interpretação do ator americano que já foi namorado da Top Model Gisele Bundchen.

O restante do elenco também esbanja competência nessa trama de altos e baixos.

Naomi Watts aparece bastante com sua Helen Gandy, tinha tudo para ser a mulher da vida do personagem título (se essa fosse a preferência dele), é leal e tem papel interessante no desfecho da trama. Judi Dench é a mãe de J.Edgar, Anna Marie Hoover, uma mulher recheada de princípios ligados à moral e os bons costumes, atrapalha bastante a mente conturbada de seu filho, é uma barreira para assumir sua homossexualidade. Armie Hammer divide com DiCaprio a maioria das cenas importantes dando vida ao Sr. Tolson e tem uma atuação bastante interessante (às vezes ofuscando o próprio protagonista), merecia ter sido lembrado nas premiações desse ano.

Mesmo com algumas observações, vale à pena conferir a trajetória marcante do homem que tinha o sonho de ter a eterna admiração do seu país. Dia 27 de janeiro na sala de cinema mais próxima de sua casa!
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18/01/2012

Crítica do filme - 'Viúvas'


Após o ótimo 'Elsa e Fred', o diretor argentino Marcos Carnevale volta às telonas com um longa que fala sobre uma relação incomum que acontece por conta de uma tragédia. A temática familiar e toda as conseqüências de uma traição de anos é levado ao público de maneira, às vezes, pouco convincente.

Elena vive uma vida tumultuada gravando a todo instante, emendando um trabalho atrás do outro. Ela é documentarista, casada há anos e ama muito o marido. Quando o mesmo sofre um acidente, é conduzido ao hospital por uma outra mulher, Adela. Já sabendo que aqueles serão seus últimos momentos em vida, o marido pede à Elena uma coisa muito difícil, para que cuide da amante mais jovem dele. A partir daí uma relação dramática e de descobertas vai contornando a fita.

A relação entre as duas personagens centrais dessa trama é bastante peculiar. Elena (Graciela Borges) é uma cineasta documentarista e evita a presença da amante mais jovem de seu marido (logo após saber da existência dela), Adela (Valeria Bertuccelli), que em seu ponto de vista, tenta descobrir uma maneira de entrar na vida da esposa de seu grande amor e assim conhecer melhor a vida do homem por quem se apaixonou.

O filme possui alguns exageros, principalmente na parte dramática da história, e que muitas vezes fazem o público se distanciar da história. Aconselho a ver o filme sabendo que não é o melhor longa de Marcos Carnevale, nem a melhor fita Argentina que já se fora feita. A baixa expectativa pode fazer com que você curta esse trabalho.

É uma história que poderia ter sido melhor contada e encenada. Não ficará no meu top 20 de filmes argentinos do ano, tenho certeza.
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17/01/2012

Crítica do filme - 'Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres'

Com direito a muita Coca-Cola e Mc Lanche Feliz, David Fincher retorna ao comando de um longa metragem de forma magistral (seu último trabalho tinha sido ‘A Rede Social’), conseguindo reunir elementos que conseguem agregar sem mudar o foco da intrigante, envolvente e muito objetiva história de Stieg Larsson. Fincher consegue o improvável, criar um remake tão bom quanto à fita original sueca.

Na história, uma jovem desapareceu em uma ilha da Suécia, há mais de 30 anos atrás sem deixar rastros. Seu tio ainda pensa nela todos os dias e resolve reabrir a investigação e chama o jornalista investigativo Mikael Blomkvist para ser o encarregado por essa nova busca. Mikael está passando por um momento ruim, sendo processado por difamação e calúnia e como não tem muito mais a perder resolve aceitar o caso com o acordo de que iria conseguir provas para provar a verdade sobre o caso que está sendo processado. Como sozinho Mikael não consegue andar muitas casas, resolve procurar uma assistente para ajudá-lo a desvendar esse mistério. Aí que entra na história Lisbeth Salander, uma garota muito inteligente que sofre com um passado de tristezas e um presente de abusos por conta de ter a sua custódia vinculada ao Estado.  Juntos vão descobrindo aos poucos que a família da desaparecida é o centro de tudo.

A trama é grande e cheia de detalhes (O filme fica muito mais fácil de se entender, caso já tenha visto a versão original ou tenha lido o livro.), na primeira parte as histórias de Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander correm em paralelo mostrando a vida de cada um desses personagens e como esses dois destinos se juntam. Tudo é muito bem feito, sequencialmente em seu tempo. Méritos para o ótimo roteirista Steven Zaillian (que fez o roteiro do aclamado ‘A Lista de Schindler’). Nos momentos tensos a trama cresce, o desconforto que propõem algumas cenas dão espaço para o brilhantismo do diretor e seu elenco.

Todos os atores estão bem e elevam a qualidade da fita.

Lisbeth Salander é um dos personagens literários (que foram adaptados para às telonas) mais marcantes e interessantes de todos os tempos. Para essa difícil missão, que fora cumprido com maestria pela atriz sueca Noomi Rapace na primeira versão, David Fincher chamou a jovem de 26 anos, Rooney Mara. A escolha não poderia ter sido mais certeira. Desde os primeiros takes percebemos que Mara consegue pegar a essência de sua personagem além de deixar a sua marca em cada cena que participa. A jovem atriz americana foi indicada ao Globo de Ouro esse ano por esse trabalho e, senão fosse a grande concorrência desse ano, poderia facilmente figurar entre as cinco indicadas ao Oscar.

Christopher Plummer sempre muito bem, no desfecho da trama comove e emociona com os sentimentos verdadeiros de seu personagem (deve vencer o Oscar nesse ano pelo maravilhoso trabalho no filme ‘Toda Forma de Amor’).

Daniel Craig, o atual James Bond, não inventa muito na pele do personagem principal Mikael Blomkvist. Faz aquele famoso ‘feijão com arroz’ e não compromete em nenhum momento. Tinha que mostrar ao público um pouco de paixão pela arte após a péssima atuação como Will Atenton, no tenebroso ‘A Casa dos Sonhos’ de Jim Sheridan.

Com uma abertura sensacional e uma trama que se conecta com o público ao longo dos 158 minutos de duração, ‘Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres’, é um prato cheio para os amantes da sétima arte! Dia 27 de janeiro, corra para o cinema e descubra o final dessa história!

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Crítica do filme - 'O Porto'

O representante da Finlândia, na tentativa de conseguir uma vaguinha no Oscar, trás um tema que já vimos nas salas de cinema esse ano, a problemática da imigração. Reunindo um elenco experiente e com uma condução do diretor finlandês Aki Kaurismäki bastante interessante, ‘O Porto’ tem muitas chances de ser indicado ao Oscar esse ano.

Na história, Marcel Marx um homem na faixa dos 60 anos de idade, vive uma vida simples trabalhando como engraxate, mora com sua mulher e sua cadelinha Laila. Sua pacata vida muda completamente com a chegada de Idrissa, um jovem imigrante ilegal que está precisando de ajuda para fugir da polícia que está atrás dele. Marcel e seus vizinhos decidem ajudá-lo a encontrar um familiar que mora em outro país e para isso enfrentam a força policial e o Comissário Monet que está encarregado do caso.

Uma relação paternal é vista pelos espectadores desde o início. Entre um cigarro e outro, o personagem principal dá a impressão de não se importar com o mundo até a chegada de Idrissa. Essa relação realmente muda essa primeira impressão. O longa é muito parecido, sua trama, com a produção italiana (que também tenta uma vaga entre os cinco filmes no Oscar deste ano) ‘Terraferma’.

O Comissário Monet é o personagem mais intrigante de toda a trama. Ele fica com um abacaxi para descascar quando o prefeito da cidade pede para ele ser o encarregado em achar o imigrante que fugiu do contêiner. Não sabemos se ele vai ou não ajudar em algum momento, deixando todos surpresos com o papel dele no desfecho da história. É uma ótima interpretação do ator francês Jean-Pierre Darroussin.

Mais nem tudo são flores, a lentidão e um certo vazio em algumas sequências podem atrapalhar a interação com o espectador.

É um prato cheio para todos que curtem os filmes denominados ‘cults’ e esse vem com uma novidade, um Rock and Roll idoso sensacional. Corra e confira! Dia 20 de janeiro nos cinemas!
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14/01/2012

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Crítica do filme - 'As Mulheres do Sexto Andar'

Com uma simpática trama e personagens carismáticos, o diretor ___ apresenta seu novo trabalho, ‘As Mulheres do Sexto Andar’. Contando com mais uma ótima atuação do veterano ator francês Fabrice Luchini (‘Confidências Muito Íntimas’), essa grata surpresa da terra dos perfumes vai fazer muito sucesso nos nossos cinemas a partir do dia 30 de janeiro.

Um homem de meia idade e sua ‘madame’ moram com os filhos em Paris, no início da década de 60. O casal mora em um prédio onde no sexto andar dormem todas as empregadas domésticas da vizinhança. Quando mandam a sua empregada (de anos na família) embora, resolvem contratar uma mais nova, recém chegada, de origem espanhola. Assim, um mundo novo começa a aparecer para o personagem principal desta história.

O personagem principal, Jean-Louis Jouberté é um homem detalhista e muito tradicional, infernizou a vida das duas empregas que teve para ter um ovo quente perfeito, segundo ele: “Um ovo perfeito e o dia será muito bom”. Exageros à parte, aos poucos, vai começando a entender melhor o drama daquelas mulheres que trabalham muito e nunca faltam ao serviço, que moram no mesmo prédio dele e o mesmo nem sabia. A cada novo drama com alguma delas, o agora bondoso e bem visto senhor ajuda a superar todos os problemas. Até na hora de investir o dinheiro, o economista faz com que todas entendam sobre o assunto e sejam ferrenhas leitoras das colunas financeiras dos jornais. Dança, canta e se apaixona e percebe que a felicidade estava mais perto do que imaginava.

‘O biquíni de bolinha amarelinho tão pequenininho de Ana Maria’ (em versão francesa, obviamente) é pano de fundo para uma cena bem legal logo no primeiro dia de trabalho da carismática Maria. A ótima trilha do longa é assinada pela chileno Jorge Arriagada.

Recomendo com louvor essa fita francesa animada e divertida, afinal, todos nós precisamos encontrar um sexto andar! 
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12/01/2012

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Dois Coelhos - Crítica de filme

Você já parou para pensar sobre o sentido de sua vida? O novo trabalho do diretor Afonso Poyart nos faz refletir sobre a sociedade e as conseqüências de nossos atos, através de seu personagem principal que possui um plano mirabolante para matar dois coelhos com uma cajadada só. Contornando a rota de colisão entre corruptos e criminosos, o longa aborda uma temática atual e possui muitos efeitos nas suas sequências de ação, com direito a cenas à laSucker Punch’ e outros filmes do gênero.

Na trama, um justiceiro nerd (Edgar, interpretado por Fernando Alves Pinto) elabora um plano nada trivial para acabar com bandidos e profissionais corruptos utilizando muita tecnologia. Aos poucos, vemos seus segredos sendo revelados montando assim um quebra-cabeça engenhoso, com um final surpreendente.

O roteiro boomerang tenta deixar todas as lacunas preenchidas, uma pena que chega a ser confuso em determinados momentos. A história vai se formando aos poucos, é muita informação no início do filme, isso atrapalha a ligação com o espectador.

Os personagens que contam essa história são bem ecléticos.

Francisco Alves Pinto tem a missão de dar vida à Edgar, nerd desde os tempos da escola, altamente ligado em vídeo-games e tecnologia. Conforme vamos conhecendo-o percebemos que um ato errado no passado pode mudar todo o sentido de sua vida.  Tem uma relação bastante próxima com todos os personagens da trama.

A personagem Júlia (Alessandra Negrini) é bastante referenciada. Promotora duvidosa, ‘Portadora’ da Síndrome do Pânico, faz uso de medicamentos fortes (sim, aquele remedinho bem famoso é citado em uma das cenas), está grávida e conhece o personagem principal num consultório médico.

Como toda boa trama de ação tem que ter um vilão competente, nesse caso a responsabilidade fica com Marat Descartes (que fez o ótimo ‘Trabalhar Cansa’) que interpreta Maicom, bandido cruel que adora perturbar suas vítimas com uma espada (bem parecida com aquele de ‘Kill Bill’). Completa o vértice do triângulo amoroso que se forma.

O trailer dessa produção rodou pela internet e agradou à muitos cinéfilos, fato que gera grandes expectativas. Isso, às vezes, pode se tornar uma coisa negativa se a fita não corresponder às expectativas que cada um criou. O filme também abusa dos efeitos. O grande barato dessa produção são as técnicas utilizadas na hora da ação, porém, como isso vira prática freqüente durante os 108 minutos de fita algumas pessoas podem sentir-se incomodadas. Exageros à parte... Vale pela originalidade.

Muito bom conhecermos novas idéias e diretores que seguem uma convicção, que acreditam ser o ideal para contar uma boa história.

Uma trama original e um desfecho explosivo aguardam o público nos cinemas a partir do dia 30 de janeiro.  
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11/01/2012