31/01/2012

Crítica do filme - 'Viagem 2 – A Ilha Misteriosa'

Com muitas cenas de ação, clichês, endeusamento de jovem atriz, abelhas voadoras, aranhas gigantes, pequenos elefantes e outros, chega aos cinemas no dia 03 de fevereiro o novo trabalho do canadense Brad Peyton, “Viagem 2 – A Ilha Misteriosa”. O filme é feito para o público infantil/adolescente e conta com a ilustre presença do vencedor do Oscar, Michael Caine, com um figurino ao melhor estilo “Indiana Jones”, interpreta Alexander Anderson, avô do jovem aventureiro e personagem principal da trama.

Na história (que começa com o ótimo som de Green Day), somos apresentados ao adolescente rebelde Sean Anderson que vai em busca de informações sobre um certo sinal, que chega até ele para ser decifrado. Com a ajuda de seu padrasto Hank, que tenta uma aproximação para ser o pai que ele não tem, descobre que esse sinal é o de uma ilha misteriosa onde tesouros, aranhas gigantes e pequenos elefantes existem. Para conseguir chegar até lá, Sean e Hank contam com a ajuda de um piloto de helicóptero e sua linda filha.

O protagonista, vivido por Josh Hutcherson, parece um Wikipédia ambulante”, sabe todas as informações sobre tudo de esquisito que aparece em cena e vai guiando o espectador para dentro daquele novo universo. O grande trabalho de Hutcherson que os cinéfilos querem ver esse ano é o longa “Jogos Vorazes”, onde dará vida ao importante personagem Peeta Mellark.

Dwayne Johnson, ou como preferir, ‘The Rock’, e seu ‘punho demolidor’ é Hank. Tem uma cena bizarra onde mexe os músculos e joga uma espécie de ping-pong com o peito. Totalmente desnecessário. Mas não é só isso. Com a teoria de que música é um analgésico natural, The Rock, pega um pequeno instrumento (que nas mãos dele quase some) e emenda uma melodia ao som de What Wonderful World... o quê Louis Armstrong estaria pensando se visse uma cena dessas?

Luiz Gusmán dá um show na pele de Gabato. Seu personagem consegue boas cenas, com frases hilárias, e acaba se tornando um dos pontos positivos da fita.  A filha de Gabato, Kailani, é interpretada por Vanessa Hudgens que é bastante endeusada durante todo o longa.

Percorrendo a história baseada na aventura escrita por Julio Verne, viajamos em fatos, figuras e menções a alguns clássicos da literatura. É um filme que tenta ser dinâmico na onda do 3D mas esbarra em pequenos exageros, não duvide se daqui a alguns anos esse filme for figurinha carimbada na sessão da tarde. 
Continue lendo... Crítica do filme - 'Viagem 2 – A Ilha Misteriosa'

Crítica do filme - 'Livre para Voar'

A fita inglesa ‘Livre para Voar’ é um drama que mostra um peculiar relacionamento de amizade entre duas almas em fúria, por circunstâncias da vida. O filme conta com a ótima direção de Paul Greengrass (‘O Ultimato Bourne’) e tem no elenco dois grandes artistas que juntos em cena elevam a qualidade do longa. Uma grata surpresa direto da terra da Rainha.

O longa, que foi lançado em janeiro de 1999 nos EUA, conta a história de Richard um sonhador que é fascinado por aviação. Um certo dia, decide tentar voar (com uma bugiganga inventada por ele) no prédio onde trabalha sua namorada; o desfecho é de um total fiasco. Após o ocorrido, perde a namorada e começa a ter uma crise emocional muito forte e decide se mudar de Londres (cidade onde residia). Em um novo lugar, cheio de montanhas, dedica-se à algumas horas de serviços comunitários (para compensar o incidente do Vôo). Assim, entra em sua vida Jane Hatchard, uma jovem de apenas 25 anos que possui uma doença degenerativa. A função de Richard agora é cuidar dessa jovem e aos poucos uma grande amizade vai sendo criada mesmo após um pedido peculiar da corajosa jovem.

As atuações do elenco preenchem cada lacuna de seus personagens amargurados.

Kenneth Branagh interpreta o protagonista Richard. Exalando competência e carisma, transforma seu personagem num alegre sonhador e possui ótimos diálogos com Jane Hatchard. Essa última é interpretada pela talentosa (e às vezes esquisita) Helena Bonham Carter, nesse filme prova mais uma vez que é uma das grandes atrizes inglesas de sua geração. Um papel extremamente difícil que aos poucos vai comovendo o espectador. Os dois juntos, tem cenas maravilhosas em diálogos cômicos e às vezes com uma carga emocional pesada. Vale lembrar também das ótimas coadjuvantes: Gemma Jones e Holly Aird, que fazem um belíssimo trabalho com suas personagens.

Você vai rir, se emocionar e alugar com certeza esse maravilhoso trabalho que tem o roteiro assinado por Richard Hawkins.   
Continue lendo... Crítica do filme - 'Livre para Voar'

30/01/2012

Crítica do filme - 'Boy Wonder'

No primeiro trabalho do diretor Michael Morrissey no mundo do cinema, ‘Boy Wonder’, relata o estrago que um trauma no passado pode fazer na mente de uma pessoa. O filme, que fala sobre a busca de vingança e atos heróicos, lembra em alguns aspectos ‘Defensor’ e ‘Kick-Ass’, só que não tem um pingo de comédia, é bem puxado para o lado do drama e do caos psicológico de seu protagonista.

O papel principal foi dado ao ator Caleb Steinmeyer, que entre os poucos trabalhos que fez, interpretou John Locke (aos 16 anos) no seriado ‘Lost’, em um dos mais famosos episódios da série, ‘Cabin Fever’. Sua atuação é muito segura e consegue passar a atmosfera perturbadora que o adolescente aflora, principalmente no desfecho da trama. É o primeiro trabalho de Steinmeyer nos cinemas, começou com o pé direito.

Na trama, acompanhamos a trajetória de vida de Sean Donavan. À primeira vista, um menino muito bom, que é um aluno exemplar e querido por todos. Porém, por trás desse ‘modelo de adolescente’ existe um ser humano amargurado e obcecado por vingança. Quando era pequeno, viu sua mãe ser brutalmente assassinada dentro de um carro e essa imagem nunca sairia de sua cabeça. Consegue a amizade de um policial, que foi o encarregado das investigações sobre o ocorrido com sua mãe, e passa a frequentar a delegacia atrás de pistas sobre o assassino dela. À noite, quando todos dormem, ele faz justiça com as próprias mãos utilizando apenas um casaco com capuz e algumas noções de artes marciais. Com a desconfiança de uma nova policial, transferida de outro distrito, o plano de Sean fica prestes a ser descoberto.

A relação com seu pai é conturbada, há uma desconfiança evidente em suas ações, mesmo com as inúmeras tentativas de aproximação do pai. Aos poucos vamos descobrindo que por conta de problemas no passado (principalmente com a mãe Sean) o relacionamento entre os dois chegou a esse ponto. O desfecho chega a surpreender e vemos toda uma descarga emocional ser despejada de maneira fria e calculista pelo personagem principal. A obsessão pela vingança é o principal sentimento que nutre na mente do protagonista.

O longa, que tem o roteiro assinado pelo próprio diretor, peca na composição dos personagens. Tinha tudo para ser um filme no estilo ‘Thriller Psicológico’ mas acaba caindo nos clichês, principalmente pela falta carisma e função em muitas peças do elenco, principalmente na policial Teresa Ames, interpretada pela colombiana Zulay Henao.

É um filme que possui uma trama pouco envolvente e com alguns personagens que pouco somam à história, porém, retrata muito bem o lado psicológico e as conseqüências avassaladoras na vida de uma mente perturbada. Recomendo!
Continue lendo... Crítica do filme - 'Boy Wonder'

29/01/2012

Crítica do filme - 'A Better Life'

Um filme aclamado pela crítica lá fora, surpreendeu os cinéfilos tendo sido indicado na categoria ‘Melhor Ator’ (Demián Bichir) no Oscar desse ano. A fita fala sobre a problemática dos imigrantes ilegais de forma bem emocionante aos olhos de Carlos Galindo (Demián Bichir), um mexicano que vive com seu filho adolescente Luis Galindo (José Julián) em uma cidade americana. O medo de ser deportado (por estarem ilegais naquele país) e os sonhos de uma vida melhor tomam conta da trama, que tem o roteiro assinado por Eric Eason baseado na história de Roger L. Simon.

Fato a ser analisado mais de perto é a relação de pai e filho em meio às situações que a história coloca. No começo, vemos um pai trabalhador sonhando algum dia dar uma vida melhor ao seu filho. Esse último namora uma jovem que é parente de um temido criminoso, de uma gangue da região. Pai e filho são distantes, muito por conta do jovem que parece não gostar muito do homem que cuidou dele durante toda a vida. A grande virada nessa história se dá quando a Família Galindo tem seus novos pertences roubados, a partir daí, a relação muda e ambos percorrem vários lugares procurando o que havia sido perdido e acabam descobrindo uma maneira de se comunicarem melhor.

O ator mexicano Demián Bichir talvez tenha sido a grande surpresa do Oscar 2012 com sua indicação pelo seu papel nesse filme. Realmente é um trabalho muito interessante do artista de 48 anos. Dá o tom amargurado e passa uma verdade em seus tensos diálogos com o filho. Mereceu ser indicado ao prêmio pela academia. Outro destaque vai para José Julian e seu Luis Galindo. O jovem ator mostrou muita personalidade na pele do complicado personagem e emociona nos momentos finais da trama.

O longa dirigido por Chris Weitz (que estava na direção de um dos filmes da franquia dos vampiros, ‘A Saga Crepúsculo: Lua Nova’) não é o melhor filme com a temática ‘Imigração’ já feito.  Recentemente teve um longa chamado ‘O Visitante’ (que tem uma atuação magistral de Richard Jenkins) que ainda considero o melhor com essa temática feita nos últimos anos.

Mesmo não sendo o melhor filme de drama feito recentemente vale à pena conferir a saga da Família Galindo por uma vida melhor. Não deixe de conferir ‘A Better Life’!
Continue lendo... Crítica do filme - 'A Better Life'

Crítica do filme - 'O Pacto'

Em um filme confuso, que tenta surpreender (naufragando nesse quesito), o diretor australiano Roger Donaldson (de ótimos longas, como: ‘Efeito Dominó’ e ‘Treze Dias Que Abalaram o Mundo’) reúne um elenco conhecido para contar esse Thriller que não deve agradar a maioria do público cinéfilo.

Na trama, um professor do ensino médio vive uma vida feliz e apaixonada com uma musicista loira, muito bonita. Até que um dia a paz e a felicidade deles é abalada. Quando está indo para casa após um ensaio, a mulher é atacada e violentada por um criminoso. Confuso e desnorteado, o marido aceita receber ajuda de um homem misterioso (para uma espécie de vingança encomendada) sem saber direito onde estava se metendo.

Nicolas Cage continua deixando os cinéfilos com dor de cabeça, com filmes que nem de longe lembram clássicos de sua filmografia, como: ‘Adaptação’, ‘Despedida em Las Vegas’, ‘O Senhor das Armas’

January Jones mais uma vez muito fria em um papel, sem saber demonstrar emoção. Já é o segundo trabalho dessa atriz (muito bonita, diga-se de passagem) que seu personagem não consegue passar veracidade, com suas emoções ao público (o primeiro foi em ‘O Desconhecido’). Guy Pearce aparece como o vilão e tenta dar um algo a mais para a embolada história, infelizmente não consegue levar o filme nas costas.

No elenco, nomes conhecidos do público que acompanha seriados americanos.

Harold Perrineau (ex- ‘Lost’) faz o melhor amigo do personagem de Cage, tem importância fundamental para o desfecho da trama. Jennifer Carpenter (do seriado de sucesso ‘Dexter’) aparece muito pouco e tem raríssimas falas, poderia ter sido melhor aproveitada e a história mais focada na amizade com a personagem de Jones.

O grave problema que o longa apresenta é a questão da ‘teoria da conspiração’ evidenciada a cada passagem de minuto da fita. Explicando: de repente todos os personagens que aparecem fazem parte da tal organização (que corre em paralelo do mundo da polícia e da justiça) e não é explicado o sentido dessa irmandade. As informações chegam sem nenhum propósito e o espectador fica refém de uma história sem fundamento.

O que muitos amantes da sétima arte temiam acontece: Cage erra de novo!
Continue lendo... Crítica do filme - 'O Pacto'

27/01/2012

Crítica do filme - 'A Dama de Ferro'

O esperado longa da inglesa Phyllida Lloyd, ‘A Dama de Ferro’, é um filme irregular em sua montagem, porém, com boas atuações. No papel principal, a número um das mais queridas atrizes do cinema atual, a “Pelé de saias da sétima arte”, Meryl Streep, em uma atuação que deve dar a ela o seu terceiro Oscar.

Em seu início somos apresentados a uma Margaret Thatcher fraca, já idosa e que vive praticamente solitária, sob vigilância rígida de seus empregados e da sua filha. A luta para combater suas alucinações são constantes (no desfecho ‘metafórico’ é encontrado uma solução para esse caso, lembra um pouco Russell Crowe e seu John Nash em ‘Uma Mente Brilhante’) nem parecia aquela famosa mulher, figura controversa do cenário político britânico, que ficou 11 anos no poder.

Ao longo dos 105 minutos de fita, através de lembranças, vamos conhecendo aquela forte personalidade (cheia de ‘caras e bocas’) que escreveria para sempre seu nome na história. Desde sempre, possuía um repertório de frases de efeito, tinha carisma e o dom da prosa. Para ter êxito em sua caminhada política, tem que abandonar o papel de mãe para assumir o poder de uma nação grandiosa. Deixando o chapéu de lado, aulas de postura e outras dicas são ministradas pelos seus assessores, tudo para moldar a nova governante. 
Seguindo o conselho de seu pai, trilhou o seu caminho vitorioso, triunfando em uma posição dominada pelos homens. Tornou-se Líder do Partido Conservador e assumiu o Status de Primeira Ministra Britânica (a única mulher no posto até hoje), enfrentando em seu mandato: problemas com a Argentina, com o desemprego em alta, com o IRA e um sentimento às vezes dividido, em relação à ela, de sua nação.

Todos os atores (de todas as fases da vida de Thatcher) fazem elevar o nível da fita em cena.

Jim Broadbent é um coadjuvante de luxo. O veterano ator inglês interpreta Denis Thatcher, fiel marido da mulher de punho firme que dá vida à trama, tem ótimos diálogos e atua com bastante naturalidade de forma firme.

Meryl Streep é um caso raro na história do cinema. Tem mais uma atuação sensacional. Todos os elogios são poucos para expressar o quão excelente foi esse trabalho. Por debaixo daquela maquiagem pesada, às vezes apenas mexendo o olho, vemos que ela tenta a todo o momento se conectar com o espectador. Merece levar o Oscar mais uma vez.

Com o discurso “Se quiser mudar o partido, lidere; Se quiser mudar o país, lidere” e executando-o à risca, Margaret Thatcher é uma figura importante do século passado e você cinéfilo: precisa ver essa história! Que conta com uma interpretação de gala da atriz preferida de vários amantes da sétima arte. Dia 17 de fevereiro nas salas de cinema de todo o Brasil.

Continue lendo... Crítica do filme - 'A Dama de Ferro'

Crítica do filme - ‘Meu Primeiro Casamento'

Dirigido por Ariel Winograd, ‘Meu Primeiro Casamento’ é um filme argentino de comédia que fez um tremendo sucesso ano passado, conseguindo o posto de número um no ranking dos hermanos, em relação à bilheteria. Lembra a dinâmica e as sucessivas confusões que ocorrem em filmes como: ‘Morte no Funeral’ (filme inglês de comédia) e outros. Pena que é recheado de clichês americanos.

Na trama, um homem e uma mulher, no dia do casamento deles, se metem em diversas confusões que começam com a perda do anel por uma das partes. Fora isso, dois amores do passado (Mica e Miguel Ángel) tentam confundir os sentimentos dos noivos. A primeira foi um rápido romance que o noivo teve há tempos atrás. Já o segundo, é um ex-professor da noiva, na Universidade de Buenos Aires, que dá em cima dela descaradamente durante toda a festividade. A abertura trivial e original (muita criatividade de quem produziu) é feita através de tirinhas de quadrinhos e que acabam entregam um pouquinho da história, que tem o roteiro assinado por Patricio Vega.

Leonora é a noiva. Ama seu noivo mas dá a entender que no fundo, desconfia se ele é o cara certo para ela. Seus impulsos aos pensamentos de Lacan misturados ao seu gênio forte ficam claramente expostos em muitas cenas, principalmente quando começa a perder o controle da situação. Natalia Oreiro, a intérprete de Leonora, é um colírio para os olhos cinéfilos.

Daniel Hendler é Adrián Meier, o noivo. Rapaz muito atrapalhado que compromete todo o dia festivo (seu casamento, no caso) após um ato de tremenda ingenuidade. Conta com a ajuda de seus primos para recuperar o objeto precioso perdido (isso tudo durante a festa).

Longe das confusões que rolam no sítio aonde acontece a festança, um padre e um rabino estão à caminho da cerimônia, já que cada personagem quer a presença religiosa que são adeptos na hora de dizer o tão sonhado ‘sim’. Como se perdem no meio da estrada, um papo religioso longo é bastante cômico e provocativo ocorre entre os religiosos. É um dos pontos altos do longa, sem dúvidas!

O filme estréia por aqui no Brasil dia 16 de março. Diverte, mas sempre esperamos muita originalidade nas produções dos nossos hermanos, fato que não ocorre com essa fita.
Continue lendo... Crítica do filme - ‘Meu Primeiro Casamento'

25/01/2012

Crítica do filme - 'L'Apollonide - Os Amores da Casa de Tolerância'

O novo trabalho do diretor Bertrand Bonello retrata os momentos glamurosos e a decadência de L'Apollonide, uma casa de prostituição que possui bastante popularidade entre os homens da França em 1899. O grande problema de filmes com essa temática é o diretor ‘perder a mão’ da produção e escandalizar com o corpo das atrizes e os enquadramentos em cena. Isso não ocorre nessa produção, não há nudez desnecessária nesse longa.

Com uma ótima música de abertura, somos apresentados a algumas mulheres que vivem nesse belo casarão. Fora as aventuras sexuais, muita bebida e histórias (das mais diversas e peculiares possíveis) são contadas ao longo dos 125 minutos de fita.

As mulheres são muito carinhosas umas com as outras, uma relação de irmandade é visto em cada cena. Entendemos um pouco melhor da vida dessas prostitutas, e sua posição na sociedade no final do século 19, com a chegada de uma jovem que mandou uma carta solicitando permissão para trabalhar no lugar. Através dos olhos de Pauline vamos entendendo como é o dia a dia da vida naquele lugar.

Gostos peculiares dos clientes ganham contornos cômicos em meio ao drama da fita. Alguns são viciados em Champagne e gostam de ter relações em uma banheira cheia dessa mesma bebida, outros gostam de encenar ter relações com uma boneca (nesse caso, a prostituta escolhida imita uma). E assim, elas vão se revezando e satisfazendo cada um dos amantes.

A personagem que se destaca é Medeleine (interpretado por Alice Barnole), que tem sua rotina quebrada por uma maldade que um de seus clientes fez (maldade à la Coringa do ‘Batman’, vejam o filme que vocês vão entender). A vingança vem com a ajuda de suas amigas e um animal feroz, já no desfecho do filme que tem o roteiro assinado pelo próprio diretor .

A narrativa lenta não agradará parte do público mas é um filme que possui uma trama que tenta envolver, ótimas atuações e uma direção quase impecável de Bonello. A partir de Fevereiro nos cinemas do Rio de Janeiro.

Continue lendo... Crítica do filme - 'L'Apollonide - Os Amores da Casa de Tolerância'

Crítica do filme - 'Os Descendentes'

Com um drama familiar repleto de bons personagens com um paraíso tropical como pano de fundo, Alexander Payne (‘Sideways’) comove o público com a história de um homem em busca de um recomeço após uma série de acontecimentos que mudarão sua vida e a de sua família para sempre.

Matt King é um homem com muitas decisões nas mãos. Vive no Havaí, sustenta sua família com seu trabalho de advogado e seu uniforme de trabalho é Short, chinelo e camisa florida. Tem uma vida que muita gente pede a Deus. Mas não é bem assim, a situação dele não é tão boa como parece: a mulher está internada, ele não consegue se entender com suas duas filhas, os primos o pressionam para vender as terras da família (de olho na bolada do negócio) e acaba descobrindo que a mulher estava em um caso extra-conjugal com o salsicha (personagem de trabalhos anterior do ator Matthew Lillard).

George Clooney tem uma atuação muito boa. Foi bastante elogiado por críticos de todo o mundo. Com esse personagem bastante real, comove e transporta o espectador para dentro da tela. Não sei se é o melhor trabalho dele mas está entre os grandes papéis do veterano ator com certeza. Ganha o Oscar com a cena de despedida à esposa na cama do hospital.

O relacionamento do personagem principal com suas duas filhas é péssimo. Não sabe ser mãe e acaba muitas vezes não sendo pai. A situação melhora com a inclusão de um personagem inesperado que dá um grande ritmo à trama. Sid é hilário. Acompanha a família em todos os lugares. Tem cenas impagáveis com o sogro de Matt King. Esse personagem é um ponto fundamental para o sucesso de público e crítica desse longa que é baseado no livro de Kaui Hart Hemmings. Méritos também para o jovem ator Nick Krause.

Alexander Payne sabe contar um drama comovente, sempre tem uma maneira de amarrar o público com suas doses de emoções cirúrgicas.  A história é narrada com a ajuda de um visual sensacional de um dos lugares mais bonitos dos EUA.

O ouvido cinéfilo é premiado com a participação super especial de Morgan Freeman já na subida dos créditos.

A partir do dia 27 de janeiro, o público se emocionará, se divertirá e sairá feliz das salas de cinema de todo o Brasil.
Continue lendo... Crítica do filme - 'Os Descendentes'

23/01/2012

Crítica do filme - 'Reis e Ratos'

A idéia era interessante: reunir personagens excêntricos em um ambiente pré golpe militar no Brasil. Porém, Mauro Lima (diretor de ‘Meu nome não é Johnny’) faz um filme com o qual é difícil se conectar. O longa, que tem o roteiro assinado pelo próprio diretor, tenta envolver o público através de diálogos com toques de comédia escancarada (fórmula que poucas vezes dá certo). Com uma trama que tem espiões, um locutor muito esquisito, militares e outros personagens curiosos reunidos em uma época onde a palavra ‘Comuna’ era de uso diário das autoridades, as melhores partes do filme acontecem mesmo nas excelentes conversas entre Selton Mello e Otavio Muller.

‘Reis e Ratos’ é um longa Noir Brasileiro. Filmado em apenas 17 dias, a fita em P&B é uma mistura de filmes do Leslie Nielsen com o ambiente Noir de pano de fundo - pena que o roteiro não ajuda muito o andamento da história. Na trama, em meio a um cenário político conturbado, alguns personagens são envolvidos em um clima de conspiração.

Gregório Duvivier e Marcelo Adnet aparecem logo nas cenas iniciais e o público já os projeta para mais algumas cenas ao longo da fita. Os dois humoristas oriundos do Stand Up Comedy são sempre adorados pela platéia - pena ter ficado só no pensamento uma presença mais marcante deles na história. A primeira participação de Seu Jorge no longa é sensacional. Uma entrada triunfal, vestido de mulher, e nos vocais, parecendo uma Whitney Houston à brasileira.

Selton Mello fala um português arranhado no filme (com algumas expressões em inglês embutidas). Interpreta Troy Somerset, um americano (espião da CIA) casado com uma brasileira, que adora conversas sobre cultura e joga na tela raciocínios hilários sobre o mundo em que vive. 

O personagem de Cauã Raymond se perde na história. Aos poucos o público vai se distanciando do entendimento e da necessidade dele para a história. O desfecho é o de um Viking Espadachim completamente insano que não agrega qualquer sentido à trama - já é o segundo longa nacional do ano em que aparece uma espada gigante (a la ‘Kill Bill’) sendo manipulada por um dos personagens.

Rafaela Mandelli combina com a atmosfera Noir. Suas expressões e seu jeito de conduzir Amélia Castanho se destacam, o que faz a personagem permanecer em evidência praticamente em todas as cenas.
Rodrigo Santoro aparece pouco em sua interpretação de Roni Rato, um vigarista, ex-cafetão e viciado, cuja importância para a trama beira a inexistência.

Vale destacar também Otavio Muller e seu Major Esdras que possui boas sequências com o personagem de Selton Mello, em cenas que chegam a ser um Oásis para o espectador.

Ou seja, pôde-se perceber que talvez a pressa tenha atrapalhado um pouco essa produção que estréia dia 17 de fevereiro em muitos cinemas no Brasil. E que não reste dúvida: filmar em pouco tempo é um risco! 
Continue lendo... Crítica do filme - 'Reis e Ratos'