23/03/2012

Crítica do filme - 'Anderson Silva: Como Água'

Dirigido pelo americano Pablo Croce, “Anderson Silva: Como Água”, promete agitar os cinemas de todo o país mostrando um pouco do dia-a-dia do campeão mundial do UFC, Anderson “The Spider” Silva.  O filme mostra alguns momentos da carreira do lutador além de alguns depoimentos de pessoas ligadas ao campeão.

O trabalho relata muito bem os bastidores dos lutadores profissionais, as críticas de alguns torcedores e do próprio chefão do evento, Dana White. Em especial, sobre uma luta de Anderson Silva contra Damien Maia que rendeu uma série de depoimentos direcionados ao brasileiro, muito, pela forma como foi conduzida a luta.

O documentário (que passou na última edição do Festival do RJ de cinema) relata a trajetória do campeão de Artes Marciais Anderson Silva para a luta contra um rival da terra do Tio Sam, Chael Sonnen. Assim entendemos melhor como são os pesados treinamentos de um lutador profissional, a vida pessoal do campeão e os bastidores do principal torneio de artes marciais do mundo, o UFC.

A ação de marketing em cima dos duelos é vista pelas ações (um tanto quanto ofensivas) do oponente de Anderson,  Chael Sonnen. O lutador americano pega muito pesado em algumas declarações (e olha que o filme só mostra algumas poucas frases dele). Alguns dizem que ele é completamente maluco, outros dizem que é um rei na arte de divulgar uma luta. De uma maneira ou de outra, a luta entre os dois, foi uma das mais comentadas da história do UFC e recentemente a revanche foi marcada pelo evento para 23 de junho desse ano, no Rio de Janeiro, e promete ser uma das grandes lutas da história.

Vale à pena dar uma conferida nesse bom documentário, principalmente se você for fã dos “gladiadores do novo milênio”, como diria aquele famoso narrador esportivo.
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Crítica do filme: 'Jogos Vorazes'

O novo trabalho do americano Gary Ross (“Seabiscuit - Alma de Herói”) promete levar uma legião de fãs para dentro dos cinemas. Estamos falando de “Jogos Vorazes” o primeiro longa de uma saga que conquistou o mundo jovem, recentemente. Para não deixar nenhum fanático pela trama insatisfeito, foi escolhida para dar vida à protagonista, uma atriz que transpira competência, Katniss não poderia estar em melhores mãos, Jennifer Lawrence. A trajetória da arqueira passa por um evento planejado, um programa de entrevistas daqueles bem sensacionalistas (que vemos muito na TV brasileira e americana), visuais extravagantes e diálogos programados que inflamam o público. O filme tem muitas semelhanças com “Show de Truman”, não há como negar.

A saga é situada em um futuro onde o poder governante seleciona um menino e uma menina de doze distritos para lutarem até a morte, em uma espécie de arena, ao vivo na televisão. Após sua irmã mais nova ser selecionada para a batalha, Katniss Everdeen se oferece para ir no lugar dela. Ao seu lado, embarca nessa história Peeta Mellark, com que Katniss já teve uma situação no passado.  Ambos são peças em um jogo desleal e lutam não só pela sobrevivência mas para não se transformarem como pessoas. Levando o número 12 nas costas, Katniss embarca nessa aventura que mudará para sempre sua vida e a de seu distrito.

O olhar de Jennifer Lawrence trás muita humanidade à personagem. Um dos grandes acertos da produção do longa foi a escolha dessa artista americana (já, uma vez, indicada ao Oscar) para o papel principal. Ótima atuação, mais uma vez, dessa talentosa jovem de 21 anos. Os fanáticos pelo livro de Suzanne Collins não vão ter o que se queixarem, Lawrence incorpora com perfeição a corajosa Katniss Everdeen.

O resto do elenco também brilha e exageram na composição dos personagens. Nesse caso o “exagero” é uma coisa positiva!  

Elisabeth Banks, maquiada até o pescoço, provavelmente mais enfeitada que os músicos da banda “Kiss”, tem alguns momentos hilários na trama. Donald Sutherland engrandece o elenco e pelo final desse primeiro filme, terá papel importante na sequência da franquia. Wes Bentley interpreta o impiedoso Seneca Crane, praticamente quem manda e desmanda nos “Jogos Vorazes”, tem um desfecho, no mínimo, inusitado. Stanley Tucci e seu cabelo “Katy Perry” aparecem em muitos momentos, geralmente entrevistando os protagonistas em “Talk Shows” que conhecemos muito bem. O ótimo Woody Harrelson dá vida ao personagem Haymitch Abernathy (um dos poucos que já venceu aquela árdua disputa), bem excêntrico e com momentos importantes para a história. Excentricidade é sinônimo do veterano ator, dá um show em cena. Quem aparece também é o cantor Lenny Kravitz, como Cinna, o estilista da dupla do Distrito 12, não compromete em momento algum.

A adaptação deixa um pouco a desejar na introdução dos personagens. Tudo é passado de maneira muito rápida, deixando vagas, lacunas importantes para o espectador que não conhece a história. O filme ganha muito em emoção quando a disputa na floresta começa, deixando o público atento a tudo que acontece em cena.  

Robin Hood, Legolas entre outros arqueiros famosos do mundo da sétima arte estariam orgulhosos da jovem Srta. Everdeen. Será que Gandalf arrumaria uma vaguinha para ela na próxima jornada em busca de outro anel?

A partir do dia 23 de março corra para o cinema mais próximo! Que os jogos comecem!



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Entrevista com Sady Homrich da banda ‘Nenhum de Nós’, sobre cinema

O baterista da banda ‘Nenhum de Nós’, Sady Homrich, conversou com exclusividade com o repórter Raphael Camacho. A entrevista foi toda sobre cinema e o músico provou saber bastante da sétima arte. Citando o clássico "O Expresso da Meia-Noite", o filme grego/turco "O Tempero da Vida"e falando sobre o novo longa do inglês Steve McQueen, Sady provou que é um sábio da sétima arte!

(Reprodução)


1)      Qual o seu filme preferido e porquê?

SADY HOMRICH: Não tenho "um filme preferido". Tenho vários, desde "O Expresso da Meia-Noite" (que foi o primeiro que me impressionou lá nos anos 70 do século passado), são vários de diversas escolas. Um que gosto de lembrar é "O Tempero da Vida", uma história sobre emoções, aromas e sabores.


2) Qual foi o último filme que você viu?

SADY HOMRICH: Porto Alegre conta com um bom número de salas. Alguns grupos, como o Cine Guion, apresentam filmes fora do mainstream, das mais diversas procedências. Por exemplo, a produção cinematográfica argentina tem ótima aceitação aqui. Por exemplo, o excelente "Um Conto Chinês", com Ricardo Darín, está em cartaz na cidade desde agosto do ano passado! Baita filme e baita ator! Essa semana vi “Shame”, do Steve McQueen, no Cine Guion 1, pertinho de casa. Bom, mas muito denso.


3) Qual o artista (pode ser nacional ou internacional) que você mais gosta dentro do universo do cinema?

SADY HOMRICH:Também acho difícil eleger "o ator/atriz preferido". Mas gosto do estilo clássico do Tommy Lee Jones.


Abraço do batera
SADY HOMRICH

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22/03/2012

Qual o primeiro filme que você viu nos cinemas?

Muitos de nós jornalistas especializados em sétima arte, somos no fundo de nossas almas, eternos cinéfilos. A paixão pelo cinema veio de várias formas, quase sempre avassaladora, transformando nosso caminho para sempre. Somente nós cinéfilos compreendemos como é satisfatório estar em uma sala de cinema (alguns nos seus lugares preferidos) e assistir a um bom filme (de preferência, rs). Quando paramos para contar quantos filmes já vimos, percebemos que a paixão às vezes pode ser um tanto quanto obsessiva. Raciocinando em cima disso, pensemos, existe o número 1! O primeiro filme visto em uma sala de cinema!

Quem vos escreve foi ao cinema quando tinha 6 anos, pela primeira vez. Viu um filme que muitos gostam outros nem tanto, "Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões". A aventura fora estrelada por Kevin Costner e contou com a ajuda de um elenco renomado: Morgan Freeman, Alan Rickman, Sean Connery, Christian Slater, Mary Elizabeth Mastrantonio, Hugh Laurie (sim, o "House" fez esse filme).  Mais velho fui informado o quanto de curiosidade rolou por trás daquela produção.  A mais curiosa: Sean Connery ganhou 250 mil dólares por dois dias de filmagens nesse longa. Após encerrar o trabalho, o veterano artista doou a quantia que recebeu para instituições de caridade. Um cavalheiro, não?!


Aquela jovem criança, que foi ao cinema pela primeira vez, saiu da sala pasmo, maravilhado e olhando para todos os lados, andares. Sim, havia dois andares. Era um cinema chamado "América" que ficava no coração da Praça Saenz Peña no bairro da tijuca, no Rio de Janeiro (cinema que hoje virou uma igreja, a fé que eu tinha nesse cinema se converteu, ou alguém lá de cima entendeu tudo errado).

De lá pra cá, muitos filmes se passaram e a paixão daquela criança pelo cinema só cresce.

Bem, essa foi a minha curta história! E a sua? Qual o primeiro filme que você viu nos cinemas?

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Um Método Perigoso - Cinema com Raphael Camacho


Sexo x Sonhos. Quando dois grandes nomes da psicologia se juntam. O mundo da psicanálise fica em evidência, no novo trabalho do experiente diretor David Cronenberg,Jung é o principal, Freud é um mero coadjuvante. Há um conflito interno dentro do pensador suíço, uma cessação da ética. Essa violação da regra elementar da profissão, leva-o à um mar de conflitos.

Cronenberg dá o tom (o maestro) dessa historia. O risco de se fazer um filme muito específico era o grande desafio que o experiente diretor tinha que se desviar. O diretor de ‘Videodrome’ e ‘Spider ‘ teve tudo nas mãos para fazer o grande filme do ano. Talvez, por isso, decepciona com um enredo tão específico.

A trama aborda a relação dos dois grandes nomes da Psicologia e o surgimento da corrente psicanalítica. Também é mostrado a polêmica relação de Sabina Spielrein (que depois viria ser uma das primeiras mulheres psicanalistas do mundo) com o seu mentor de dissertação e a posição de Freud nessa relação.

A peça ‘Jung e Eu’, com o grande Sergio Britto nos palcos, já fazia um paralelo entre o encontro do teatro com a psicanálise. Lembrei muito desse espetáculo quando estava hoje na cadeira do cinema vendo o longa.

Os atores estão muito bem.

Michael Fassbender , um dos grandes rostos em ascensão no mundo de Hollywood, parece que não quis arriscar muito neste personagem. Diferente de Viggo Mortensen que tenta dar a sua cara ao renomado nome da psicologia que é coadjuvante nesse longa. O ator Nova-Iorquino que ficou muito famoso após interpretar Aragorn na saga ‘O Senhor dos Anéis’deve receber uma indicação ao Oscar do ano que vem (na categoria melhor ator coadjuvante) por esse longa.  Keira Knightley tem uma atuação destacada. Seu laboratório foi deveras bem aplicado em cena. As reações de sua personagem, Sabina Spielrein, são intensas. Quem também da o ar de sua graça, é o veterano ator francês, Vincent Cassel, que interpreta um dos personagens mais confusos do filme, Otto Gross.

Apesar dos pontos negativos, recomendo. Pague o ingresso e faça sua consulta!

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Entrevista com os realizadores do documentário ‘Raul Seixas – O Início, o Fim e o Meio’

Na quarta-feira, dia 14 de março, aconteceu no Rio de Janeiro uma entrevista coletiva com os realizadores do esperado documentário “Raul Seixas – O Início, o Fim e o Meio”. Para atender aos jornalistas cariocas, o diretor Wálter Carvalho (que cita Francis For Coppola, Martin Ritt e dá uma verdadeira aula de cinema), o produtor Denis Feijão e Silvio Passos (fundador-presidente do Raul Rock Club) estiveram presentes e responderam a todos os profissionais com muita simpatia e contando um pouquinho como foi realizar essa grande obra sobre a vida de uma lenda da música popular brasileira, Raul Seixas.

O diretor Wálter Carvalho deu uma aula de cinema aos jornalistas

Abaixo, o que de melhor aconteceu nesse bate-papo muito informativo.
 - Há alguns anos, você participou da direção de um filme sobre o Cazuza. E agora, por que o Raul e por que um documentário?
Wálter Carvalho: Eu não escolhi o Cazuza nem escolhi o Raul, eles me escolheram. Eu fui convidado no Cazuza e no Raul. Quando fui convidado para o primeiro era um filme de ficção, era uma história da vida do Cazuza, baseado no livro da Lucinha. No caso do Raul, o convite foi para um documentário, então quando houve esse convite eu pensei que fosse uma ficção mas não, na verdade era um projeto do Denis um jovem produtor que teve a idéia de fazer um projeto sobre o Raul Seixas, assim ele trouxe o projeto para a Paramount, a mesma me indicou e me apresentou ao Denis para eu dirigir o filme e aí em 2009 começamos essa viagem.
- O que mais te interessou na história do Raul? Por que aceitou o projeto?
Wálter Carvalho: São vários aspectos: você tem um artista irreverente, um compositor, um artista de palco, você tem um tipo de artista que não acontece mais. Hoje em dia a grande maioria dos artistas que surgem na música brasileira e no mundo inteiro são artistas fabricados. Na época do Raul era exatamente a mesma época de Caetano, Gil, Geraldo Vandré, Chico e outros, era o contrário: você quem criava o artista! Você que inventava o mercado. Hoje em dia você escolhe aquele modelito, adéqua-o e inventa ele para um viés mercadológico, a prova disso é que nem todos duram tanto.  Então, Raul é isso, é o início de um momento no Brasil que coincide com a Bossa Nova, a literatura, o teatro de Zé Celso, a poesia, o cinema novo, o Raul não vem só, o Raul vem com a contracultura que era o movimento que acontecia no mundo inteiro. A primeira coisa que começa a acontecer nesse sentido, pelo menos na área do cinema é o “Sem Destino” (Easy Rider), não é à toa que eu começo o filme com “Easy Rider”, no deserto da Califórnia.


Denis Feijão, Walter Carvalho e Silvio Passos

- Como aconteceu o processo de pegar os depoimentos para o filme?
Wálter Carvalho : O depoimento é uma luta corporal de telefone, e-mail, carta de todos os elementos possíveis da produção através do centro do projeto, o Denis Feijão. Por exemplo: O Denis iniciou o trabalho de conseguir marcar uma entrevista com o Paulo Coelho e enfrentou as dificuldades de uma pessoa que já vendeu 500 milhões de livros e não tem espaço na sua agenda. No momento em que o Feijão começa a trabalhar essa solicitação de entrevista a gente foi vendo a dificuldade de entrevistar o Paulo, porque o cara tem compromissos pelo mundo inteiro. Era uma solicitação muito grande, eu já estava até pensando na possibilidade de realizar o filme sem a presença do Paulo, o que seria uma perda incomparável. Mas o Feijão não se entregou, continuou batalhando e a gente sonhando com aquilo. Um dia, um programa de televisão fez uma grande matéria sobre o Raul e nesta reportagem o Sílvio Passos falou bem de mim, falou que eu era um cara sério e fez elogios a minha maneira de trabalhar e a maneira que eu estava tratando o assunto. Coincide que o Paulo vê o programa na sua casa, pega o telefone e diz que pode falar com a gente. Eu me lembro do Feijão ligando pra mim, eu tava na esquina da minha casa quando o telefone toca e ele me pergunta: “Ta em pé ou ta sentado?” Porque o Paulo Coelho acabou de me ligar! Eu posso ainda acrescentar, tentando ser breve, quando fizemos a entrevista na casa dele, antes de eu ir pra lá a gente trocou e-mail e ele me falou que eram 45 minutos, 15 para armar o esquema (câmera, luz) e eu tinha 45 minutos para falar com ele. Aí eu falei com o Roberto Menescal, que é um grande amigo de Paulo, para ele me ajudar porque 45 minutos não ia dar. Aí no dia que a gente chegou lá, armamos tudo e ele sentou na minha frente e disse: “São 5 horas”. Aí eu disse: “você não vai querer que a gente fale 45 minutos, pelo amor de Deus, não vai dar tempo.” Como que a gente ia falar da história deles dois em 45 minutos? Assim começamos a gravar, às seis horas ele pediu para parar para ele fazer a oração dele, ele disse que ia ser rápido, até me ofereci para gravar a oração mas ele disse que eu não podia. Em 5 minutos ele estava de volta, assim continuamos. Quando deu seis e meia ele chamou a mulher dele, ele tinha um jantar e pediu pra ela ligar e atrasar o horário do jantar e assim pra encurtar a história a entrevista durou duas horas e quinze. Quando acabou, descemos todos comemorando lá no hall do prédio dele, nisso um técnico de som nosso tinha esquecido algum material na casa do Paulo e voltou para buscar e quando tocou a campainha que abriu a porta o Paulo tava botando a mesa para jantar, ou seja ,o jantar era na casa dele! Ele não atrasou que ia chegar atrasado ele atrasou as pessoas que iam chegar na casa dele, isso demonstra a generosidade que o Mago teve com a gente.

- Em relação aos arquivos de vídeo, como foi essa pesquisa?
Wálter Carvalho: Um dos grandes problemas de fazer esse filme foi na questão dos arquivos porque tinham muitos arquivos e muita coisa tava na internet e foi um trabalho de pesquisa muito longo e doloroso porque eu não queria muita coisa da internet porque já eram conhecidas, eu precisava revelar coisas que as pessoas não conhecessem.

- O Zé Ramalho aparece no filme, mas não fala nada. Algum motivo por ele não ter falado?
Wálter Carvalho: Excelente pergunta. Eu podia falar horas sobre isso. O cinema é uma linguagem que é uma junção de uma linguagem verbal e a visual, o que acontece no mundo hoje é um excesso da palavra sobre a imagem num veículo efetivamente imagético. O depoimento do Zé é sobre aquele encontro que você vê ele tocando, ele me conta sobre e  como foi aquele encontro. Quando eu fui montar o filme, aquela virada que ele dá olhando pro Raul era muito mais forte do que ele dizia, como imagem. O prazer que ele tem na cadeira se virando e olhando pra mim e ficando de costas pra ele e o Raul cantando foi uma coisa que eu descobri na montagem evidentemente, muita coisa você descobre na montagem. Posso te dar dois exemplos: No “Poderoso Chefão” na sequencia em que o pai vai saber que o filho foi assassinado num atentado numa guarita há uma economia de gestos, imagem, palavras, música, diálogos, quando o advogado diz: “O Tony foi baleado”aí ele franzi a testa e não chora e antes ele diz assim: “Você quer me contar alguma coisa…” aquilo pra mim é uma aula de cinema.  Tem um outro filme de um cara chamadoMartin Ritt que tem o Woody Allen como ator, chama-se “Testa-de-Ferro Por Acaso”, nesse filme tem uma cena em que o cara entra num hotel (o ator que ta sendo perseguido pelo macartismo) e paga um champanhe e vem assobiando feliz na vida, a câmera fica no espelho quando ele passa pra um lado, quando ele volta pra esse lado você escuta um barulho, bum! A câmera gira, a cortina ta balançando e a janela ta aberta, então o cara se mata fora do quadro. Você não vê que o cara se joga pela janela, no entanto, é de uma força estúpida aquela forma de narrar e não tem uma palavra, é a imagem que fala. Mais ainda, o absurdo da palavra falar sem estar presente o objeto de sua narração. Eu tentei fazer através da imagem para tentar passar uma emoção ao espectador que eu senti na hora quando eu vi o Zé fazer aquilo.


Poster do filme (Reprodução)

O filme estréia dia 23 de março em muitas salas do Brasil. Não percam!
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21/03/2012

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Mateus Solano e Claudia Ohana falam sobre ‘A Novela das Oito’, no Rio de Janeiro

Na tarde da sexta-feira (16), no Rio de Janeiro, ocorreu uma coletiva de imprensa do filme “A Novela das Oito” que contou com a presença de dois atores que estão na trama produzida, escrita e dirigida por Odilon RochaMateus Solano e Claudia Ohana, dois dos grandes destaques do filme, foram os encarregados de conversar com a imprensa sobre esse novo trabalho que chega no final do mês aos cinemas brasileiros. Falando sobre o universo da novela, a diferença entre televisão e cinema, participação da Claudia Ohana na trilha sonora e sobre os personagens, os artistas responderam à imprensa em pouco mais de meia hora de conversa.
Abaixo, confira  o que de melhor aconteceu nessa coletiva, que não teve a presença da atriz  Vanessa Giácomo [ela saiu da coletiva, antes do combinado], mas contou com os simpáticos Mateus Solano e Claudia Ohana.

Mateus Solano e Claudia Ohana (André Romano / Infoco News)
- Qual a diferença entre fazer cinema e televisão ?
Mateus Solano: No cinema você tem mais tempo. Você tem tempo para aprofundar questões, aprofundar linguagem. Na televisão precisa produzir um capítulo por dia. No cinema você tem uma liberdade que é a liberdade do diretor, é completamente diferente. No caso da televisão, é uma empresa e como toda empresa quer ganhar dinheiro e dá ao espectador o que o espectador pede para a mesma. Tem gente que fala se eu não acho um absurdo que na Tv ainda não teve beijo gay, eu não acho absurdo nenhum, o povo não quer ver o beijo gay, se o povo quiser ver o beijo gay o povo vai ver, irá aparecer em seguida. Então, funciona assim, novelas inteiras e personagens inteiros são mudados no meio porque o público não está satisfeito com aquilo.
- Como foi interpretar um personagem homossexual, qual liberdade você teve para criar o personagem ?
Mateus Solano: É claro que eu sempre tenho essa vontade de fazer esses personagens que me desafiam que sejam diferentes um do outro e tal, na Tv a gente nem sempre consegue isso porque eu já disse: a televisão dá ao público o que ela quer. Aí você me pergunta se seria muito diferente esse personagem na televisão, eu diria que não seria muito diferente, claro que ele estaria mais preso à forma da televisão, é óbvio que não teria o beijo dele como foi esse do filme, mas eu como ator tento trazer a humanidade para todos os personagens seja na TV, no teatro, no cinema.

Mateus Solano (André Romano / Infoco News)
- Seu personagem, além de ser homossexual, é de uma elite que questiona a problemática daquela época em nosso país, como foi para você fazer esse personagem?
Mateus Solano: Foi muito bacana fazer esse personagem e por ter a referência do meu pai diplomata. Essa figura internacional (diplomata), ao mesmo tempo, que representa o seu país tem uma solidão. Meu pai tem grandes amigos que se perderam por aí, de 3 em 3 anos, mudam de país, tem um tristeza junto com isso, uma solidão que eu pude trazer. Me interessa também essa época e principalmente pelo papel da arte naquele tempo que tem muito mais haver com o que eu acredito que seja o papel da arte em qualquer época, uma arte que faz a gente pensar, discutir e ir além e não uma arte que faz a gente sentar, relaxar e esquecer que é muito mais o que a gente vive hoje.
- Claudia, seu personagem é o único que percorre toda a trama interagindo com muitos personagens, como foi para você interpretar essa personagem ?
Claudia Ohana: O personagem sofre uma transformação, começa um personagem muito sofrido, que ta longe da família, tem uma perda de personalidade. É um personagem difícil porque ela não é uma militante política, ela foi presa por conta de um artigo que escreveu por amor. Ela não é empregada e começa como empregada é um personagem muito humano, uma mulher comum que por azar da vida foi colocada naquela situação e teve que abandonar a família. Aí, através dessa história, vai se contando o resto das histórias, ela sofre a transformação também muito do personagem da Amanda que é o oposto dela. É um personagem muito sutil. As histórias vão se entrelaçando meio ‘Shortcuts’ meio Altman.

Claudia Ohana (André Romano / Infoco News)
- Claudia, seu personagem no começo da trama não fala uma palavra e passa muito com o olhar. Como foi trabalhar sem fala apenas na expressão do personagem nesse início da trama?
Claudia Ohana: Eu gosto do olhar. Eu acho que o cinema é muito o olhar, que diz tudo, coisa que não tem nem na televisão, nem no teatro embora tenha a atitude do olhar que é importante mas o olhar no cinema diz tudo. Então, você dá o olhar antes e vai com o sentimento e a verdade, a gente tenta passar a verdade o máximo que pode.
- Como foi essa participação na trilha sonora do filme?
Claudia Ohana: Na verdade eu sempre cantei, eu faço musical a muito tempo, já fiz filme e já fiz uma novela musical. O Odilon (diretor do filme) me chamou e me mostrou essa musica que eu nunca tinha ouvido, que é linda, aprendi a melodia e gravei. Cantar é uma coisa que eu faço a muito tempo, faço aula de canto a muito tempo, volta e meia eu acabo cantando.

Os artistas atendendo à imprensa (André Romano / Infoco News)
- Porque uma novela não paralisa mais a gente como antigamente ?
Mateus Solano: Acho que o tempo está muito rápido, instantâneo, presente, presente, presente. Ninguém prepara nada para o futuro. A gente está vivendo o ‘carpe diem’ de uma forma muito exagerada, penso eu. Acho que não é só as novelas, poucas coisas ficam e eu acho bacana é quando a arte fica, por mais que elas nem tenham essa pretensão, as vezes. É uma coisa do nosso tempo mesmo. Às vezes me pergunto, em relação a historias do gêmeos que eu fiz e tal , Ruth e Rachel é uma coisa que está no nosso imaginário para sempre e  eu não sei se os gêmeos que eu fiz vão ficar guardados por essa geração como ficou Ruth e Rachel na nossa, não sei mesmo.
Claudia Ohana: Antigamente não tinha TV a cabo. Eu ainda peguei uma novela que foi a ‘Vamp’ que foi um marco. Naquela época não tinha TV a cabo, não tinha paparazzi, não existia nada disso. Então, assim, as pessoas viviam muito a novela, tinha 90 de audiência, era uma loucura isso. Nunca mais vai existir isso. Hoje em dia o Brasil não pára por causa de uma novela.
- Você começou fazendo figuração na novela ‘Dancyn Days’. Como foi voltar a esse universo ?
Claudia Ohana: Fazer esse filme foi voltar uma época da minha vida que é exatamente quando fiz 15 anos e minha vida mudou, comecei fazendo figuração. É impressionante como o mundo gira e a gente volta às coisas, foi incrível, foi uma volta ao passado.
- Alguma novela que marcou a sua história ?
Claudia Ohana: Me lembro muito de “Selva de Pedra” as historias eram sensacionais, essa novela era incrível. Também “Escrava Isaura”, “Gabriela”, “Saramandaia”.
Mateus Solano: Quando eu assistia novela mesmo, era noveleiro, eu não durava até as oito, eu assistia era das sete, então, fica muito mais na minha cabeça “Que Rei Sou Eu”, que pra mim era demais!
O longa “A Novela das Oito” estréia no dia 30 de março em algumas salas no Brasil.
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20/03/2012

Confira uma entrevista exclusiva com a cantora Ana Carolina

Em conversa exclusiva com o nosso repórter Raphael CamachoAna Carolina, uma das melhores cantoras de sua geração, falou de seus filmes preferidos; e revelou ser uma adoradora da sétima arte.
Ana Carolina é adoradora da sétima arte (Divulgação)
Abaixo, confira tudo o que rolou nesse papo sobre cinema:
- Qual o seu filme preferido? Por quê?
Ana Carolina: Olha, pra mim é impossível falar de um filme só. Gostei muito de “Cashback” tem um “que” de cinema indie mas é excelente , com Sean Biggerstaff tem uma boa fotografia, principalmente quando Ben (ator principal) congela o tempo, as imagens são belas e as câmeras captam de forma poética, como se a delicadeza, o amor e o lirismo se intercalassem nos minutos de pausa do filme. Filmaço. Lembro que assisti “Cashback” e “Shortbus” no mesmo dia e fiquei abalada com os dois. “Shortbus” é ousado , a primeira cena é de autofelação, um cara fazendo sexo oral em si mesmo, só que o filme está longe de ser só isso, os personagens são complexos e acionam a engrenagem do filme de maneira eletrizante, como é o caso da terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo.  Uma cena divertida do filme é um trio masculino cantando o hino nacional segurando seus pênis como microfone ! Dei “palas” de rir!!
- Qual foi o último filme que você assistiu?
 Ana Carolina: “Um Conto Chinês” foi o último que vi, porque vi 3 vezes rsrsrs. Ricardo Darín é um dos maiores atores argentinos sem dúvida nenhuma, depois de “O Segredo dos Seus Olhos” e “O Filho da Noiva”não resta nenhuma dúvida. Nos primeiros 5 minutos de filme, ele coloca o público no bolso, domina  a cena, fecha o sentido em si, com uma dedicação que salta aos olhos, um exemplo de ator . O filme gira em torno de “Um Conto Chinês”, onde uma vaca cai do céu, só que o filme é muito mais do que isso, Roberto (personagem de Darín no longa), um homem cheio de manias (como muitos de nós,) destrincha o personagem de uma maneira incrível e nos faz perceber a riqueza das inter-relações.
- Qual o artista (pode ser nacional ou internacional) que você mais gosta dentro do universo do cinema?
Ana Carolina: Eu gosto do Wagner Moura e do Selton Mello.
Ana Carolina se apresenta no Citibank Hall, no Rio de Janeiro, no próximo dia 23 e 24 de março.
Não deixem de conferir!
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18/03/2012

Crítica do filme - 'A Novela das Oito'

Quem de vocês gosta de novela? No novo trabalho, produzido, escrito e dirigido por Odilon Rocha, “A Novela das Oito”, o universo dos noveleiros é o pano de fundo para a trama. Em uma época em que o país do samba estava aprendendo a dançar a Disco Music, percorremos por algumas histórias, em meio ao cenário político conturbado daquele tempo. 

Na trama, duas mulheres completamente diferentes se envolvem em um assassinato de um policial tendo que fugir desesperadamente para outra cidade. Aos poucos vamos descobrindo que uma delas é uma mulher que teve que se distanciar da família e tem uma história com alguns militantes que são contrários ao governo da época. A partir daí, o longa muda de foco e passamos a conhecer uma nova história, com novos personagens e com direito a dancinhas coreografadas, música alta e globo de luzes girando sem parar. O Brasil da época do filme, final da década de 70 (mais precisamente o ano de 1978), vivia um momento conturbado na sua vida política. Dias também, em que a novela de Gilberto Braga, “Dancin’ Days”, fazia um tremendo sucesso em muitos lares brasileiros. Inclusive, muitos dos personagens do longa, em muitas cenas, param em frente à televisão para conferir essa novela que teve a direção de Daniel Filho.

A história demora muito para pegar e isso faz o espectador se afastar um pouco do objetivo do filme, que é contar a trajetória de Dora (Claudia Ohana), passando por muitas histórias até o seu desfecho. Muita informação é apresentada em muito pouco tempo, deixando tudo muito confuso, são muitas histórias para contar. É o famoso caso da boa idéia (o argumento tem boas questões) que não foi tão bem executada, muito por conta do roteiro.

No elenco vemos rostos famosos do grande público, como: Claudia Ohana, Vanessa Giácomo, Mateus Solano, Alexandre Nero entre outros.

A primeira é o grande destaque, sem dúvida, o ponto alto desse novo filme nacional, bela interpretação da veterana atriz. A segunda, que interpreta uma prostituta viciada em “Dancin’ Days”, usuária assídua de perucas, não está ruim na pele de Amanda o problema é que sua personagem se distancia totalmente da história, deixando de ser essencial à nova trama que vai se moldando.

Mateus Solano interpreta um homem da elite brasileira que mora em Londres e está de passagem no Brasil, quando acaba se apaixonando por outro homem. Executa uma cena de beijo homossexual bem intensa que vai demorar a vermos em uma novela. Alexandre Nero faz o vilão da trama, seu personagem (Brandão) tem o mesmo ar carregado do motorista que interpreta na atual novela das oito. Tem horas que pensamos: baixou o Nicolas Cage no Alexandre! Muito pelas caras estranhas, alucinantes, que o personagem fazia e que o ator americano fica, cada filme que passa, mais conhecido.

O compasso da trilha sonora não segue o compasso do filme, esse aspecto prejudica muito a interação do público com o que está acontecendo em cena.

Você, noveleiro ou não, mesmo com essas palavras acima tem que tirar suas próprias conclusões. Recomendo que veja o filme. Vamos prestigiar o nosso cinema, quem sabe você não curte? Estréia dia 30 de março em algumas salas do Brasil.
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17/03/2012

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Crítica do filme - 'Raul: O Começo, o Fim, o Meio'

Em uma época onde o rock era a música que afirmava um poder fictício aos jovens, surgia no cenário mundial aquele que virou uma lenda, um mito, Raul Seixas. Dirigido pelo competente Wálter Carvalho, “Raul: O Começo, o Fim, o Meio”, é um documentário divertido e emocionante que narra a trajetória do eterno maluco beleza da música popular brasileira.

Nesse ótimo documentário fazemos uma viagem na vida profissional e pessoal de Raul. A influência de Elvis Presley, o primeiro grupo (Raulzito e seus Panteras), o disco da virada na carreira (o álbum que tem o clássico “Sociedade Alternativa”), os muitos relacionamentos e depoimentos emocionados preenchem parte das lacunas deixadas pelo ídolo de uma multidão.

O homem que classificava sua própria música de ‘Raul Seixismo’, viveu intensos relacionamentos entre as décadas de 70 e 80. Raul era um pai amoroso que amou muitas mulheres. Via depoimentos, um inclusive via Skype, entendemos um pouco melhor a vida pessoal desse artista. O amor pelo grande ídolo é mostrado em muitos momentos, mais um em especial é marcante, nas enlouquecidas vozes de fãs cantando alguns clássicos em uma comemoração do aniversário do artista.

Entrevistas antológicas são mostradas. Depoimentos memoráveis de Paulo Coelho (grande parceiro de composição de Raul, ensinou exoterismo ao Maluco Beleza e o mesmo o ensinou a fazer letra de música), Nelson Motta, Pedro Bial, Caetano Veloso, Tom Zé, entre outros. Nessa hora percebemos o quão original era esse homem que mudou para sempre a história da nossa música.

Mas nem tudo eram flores na vida de Raul Seixas. As irresponsabilidades começaram a influenciar a carreira, o alcoolismo e as drogas foram caminhos percorridos pelo cantor que já dedicou um show ao cineasta Glauber Rocha.
Por trás dos óculos escuros, uma lenda surgia. Saiba como isso aconteceu. Dia 30 de março nos cinemas de todo o Brasil. 
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