20/07/2022

Crítica do filme: 'Boa Sorte, Leo Grande'


As quebras dos paradigmas por meio de interessantes diálogos. Dirigido pela cineasta australiana Sophie Hyde e com roteiro assinado pela britânica Katy Brand, Boa Sorte, Leo Grande fala sobre um embate amistoso de gerações, que também abre-se brechas para aprendizados, entre uma mulher na faixa dos 50 anos que só conheceu um homem na cama e um jovem que usa do corpo como ferramenta de trabalho. Ao longo das pouco mais de uma hora e meia de projeção, acompanhamos uma forte harmonia entre os personagens que se encontram por alguns dias no mesmo quarto de hotel. Parece que estamos na primeira fileira de uma peça de teatro onde os diálogos nos cativam e nos fazem refletir sobre os dois intrigantes personagens.


Na trama, conhecemos Nancy (Emma Thompson) uma viúva, aposentada, que depois de muito se sentir sozinha e após o falecimento do marido, resolve se hospedar em um quarto de hotel e contratar um profissional do sexo bem mais jovem que ela, Leo (Daryl McCormack), para lhe satisfazer os desejos. Só que essa professora, mãe de dois filhos adultos, não sabe direito, de início, como agir. Ao longo de muitas conversas que vão desde prazeres e fantasias sexuais até mesmo os conflitos familiares fora dali, os dois embarcam em diálogos e situações que os farão pensar com outros olhos sobre a vida.


O medo, a insegurança, as descobertas de uma nova vida (ou pelo menos uma maneira de viver) após anos vivendo sem graça. Dirigido pela cineasta australiano Sophie Hyde e com roteiro assinado pela britânica Katy Brand o longa-metragem que estreia nos cinemas brasileiros em meados de julho de 2022 busca sua referência nos escancarados conflitos de Nancy, uma mulher que lecionava educação religiosa entra em choque com paradigmas criados por todo uma vida mesmo quando resolve pelas próprias forças descobrir situações, viver conflitos, que jamais teve em sua vira metódica, controlada. Mas se engana quem pensa que o roteiro só segue uma parte desse rio. Leo também tem suas questões, mesmo muito seguro de suas atitudes e formas de enxergar os propósitos sobre a vida que leva, se deixa levar pela harmonia que possui com Nancy para acessar emoções profundas, as vezes até escondidas, o tirando completamente da zona de conforto.


Boa Sorte, Leo Grande atinge de maneira muito certeira o que propõe desde a primeira linha do roteiro: nos fazer refletir sobre relações humanas além de deixar nas entrelinhas que falar de sexo não deve ser um tabu, na verdade é sempre um grandioso aprendizado, até mesmo fora das quatro paredes. Ótimo filme!

 

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19/07/2022

3 FILMAÇOS COM ETHAN HAWKE !!!

 


🔴 Juliana e Raphael Camacho 🍿

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18/07/2022

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Pausa para uma série: 'Barry'


As eternas dificuldades de se entender como ser humano. Caminhando nas linhas do humor non-sense, um dos grandes sucessos recentes da HBO é sem dúvidas a curiosa série Barry. Com episódios que giram em torno de 30 minutos, vamos acompanhando a saga de um ex-militar, hoje assassino profissional, que após ter o contato com o mundo da atuação vê sua vida mudar radicalmente. No papel principal o ator, e também um dos criadores da série, Bill Hader, que volta e meia é indicado aos maiores prêmios da televisão norte-americana.


Na trama, acompanhamos um depressivo assassino profissional chamado Barry (Bill Hader) que mora no meio-oeste norte-americano. Quando é chamado para um serviço em Los Angeles, de forma inusitada, acaba parando em uma aula de teatro, fato que o faz repensar muito sobre seu momento e sua vida como um todo. Agora, buscando o equilíbrio entre sua profissão arriscada e o novo mundo que aparece em sua frente, Barry passará por enormes conflitos emocionais em busca de dias melhores.


O absurdo aqui é força motriz, dentro de profundos dramas não só de seu protagonista mas também dos ótimos coadjuvantes. Barry é uma alma introspectiva, repleta de maus exemplos por toda uma vida que se vê na interpretação de outros uma maneira para ter mais tranquilidade no seu pensar. Frio e calculista, acaba embarcando nas linhas sempre complicadas da atuação, onde é testado a todo instante longe de uma perfeição que sempre buscou atingir na sua conflituosa profissão. Dentro das linhas do humor non-sense o seriado busca explicações para uma auto análise.


O interessante em Barry é que não há uma grande história de background por onde caminham os personagens, tudo gira em torno das novas descobertas do problemático protagonista um homem que não consegue respirar sem que a violência chegue na sua frente. Esse conflito compõe boa parte dos curtos e objetivos episódios.



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Pausa para uma série: 'Yellowstone'


Uma das mais aclamadas séries da atualidade, em breve já chegando na sua quinta temporada, Yellowstone nos mostra a saga de uma família repleta de conflitos que precisa defender suas terras. Aqui não há heróis nem vilões, todos rompem barreiras da moral mostrando a força da ganância em uma região que gira longe dos holofotes da mídia, em terras rentáveis, um universo extremamente violento ditado por regras impostas por quem comanda. Criado pela dupla Taylor Sheridan e John Linson, tendo Kevin Costner como protagonista.

Nesse resgate do faroeste em versão moderna, acompanhamos a família Dutton, liderado por John (Kevin Costner) um ex-homem da lei que comanda um dos maiores ranchos do mundo, situado no estado norte-americano de Montana. Nessa família, há todo tipo de drama, o relacionamento entre pai e filhos gera embates explosivos além dos combates a aproveitadores do capitalismo e os conflitos frequentes com moradores da reserva indígena. Quem está certo nessa história? Não há uma definição para isso, apenas completamos nosso refletir em intensos episódios (cada um melhor que o outro) que giram em torno dessa família de anti-heróis, gananciosa, que fará de tudo para proteger o que eles acham serem deles por direito.


Nesse projeto super elogiado disponível no streaming da Paramount+, o leque é amplo. Há o foco profundo em uma família que muitas vezes não se entende por conta das ações e inconsequências do pai, um viúvo que vive de proteger o que ele acha ser de sua família por direito. Inclusive, um dos grandes embates da primeira temporada gira em torno do distanciamento de um dos filhos de John, Kayce (Luke Grimes) que abdicou do legado da família e foi viver uma vida com a esposa Monica (Kelsey Asbille) e o filho dentro da reserva indígena. Os outros filhos do protagonista também são intrigantes, Wes Bentley interpreta Jamie, o advogado dos Dutton, que almeja ter uma carreira política e assim ser mais reconhecido por sua doação à família. Temos também a intrigante Beth (Kelly Reilly), peça importante nas batalhas políticas que o família se mete, uma mulher dura e ríspida que camufla um forte trauma emocional pela morte da mãe.


Sem tempo para conversas e resoluções na linha da paz, violentas cenas compõem as ações, onde traições e personagens ambíguos são figuras frequentes. Tudo fica mais interessante quando entendemos a origem das lutas pelas terras, nesse ponto nos apresentam cenários interpretativos, onde empresários buscam a guerra para terem posse de parte da terra da família. Há também o outro norte, a questão indígena, fato sempre recriado e trazido aos olhos para refletir, por meio desses conhecemos mais sobre sua cultura, ou o que sobrou dela, por conta do avanço do poder da terra repleto de amarras políticas caminhando em leis movidas a conveniência.


Yellowstone mete o dedo em feridas da história norte-americana, contorno dramas familiares potentes e personagens intrigantes. Um baita seriado, imperdível!


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Crítica do filme: 'Thor: Amor e Trovão'


O tempero cômico que passou do ponto. Fugindo da essência de um dos personagens mais queridos do Universo Cinematográfico da Marvel, o cineasta neo-zelandês Taika Waititi nos leva a uma jornada de pouca ação e muita comédia no decepcionante Thor: Amor e Trovão. Tinha tudo para ser a grande história do guerreiro nórdico nos cinemas, um baita vilão, poderosas ferramentas de guerra, tudo isso acaba sendo deixado de lado para um foco demasiado numa desconstrução do personagem. A veia cômica nessa fase que o protagonista está passando, se redescobrindo após emocionantes batalhas e perdas, acaba tomando conta do filme fato que pode deixar os fãs um pouco perdidos com as portas que se abrem nas suas conclusões.


Na trama, acompanhamos o nosso carismático herói Thor (Chris Hemsworth) que por conta de todas as escolhas que fez, situações que viveu, passa por uma fase de auto amadurecimento lutando pelas planetas com os Guardiões da Galáxias. Até certo dia, um chamado de socorro de uma amiga o chama a atenção e percebe que precisa retornar as suas origens para combater Gorr (Christian Bale), um ser que acaba virando um terrível assassino pelo universo portando a perigosa Necroespada a única arma que pode matar deuses. Só que muitas surpresas o encontrarão pelo caminho, uma delas uma nova Thor, já que o seu grande amor, a doutora Jane Foster (Natalie Portman) agora é a protetora do Mjölnir.


Vamos começar falando do que quase deu certo: o vilão. O aguardado Gorr de Christian Bale é um personagem intrigante, não assusta como deveria (por conta de tudo que se sabe sobre esse personagem) também está em uma jornada, só que de vingança contra tudo que acreditava, sua fé nos deuses e tudo que culminou na perda da sua filha. O personagem se desmancha no arco conclusivo com lacunas ainda em aberto, sem o público conhecer mais daquele misterioso personagem que tinha um grande poder em mãos através da poderosa Necroespada, utensílio que deixa Zeus e outros deuses de cabelo em pé.


Os caminhos do herói em sua recuperação de força e mente como um grande guerreiro tem várias etapas, que vão desde a amizade, passando pelo amor, até mesmo a caída de ficha que chega quando o perigo se torna algo muito próximo. Seus conflitos emocionais acabam não sendo profundos, colocando o protagonista sempre na visão do outro, como se seus problemas se resolvessem como consequência de um outro alguém.


Talvez o maior pecado do filme é romper as características dos personagens em troca do riso fácil deixando o carisma de lado por qualquer piada. Asgard, por exemplo, virou uma piada, um parque temático digno daqueles que existem nos Estados Unidos, onde a propaganda rola solta. O próprio Thor e sua jornada de entendimento dos sentimentos que o cercam acaba ficando jogado de um lado buscando a comédia para refletir sobre a amargura. Um personagem emblemático que poderia ser mais profundo acaba se torna comum, raso, dentro um roteiro que busca trazer novos elementos e esquece da sua essência de guerreiro.


Com uma poderosa trilha sonora, com clássicos conhecidos, Thor: Amor e Trovão acaba sendo apenas um filme ponte, aquela produção que antecede a um novo universo de possibilidades dentro de uma saga de filmes que começam a perder forças por escolhas equivocadas, jogando fora a essência de personagens marcantes nos quadrinhos e também das telonas.



 

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Crítica do filme: 'O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas'


O que você faria se o seu dia se repetisse toda vez que você acordasse? Essa pergunta você com certeza já se fez pensando em outras produções mas aqui em O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas o refletir consegue ser mais profundo, somos guiados em uma análise muito densa, emocionalmente e intelectualmente, onde somos testemunhas de uma forte desconstruções de dois personagens com lacunas na imaturidade e as respectivas visões que possuem de tudo que acontece ao seu redor. Baseado na obra homônima do romancista e crítico literário norte-americano Lev Grossman.


Na trama, conhecemos Mark (Kyle Allen), um jovem com problemas de comunicação com o pai, que vê a mãe muito pouco, afastado da irmã que possui apenas uma certeza: seguir em frente na tentativa de entrar em uma faculdade para cursar artes. A questão aqui é que ele está em Loop, em uma repetição infinita de um mesmo dia onde através dos mesmos passos busca entender a situação inusitada e seus porquês. Até que um dia, conhece Margaret (Kathryn Newton), um jovem que ama astronomia e que está na mesma situação que ele. Assim, essa dupla de descobridores sobre a essência da vida irá precisar reunir forças para combater todos os dramas e fortes emoções que virão pela frente, numa jornada de autodescoberta.


O Feitiço do Tempo, o recente Palm Springs, são alguns dos outros filmes que a princípio podem parecer semelhantes a esse projeto lançado em 2021 e disponível lá na Prime Video. A questão aqui é o forte foco no amadurecimento em dois personagens que vestem suas verdades na imaturidade onde acompanhamos um desabrochar para os dramas da vida, fato que chega até mesmo de forma precoce por conta da bolha inusitada que estão. Em O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas não é importante saber o porquê da questão física/existencial de como eles foram parar nesse espaço tempo nada contínuo, aqui o que importa são as diversas formas de aprender a romper as barreiras de limites emocionais da fase presente de suas vidas. O ingrediente do amor, um destino que se torna óbvio, aqui vira uma variável propulsora para o rompimento das amarras que deixavam esses corações mais tristes.


O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas busca a originalidade, escapa dos polêmicos caminhos da física para falar sobre crises existenciais na visão de duas almas que tem a oportunidade de aprender bastante sobre a vida.



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3 FILMAÇOS EUROPEUS QUE ESTÃO NOS STREAMINGS!

 


🔴 Juliana e Raphael Camacho 🍿

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Crítica do filme: 'Aos Nossos Filhos'


O desabafo em forma de verdades que precisam serem ditas. Dirigido por Maria de Medeiros, o longa-metragem caminha pelas linhas sempre cheias de conflitos sobre as relações familiares, aqui num recorte amplo e cheio de significado em embates entre mãe e filha. Por meio de subtramas que nos levam a mais reflexões vamos conhecendo várias partes de toda a carga emocional envolvida nessas personalidades cheias de medos, sonhos e pensamentos em conflitos. A maternidade em uma visão vinda de várias formas ganha variáveis emocionantes com verdades carregadas sendo expostas aos montes reproduzindo a força feminina por todos os lados. Há tempo também para trazer aos nossos olhos os desabafos emocionantes dos tempos de prisão na época da ditadura, que aqui acaba ganhando contornos profundos com a chegada na história de um jornalista que fora filho da parceira de Vera na prisão.


Na trama, conhecemos Vera (Marieta Severo), uma mulher recém divorciada que comanda uma ONG. Ela é mãe de Tânia (Laura Castro), uma mulher na casa dos 40 anos, casada Vanessa (Marta Nobrega) que tem o sonho de ter um filho com a companheira. Vera sofreu traumas enormes durante a ditadura, principalmente no período em que esteve presa. Ela não tem um bom relacionamento com a filha. Essa última passa por uma fase muito difícil, estudando para concurso e tendo que lidar com os conflitos no seu relacionamento, muitos desses provocados pelas tentativas de gravidez. Essas duas estradas acabam entrando em choques as levando para um caminho de questões que precisam serem debatidos.


A fortaleza e a fragilidade. Antagônicos dentro de uma mesma personalidade, esse duelo acaba sendo uma das importantes questões do filme, corre na força da narrativa alegórica, do escondido dentro de uma mensagem. Assim, chegamos nos dois paralelos como foco nesse trabalho. Um deles é o de Vera, uma mulher que sofrera os horrores da ditadura, época em que fora presa grávida deixando traumas na sua vida até hoje. O outro é o de Tânia, filha de Vera, que busca ter um filho com a esposa por meio de inseminação artificial enfrentando as dificuldades de todo esse processo. As duas personagens mal se falam, são distantes, fruto de um passado de brigas até mesmo dentro do confronto batido do conservadorismo contra o progressivo.


As subtramas são excelentes. O roteiro navega em vários temas que são diariamente discutidos na realidade, como a inseminação artificial, adoção, os traumas da ditadura no Brasil, preconceito, direitos humanos. Também, debates importantes sobre a questão do soro positivo (o HIV) ganham o caminho dos personagens. Um fato que chama a atenção e que abre mais um leque para reflexões é da violência urbana, na guerra que muitas cidades vivem. Muitas situações chaves na história acontecem durante tiroteios entre bandidos e traficantes.


Aos Nossos Filhos, baseado na peça teatral (que teve Maria de Medeiros como uma das protagonistas) escrita por Laura Castro, estreia nesse mês de julho nos cinemas, um filme que fala tão profundamente de tantas questões importantes que se torna um tocante retrato de muitas janelas abertas por aí.





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16/07/2022

Crítica do filme: 'A Felicidade das Pequenas Coisas'


Alguns dos super-heróis do cotidiano são mesmo os professores! Indicado ao Oscar na categoria de melhor longa-metragem estrangeiro representando o quase desconhecido país Butão, A Felicidade das Pequenas Coisas nos mostra a saga de um jovem professor e toda a transformação que acontece em sua vida após ser enviado para dar aulas em uma das escolas mais distantes do mundo. Escrito e dirigido pelo cineasta indiano Pawo Choyning Dorji, o longa-metragem emociona do início ao fim, entre outros refletires mostra ao público a força e a importância da educação.


Na trama, conhecemos o recém nomeado professor Ugyen Dorji (Sherab Dorji), um jovem que mora com sua avó e tem o sonho de seguir carreira na música e ir morar na Austrália. Ele é contratado do governo de Butão exercendo a função de professor e se vê sempre em desilusões nessa profissão. Certo dia é enviado para Lunana, um lugar distante do grande centro, onde para se chegar é preciso caminhar cerca de uma semana. Sem ter o que fazer, ele embarca para o lugar sem saber que lá passará por lições que nunca mais esquecerá em sua vida.


Xô nos confortos do ocidente! Mesmo todos sendo do mesmo país, há um choque cultural muito grande de quem vive nos grandes centros, caso do protagonista, em relação a quem mora nas regiões de alta altitude. Num início tudo é conflito mas a forma de ver o mundo muda bastante para o professor o fazendo entender a importância dos pequenos gestos, das pequenas coisas. Em relações as detalhadas sequências, vemos uma forte passagem sobre as tradições, a fé, o modo simples e objetivo de ver o mundo, o cotidiano com o básico dessa vila de menos de 100 habitantes que fica numa parte do Himalaia. Dentro desse choque cultural, há um diálogo simples mas que faz refletir muito sobre o descongelamento das montanhas do Himalaia por conta do aquecimento global.


A força da educação ganha contornos emocionantes quando pensamos no choque de realidade. Um vilarejo longe das constantes mudanças do mundo, da globalização, das atualizações diárias da tecnologia, possui uma escola sem quadro, sem materiais para o uso básico do aprendizado. Mas o saber, o conhecer, o ensinar, são para os criativos e para os que querem fazer acontecer algo importante e pode acontecer em qualquer lugar, só querer. Conforme vai percebendo o bem que fez aquela comunidade, o protagonista entra em uma auto análise sobre a própria vida, em meio a canções que aprende seus verdadeiros significados.


A Felicidade das Pequenas Coisas é uma pequena obra-prima que nos faz refletir sobre nossas próprias vidas, em tudo que temos e as vezes não damos valor.



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14/07/2022

Crítica do filme: 'O Bom Patrão'


O malabarismo do suposto equilíbrio. Vencedor do prêmio Goya de Melhor Filme em 2022 (uma espécie de Oscar da Espanha), El Buen Patrón fala sobre a relação entre patrões e empregados que aqui, quase didaticamente, acaba nos levando na direção da realidade, nessa sempre conflituosa relação. Aqui o ponto de vista é do patrão, um manipulador de ações e situações que acaba caindo em verdades do mundo, sendo muitas vezes o vilão da sua própria trajetória. Há outros vilões implícitos, o capitalismo por exemplo e suas formas de corroer. Dirigido e escrito pelo cineasta Fernando León de Aranoa o projeto é sarcástico na medida certa, o que culmina em momentos hilários mas sem deixar de gerar a reflexão. O filme marca uma das grandes atuações recentes na carreira do excelente ator Javier Bardem.


Na trama, conhecemos ao longo de uma semana a rotina de Blanco (Javier Bardem), o proprietário de uma empresa de fabricação de balanças industriais que nos próximos dias irá receber um famoso comitê para ganhar mais um prêmio. A questão é que justo nessa semana importante para seus objetivos, o caos reina em sua rotina pessoal e profissional. Um funcionário demitido acampa na frente da entrada da empresa, o poderoso patrão passa a se relacionar com a nova estagiária sem saber que ela é alguém que já conhecera, um funcionário antigo começa a causar problemas por conta da traição da esposa. Tudo aqui nesse filme pode ser visto como um grande crítica social com o subtópico nas éticas do mundo trabalhista.


Como resolver os diários conflitos? E quais são mesmo esses conflitos? Ao longo de uma semana na vida desse chefão de uma empresa, que fica em uma área industrial da Espanha, vamos acompanhando diversas situações que vão nos mostrando sua personalidade, seus inúmeros deslizes no campo moral e nas ações que influenciam a empresa. Esse homem que busca o carisma a todo instante, vindo de uma família que lhe deu toda a estrutura para seguir profissionalmente no lucrativo negócio criado por seu pai, faz de tudo e sem nenhum limite para conseguir o que quer. Podemos dizer que é um dos inúmeros mimados do capitalismo, que se apoia em brechas, situações controláveis, na teoria de que não há limites para o comando. Isso tudo e muito mais chega em alto e bom tom para quem quiser refletir ao longo de pouco menos de 120 minutos.


O filme mais indicado na história do Goya, com incríveis 20 indicações, nos apresenta também um ótimo paralelo com a questão do equilíbrio, já que na fabricação de uma balança e também na saúde de toda e qualquer empresa essa palavrinha mágica molda ações e reações. A parte moral desse curioso protagonista é jogada ao pensar a todo instante, e com uma interpretação brilhante, Javier Bardem mostra mais uma vez porque é um dos maiores artistas do universo do cinema. Só por ele já vale o ingresso!

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13/07/2022

Crítica do filme: 'A Garota da Foto'


O labirinto de maldade. Disponível no catálogo da Netflix, o chocante documentário A Garota da Foto nos apresenta descobertas surpreendentes da vida de uma jovem que nunca teve uma chance de ser feliz. Ao longo dos desconcertantes 101 minutos de projeção somos levados ao caos que ela vivia durante anos sem tempo de saber as verdades sobre sua própria história. Por meio de depoimentos dos investigadores e pessoas próximas à jovem, somos levados para uma rebobinada na trajetória dessa mulher que tem um passado tão triste quanto sua trágica morte. A direção é de Skye Borgman.  


Na trama, que no início se parece muito confusa por conta da quantidade de informações jogadas na tela, acompanhamos os desenrolares investigativos da morte de uma jovem mãe e o sequestro de seu único filho. Ao longo de muitos anos a Polícia tenta desvendar esse mistério que acaba levando os responsáveis pela investigação para o passado da mulher e sua relação com um homem que na verdade era um assassino procurado pela polícia levando essa história a chocantes revelações. Qual o verdadeiro nome da jovem? Quem era ela? Ela era casada? Fora sequestrada? O que de fato aconteceu com a criança sequestrada? Quem era o homem que vivia com ela? Há muitas perguntas que o projeto busca responder.


Nesse documentário investigativo, somos surpreendidos a todo instante com novas variáveis dessa história que abalou a todos que a conhecem. Isso aconteceu também com os envolvidos da parte investigativa, seja os policiais que não conseguiam chegar à conclusão de tudo, fato que marcou carreiras, até mesmo virou um livro de um jornalista que achara peças perdidas desse intenso quebra-cabeça e a partir disso achou-se outras partes da vida da jovem que ninguém sabia. Há uma certa crítica em relação as investigações e o alcance do poder da lei, mesmo que de maneira superficial. Como um homem procurado em muitos Estados conseguia trocar de nome facilmente e fazer barbaridades por onde andava durante anos? Chega a ser inacreditável!


A Garota da Foto, mesmo se tratando de uma história em volta de um fato triste que causa dor apresenta um desfecho de esperança para todos aqueles que conheceram essa história e ajudaram a encontrar as respostas perdidas.



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Crítica do filme: 'O Telefone Preto'


Quando o indescritível, até mesmo o misticismo, vira um paralelo com a realidade. Baseado em um conto homônimo do autor norte-americano Joe Hill (filho do grande Stephen King), O Telefone Preto nos faz embarcar em uma história chocante que liga o forte elo entre dois irmãos que sofrem com ambíguo pai à trajetória de loucura de um sequestrador de crianças. Ao longo dos eletrizantes 103 minutos de projeção, repleto de simbolismo, de interpretações sobre a fé, o público é conquistado do início ao fim nesse grande trabalho de Scott Derrickson, um cineasta para sempre termos em nossas listinhas de filmes. Consegue junções interessantes de seus personagens, alguns que caminham entre superficialidade com ações presente com uma profundidade no choque com a realidade. Foi assim, como O Exorcismo de Emily Rose e também em Doutor Estranho. O Telefone Preto é mais um senhor trabalho!


Na trama, conhecemos Finney (Mason Thames), um jovem de cerca de 13 anos que vive uma vida repleta de conflitos ao lado da irmã Gwen (Madeleine McGraw). Eles moram com o pai, o alcóolatra Terrence (Jeremy Davies), um homem conservador e muito rígido que está repleto de infelicidade em sua rotina. Finney sofre bullying na escola diariamente e possui o forte elo de carinho e afeto com a irmã como sendo um Oasis em meio ao caos de conflitos emocionais que atravessa. Na cidade onde moram, algumas crianças começam a desaparecer. Um dia, voltando da escola, Finney acaba sendo sequestrado por um homem em uma van repleta de balões pretos. Ele vai parar um porão onde tem apenas uma cama e um telefone preto, sem o fio. Conforme os dias vão passando, algo inusitado acontece, o telefone começa a tocar e Finney percebe que os outros jovens sequestrados pelo mesmo homem estão tentando ajudá-lo a sair daquela situação.


Vamos falar um pouco do marketing do filme para início da análise. Impressionante como os materiais divulgados conseguem prender a atenção e assim mesmo esconder essa história como um todo, colocando o vilão como uma mera peça no tabuleiro, como coadjuvante. Embarcamos nessa jornada com o foco no protagonista, um jovem que nos mostra a realidade de muitos, com o bullying presente na sua rotina, com um quebra-cabeça tumultuado em relação a família. Sua irmã é seu grande porto seguro, uma jovem que busca na fé explicações para questões do mundo algo que dentro do contexto se inclina para o misticismo, fato aqui importante pois corre em paralelo na trajetória dela e do irmão em dois focos distintos. Voltando a Finney, a construção desse personagem é brilhante, nos jogam elementos no início que serão compreendidos nos arcos conclusivos trazendo elos com a realidade.


Nesse suspense aterrorizante, muito por conta do lado psicológico fortemente embutido nos conflitos, o vilão se torna um elemento coadjuvante. Não há muita profundidade em relação aos seus porquês, mesmo assim nos prende a atenção nas ações presentes, esse que tem um arco construtivo também ligado a questão de irmãos. Ethan Hawke está muito bem no papel.


São tantas portas abertas para serem analisadas dentro de conclusões satisfatórias por conta dos argumentos apresentados que podemos afirmar que esse projeto é um dos grandes filmes de suspense de 2022. O Telefone Preto era muito aguardado e vai superar expectativas! Imperdível!



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Crítica do filme: 'Elvis'


Não consigo evitar me apaixonar. Um dos filmes mais aguardados de 2022 finalmente chega as salas de cinema de todo o Brasil, Elvis, novo blockbuster do experiente cineasta australiano de 59 anos Baz Luhrmann é uma jornada por muitas fases da vida do inesquecível cantor e por muitas estradas onde sua trajetória e conflitos encontra a do controverso empresário coronel Tom Parker. Ao longo de impactantes 169 minutos de projeção vamos acompanhando desde a infância, suas referências, seus amores, seus dramas e a carreira meteórica marcada por recordes nunca mais alcançados. No papel título, o ator californiano Austin Butler marca de vez sua carreira com uma interpretação de tirar o fôlego.

Na trama, cheia de recortes de notícias, muito por conta do circo midiático que tinha em cima de sua vida profissional e pessoal, acompanhamos as primeiras referências musicais em Memphis de um jovem que seria uma estrela, um ícone, da música mundial, Elvis Presley (Austin Butler). O encontro com Tom Parker (Tom Hanks, em desempenho também brilhante) indicaria uma relação conflituosa de muitos anos, onde inúmeros sucessos foram criados, shows inesquecíveis foram realizados e calorosos conflitos foram vistos. Em meio ao sucesso, dramas começam a contornar a carreira da estrela mundial, que viveu várias fases e pressões para mudar seu jeito de ser em um mundo repleto de preconceitos, segregação racial, onde Elvis se tornaria uma importante voz além da música.  


Mostrar em um filme de menos de três horas, conflitos, grande parte da carreira, ascensão, declínios, de uma lenda da cultura pop é algo muito difícil. Luhrmann acaba pegando um atalho interessante, transformando a figura de um ganancioso empresário como sendo o narrador, os olhos de uma trajetória que marcou o planeta e gera discussões até hoje. Na verdade o roteiro vira dois rios, que a princípio paralelos, se convergem, mostrando visões, pensares, sobre muitas questões. Num primeiro momento há um resgate dos primeiros passos da inesquecível voz do sul dos Estados Unidos, com grande influência da música feita pelos negros em uma época de preconceitos, onde até mesmo havia divisões em show entre brancos e negros. Em sequência, os dramas familiares, com o pai sendo preso e sendo uma pessoa de pouca confiança aos olhos de muitos, com o forte laço com sua mãe, ganham contornos durante toda a fita. O amor chega de maneira inesperada, dentro do arco narrativo que mostra a ida de Elvis à guerra, uma imposição de políticos que não se agradavam com o mexe e remexe alucinante de seus shows. A consolidação de sua importância como artista mundial chega de forma impactante o levando a conflitos com seu empresário e a todos que o limitavam nos palcos.


Na continuação das linhas finais do parágrafo anterior, chegamos no que posso afirmar ser o grande clímax desse projeto. Onde nos perguntamos e vemos respostas sobre: ‘Qual o papel do artista em relação ao mundo que o conhece?’ Essa discussão é feita até hoje e contorna muito do filme de Luhrmann. Elvis busca se impor a pressão de uma sociedade conservadora, onde quem comanda quer controlar, quer que o destaque se torne algo moldado dentro de um pensamento que interrompe os avanços que precisamos ter como seres humanos. Muitas vezes sozinho em seu pensar, entre um show e outro, se vê cercado por um empresário impostor que só quer lucrar com sua figura a qualquer preço. Nesse momento, quando cai a ficha, os poucos amigos que pode confiar, além de sua amada esposa Priscila, acabam ajudando. Uma ótima sequência mostrada no filme, a amizade com o grande BB King, o leva ao refletir sobre várias questões.


Perto dos 40 anos, o Rei do Rock and Roll chega ao seu limite, situações que o levaram a um quadro do qual nunca sairia, preso em contratos que nem sabia, viciado em remédios, sendo uma marionete nas mãos de um inescrupuloso empresário. Argumentos não faltam para nos fazer pensar sobre os responsáveis pela sua chegada a um labirinto sem saída.


Baz Luhrmann consegue o improvável, colocar mais ingredientes, resgatar sua forte personalidade, para tornar Elvis mais vivo do que nunca para toda uma nova geração que se pergunta a todo instante: qual o papel do artista em relação a tudo que acontece ao seu redor.


 

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11/07/2022

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Crítica do filme: 'Pluft - O Fantasminha'


Amizade e coragem, os aliados a favor do nosso sonhar. Baseado na peça teatral infantil da década de 50 escrita por Maria Clara Machado, Pluft, o Fantasminha nos leva a uma aventura voltada completamente ao público infantil, aborda a amizade como ponto de encontro entre uma jovem desse mundo e um fantasminha muito camarada. Nessa versão dirigida por Rosane Svartman, que estreia nos cinemas no dia 14 de julho, nomes importantes do nosso cinema, como Fabíula Nascimento e Juliano Cazarré, fazem parte do elenco, que também tem os atores Hugo Germano, Lucas Salles e o vencedor da última edição do Big Brother Brasil, o ator Arthur Aguiar. Esse é um dos primeiros trabalhos do cinema brasileiro voltado ao público infantil em 3D.


Filmado grande parte no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte, além de muitos efeitos especiais em São Paulo, Pluft, o Fantasminha nos apresenta a história da jovem estudante Maribel (Lola Belli), neta do famoso Capitão Bonança. Esse último deixou um tesouro que poucos sabem. O vilão Pirata Perna de Pau é um desses que sabe do tesouro, assim, em busca dessa descoberta, sequestra Maribel e a prende numa casa isolada perto do mar. Nessa casa, mora Pluft (Nicolas Cruz) e sua família de fantasmas que ajudarão Maribel a fugir das garras do terrível vilão. Embarcando em um grande aventura, eles também contarão com a ajuda dos amigos da protagonista, Sebastião (Arthur Aguiar), João (Lucas Salles) e Julião (Hugo Germano).


Dialogar por meio de um filme com o público infantil é sempre muito desafiador. Prender a atenção da criançada pode ser uma tarefa bem complicada. Por isso, Pluft, o Fantasminha em suas resoluções simplistas foca na sua essência, na sempre curiosa histórias sobre fantasmas. Há muita comédia, há aventura, cenas de ação, levando a fita de um pouco mais de 90 minutos de duração a um completo e rico entretenimento. Um fator interessante que pode ser um forte elo de interação com os pequeninos que assistirão a esse trabalho é a parte das músicas. Jingles vão encaixando em cenas, um background sonoro muito divertido (para toda a criançada cantar junto). Inclusive, a voz inigualável do músico Frejat faz parte da trilha sonora.


No projeto, há uma interessante busca criativa sobre como apresentar os personagens que precisam dos efeitos especiais. As filmagens foram feitas em uma piscina de treinamento de bombeiros localizada em São Paulo e podemos dizer que a experiência deu certo! Ficou muito legal! É sempre bom (e também nos deixa orgulhosos) ver o nosso cinema produzindo filmes tão bons tecnicamente, criativos inclusive.


Ao lado de gigantes blockbusters de outros países que semanalmente ocupam grande parte das salas de cinema de todo o Brasil, Pluft, o Fantasminha vai ganhar seu espaço e se você curte apresentar ao seu filhote um filme divertido que mostra de maneira bem simples o valor da amizade, não perca esse filme!



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06/07/2022

O DESTINO DE HAFFMAN | FILMAÇO FRANCÊS!

 


🔴 Juliana e Raphael Camacho 🍿

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