Perdoar e esquecer, ou, acordar e viver? Com um elenco de
experientes artistas, alguns deles músicos profissionais, chega aos cinemas o
primeiro longa dirigido pelo ator Dustin Hoffman, O Quarteto, baseado na
obra de Ronald Harwood. Com uma história que gira em torno da música, o filme
ultrapassa um pouco os clássicos 15 minutos iniciais, onde precisam conquistar
a atenção do público, deixando muitos espectadores não entendendo os objetivos
da trama. O responsável por isso é a fraca história que somente é salva pelos
ótimos personagens e seus intérpretes.
Em O Quarteto conhecemos um grupo de
músicos que moram no Lar dos músicos aposentados ao sul da Inglaterra e tem
suas rotinas modificadas com a chegada de uma velha amiga e da possibilidade de
uma apresentação que pode salvar o lugar em que vivem. O lugar escolhido para
as locações, o condado ao sul da Inglaterra chamado Buckinghamshire, é
belíssimo e Dustin Hoffman se aproveitou da natureza privilegiada do local para
capturar impressionantes imagens.
No ano de 1978, Dustin Hoffman começou a dirigir o filme Liberdade
Condicional mas depois de alguns dias decidiu que era uma tarefa árdua,
atuar e dirigir e assim pediu para o cineasta Ulu Grosbard assumir. Já em O
Quarteto (estimado em quase U$$ 9 milhões), o eterno
RainMan não aparece nem um minuto em cena, se dedicando integralmente à
direção. Entre uma canção e outra, o
filme se sustenta na bela trilha sonora de Dario Marianelli e nos diálogos
engraçados, muitos deles comandados pelo ator Billy Connolly e seu simpático Wilf
Bond.
Quando interpretavam Gilda, ou talvez Verdi, o mundo era um
grande palco de trabalho e reconhecimento. Por isso, o grande grupo de músicos
não aceita a chegada da terceira idade. É um filme que varia entre a comédia e
o drama. Circula pelo universo da terceira idade de maneira inocente e
agradável. Os personagens são muito bem escritos tendo como foco o grupo, em
vez de privilegiar um papel específico.
A homenagem aos artistas no final do filme é emocionante. As
palmas deveriam continuar até a última linha dos créditos finais. Mesmo com uma
história muito simples e pouco criativa as atuações conseguem divertir o
público. Passa de ano mas sem louvor.