O maior sentido para entendermos uma dor, acontece quando
ficam embaçadas as janelas da nossa alma. Baseado em fatos reais, o drama
investigativo Philomena é uma incrível e comovente história que nas mãos do
ótimo cineasta Stephen Frears (que dirigiu o excelente A Rainha) se torna leve,
divertido e com diálogos maravilhosos, essa última parte fruto do entrosamento
afiado entre os atores Steve Coogan e a vovó mais fofa do cinema, Sra. Judi
Dench. Irá lotar, merecidamente, todas as salas dos cinemas aqui no Brasil.
Na trama, seguimos os passos da simpática enfermeira
Philomena Lee (Judi Dench), uma senhora de idade avançada que por 50 anos
escondeu de todos ao seu redor que tinha sido separada de seu filho na época
que estava sob responsabilidade de rígidas irmãs e um convento. Quando sua vida
esbarra na de Martin Sixsmith (Steve Coogan), um jornalista deprimido e
desempregado, surge finalmente a chance de encontrar seu filho.
Nesse trabalho, que possui uma impactante atuação de Dench,
um dos pontos que mais chamam a atenção é o conflito entre a fé, a razão e a
religião que geram instantaneamente debates/embates e diálogos repletos de
argumentações pertinentes, até certo ponto extremistas, fazendo os personagens
se desenvolverem naturalmente tendo a plateia como testemunha. Nas
apresentações dos personagens, o filme que concorre ao Oscar em algumas
categorias, ganha o público para si que só deixa de estar conectado com a
história quando os créditos finais aparecem e lá conhecemos a verdadeira
Philomena Lee, na vida real.
As polêmicas contidas no filme são passadas ao público de
maneira leve, séria e divertida. Ocorre uma inversão interessante nesse
processo. Mais ou menos como aconteceu em Intocáveis, quando ao lermos a
sinopse pensávamos que íamos chorar o filme todo e ao longo da história nos
deliciamos com a alegria contida naquela busca de cura para a dor. O caminho
feito por Philomena é exatamente o mesmo.
Philomena é um drama recheado de carisma. É o tipo de filme que
você torce para não acabar. E, por mais que a história lembre tantas outras já
vistas no mundo do cinema (isso realmente é um fato a ser lembrado), a maneira
inteligente como é apresentada ao público dá personalidade própria e única ao
longa-metragem. O trabalho de direção executado por Frears é primoroso, cada
detalhe ganha um valor diferente para cada sequência. Por esses motivos e todos
os outros que encontrar, você não pode deixar de conferir essa história.
Inspira, mexe com nosso coração.