Um certo escritor paraibano escreveu uma vez: “O otimista é
um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso .” Pensando
em cima dessa linha de raciocínio, o novo e polêmico trabalho do cineasta
nova-iorquino Darren Aronofsky, Noé,
transforma um conto bíblico em uma experiência Mainstream repleta de
hiperbólicos efeitos especiais e um protagonista completamente descontrolado
que não consegue nos guiar com eficácia na construção dessa fábula moderna.
Na trama, acompanhamos o famoso Senhor Noé que vive bem
antigamente em um mundo devastado/dominado pelo pecado humano. Certo dia, o pai
de Ila (Emma Watson), Shem (Douglas Booth) e Ham (Logan Lerman) recebe uma
missão vinda diretamente de Deus que é a difícil tarefa de construir uma arca
para salvar a criação do dilúvio. Assim, lutando contra tudo e contra todos, o
implacável e intenso personagem principal fará de tudo para cumprir seu
objetivo.
A não definição do gênero do filme já mostrava o Pot-Pourri que
veríamos em cena. O roteiro, escrito pelo diretor e por Ari Handel, deixa muito
a desejar. A história em seu início é muito mal construída não dando as bases
para que o público possa entender todas as ações dos personagens que se perdem
por completo em muitas cenas. Do meio para frente, com a estabilidade do seu
protagonista, Noé ganha força em emoção, justamente quando começa a explorar as
relações de carinho, raiva e afeto entre os integrantes da família.
Aronofsky é conhecido por cinco belíssimos trabalhos no
cinema (Pi, O Lutador, Fonte da Vida,
Cisne Negro e Requiem para um Sonho), esses, que contaram com um orçamento
reduzido e onde a força do roteiro e direção sempre tiveram papel fundamental
para o êxito perante público e crítica. Com um orçamento de US$ 130 milhões nas
mãos para trabalhar Noé, Aronosfky
parece que se perdeu na hora de aplicar em efeitos especiais e escolher elenco.
Muita coisa dá errado ao mesmo tempo nesse projeto. Para citar apenas um
exemplo, as cenas de ação beiraram em uma mistura bizonha de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres e Gladiador.
Irritando o Vaticano e sendo banido em diversos países do
Oriente Médio, Noé segue conquistando
dinheiro ao redor do mundo, até o presente momento mais de US$ 180 milhões já
foram arrecadados no mundo todo. Como investimento de um grande estúdio, o
filme é um sucesso. Como cinema e para os que conhecem os outros trabalhos de
Aronofsky, o filme é um verdadeiro Titanic.