Você já viu um filme feito para não ser entendido? Chegou
aos cinemas brasileiros nesta última semana o esquisito longa-metragem de Paulo
Sacramento, RioCorrente. Mostrando o
cotidiano de três personagens peculiares cada qual no seu qual, o filme
persegue a curiosidade do espectador a todo instante criando arcos dramáticos
sem desenvolvimento no seu ponto de intercessão. O público se pergunta a toda
hora o porquê de não entender absolutamente nada do que o filme quer dizer.
Na trama, uma das mais loucas dos últimos anos quando
falamos de cinema nacional, conta a história de um homem desiludido e ex-ladrão
de carros chamado Carlos (Lee Taylor), um jornalista de prestígio chamado Marcelo
(Roberto Audio) e uma mulher chamada Renata (Simone Iliescu) que se relaciona
ao mesmo tempo com esses dois personagens citados. Ao longo dos dias, o
descontrole dos três vai chegando ao limite e o destino deles acaba se
aproximando mais ainda.
O projeto tem a ambição de ser incompreendido. Possui traços
de críticas sociais profundas mas muito mal elaboradas. A montagem e a edição
deste filme parecem ter sido feita às pressas, deixando a desejar no
desenvolvimento de suas personagens. Renata, por exemplo, o elo de intercessão
entre todos na história, não tem sua verdade descascada para o espectador
tornando o longa-metragem uma experiência chata e maçante.
Cinema experimental? Uma viagem absurda ao incompreensível? RioCorrente, por sua sinopse, possuía elementos
que poderiam gerar um filme bom mas tudo isso vira de ponta cabeça bem antes do
meio da história. É o tipo de filme que assusta o público. Com tantos títulos
brasileiros ótimos recentemente lançados no cinema (como: Gata Velha Ainda Mia e O
Lobo Atrás da Porta), esse trabalho de Paulo Sacramento chega como uma
ducha fria. Tentar ser David Lynch (o rei do incompreensível genial) não é o caminho.