Por que os lugares que tanto amamos já não existem mais? Puxando essa pergunta para o sempre conturbado circuito exibidor brasileiro, o curta-metragem paulista Cinema sem Teto, dirigido por Denise Szabo, busca colocar para debate a vida e a morte das salas de cinema – com o foco nos cinemas de rua da cidade de São Caetano. Exibido no primeiro dia da mostra competitiva do Comunicurtas 2025, com uma narração intimista, revelando sensações e pensamentos ligados a outros períodos de maior entusiasmo por esses lugares, o projeto aponta uma direção para reflexão, mas sua narrativa não atinge nem a superfície do tema, deixando de enriquecer debates sobre a questão.
A ideia é boa. Com duas cadeiras sendo colocadas próximas de
onde funcionaram salas de cinema que marcaram gerações, vamos acompanhando um
tour por experiências pessoais que tentam circular entre as incertezas e o ato
de resistir. Esse assunto é muito amplo, e os porquês acabam se diluindo em
forma de desabafo, mas sem o recheio necessário para alcançar questões mais
profundas – colocar o dedo na ferida mesmo.
Nessa mistura entre registro e entretenimento – aqui mais
próxima da camada de envolvimento emocional – alcançamos nossas primeiras
memórias numa sala de cinema, talvez um paralelo que a obra queria atingir. Contudo,
a problemática em torno desses fechamentos e da modernização da tecnologia audiovisual
– especialmente a chegada dos streamings –,
assim como os modelos de negócios, acabam ficando escanteados, deixando
complementos para interpretações individuais de cada um de nós.
